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[pt] O GESTO PARALINGUÍSTICO COMO REFORÇO PRAGMÁTICO NA AQUISIÇÃO DE PRONOMES / [en] PARALINGUISTIC GESTURE AS PRAGMATIC REINFORCEMENT IN PRONOUN ACQUISITIONCAMILA VASCONCELOS SAMPAIO 24 April 2023 (has links)
[pt] Investigações, em diferentes línguas, demonstram que crianças em aquisição apresentam
dificuldades no estabelecimento de correferência com pronomes dêiticos, refletindo
possível atraso na aquisição de princípios da pragmática que regulam referência
pronominal (Chien e Wexler, 1990, 2009; Grolla, 2005). Pesquisas recentes sugerem que
gestos paralinguísticos (ie., gesto co-fala) podem funcionar como reforço pragmático,
realçando aspectos implícitos do significado (Schlenker, 2018). Na presente pesquisa,
investiga-se se, na aquisição do português brasileiro, gestos co-fala aliviam dificuldades
de correferência pronominal, com violação de Principio B. Foram realizados dois estudos
experimentais de julgamento de valor de verdade com crianças em processo de aquisição
(grupo alvo – 10 participantes) e adultos(grupo controle – 10 participantes). Os estímulos
experimentais foram compostos por sentenças coordenadas, apresentadas oralmente, com
pronome (nulo ou pleno) na posição de objeto da segunda oração e dois possíveis
antecedentes: um na posição de sujeito da segunda oração (antecedente local) e outro na
posição de objeto da primeira oração (antecedente não-local). No primeiro experimento,
não houve acoplagem de gesto, tanto pronomes quanto antecedentes foram apresentados
sem acompanhamento de gesto. No segundo experimento, manipulou-se acoplagem de
gesto, os pronomes e possíveis antecedentes foram acompanhados de apontamento
manual para localização-espacial do referente (loci-espacial). Os resultados obtidos
indicam que: (a) em contextos estruturais envolvendo pronome nulo, não há diferença
significativa entre os grupos alvo e controle, ambos rejeitam correfêrencia local – sem
violação do Princípio B; (b) em contextos estruturais envolvendo pronome pleno, há
diferença significativa entre os grupos alvo e controle, com maior aceitação de
correfêrencia local no grupo alvo - violação do Princípio B. No entanto, no segundo
experimento, não houve diferença significativa entre os dois grupos. Concluímos,
portanto, que, durante a aquisição, o gesto co-fala de loci-espacial é computado durante
a construção da correferência pronominal, neutralizando leitura de correferência com
antecedente local. / [en] Researches in different languages show that children in acquisition have difficulties in
establishing coreference with deictic pronouns, reflecting a possible delay in the
acquisition of pragmatic principles that constraint pronominal reference (Chien and
Wexler, 1990, 2009; Grolla, 2006). Recent research suggests that co-speech gestures can
function as pragmatic reinforcement, reinforcing implicit aspects of meaning (Schlenker,
2018). In the present research, it is investigated whether, in the acquisition of Brazilian
Portuguese, these gestures alleviate difficulties of pronominal coreference, violation of
Principle B. Two experimental studies, truth value judgment tasks, were carried out with
children (target group – 10 participants) and adults (control group – 10 participants). In
both experiments, the experimental stimuli were composed of coordinated sentences,
presented orally, with the target pronoun (null or full) in the second clause object position
and two possible antecedents: one in the second clause subject position (local antecedent)
and the other in the first clause object position (non-local antecedent). In the first
experiment, there was no co-speech gesture, both pronouns and antecedents were
presented orally only. In the second experiment, co-speech gestures (manual pointing for
spatial location of the referent (spatial-loci) were added to pronouns and possible
antecedents were accompanie. Obtained results indicate that: (a) in structural contexts
involving null pronouns, there is no significant difference between target and control
groups, both reject local coreference – without violating Principle B; (b) in structural
contexts involving full pronouns, there was a significant difference between the target
and control groups, with greater acceptance of local coreference in the target group -
violation of Principle B. However, in the second experiment, there was no significant
difference between the two groups. We conclude, therefore, that, during acquisition, the
co-speech gestures of spatial-loci is computed in pronominal coreference, neutralizing
readings with coreference with local antecedents.
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