O tema central desta Tese é a problematização dos modos de circulação da palavra na escola. Para tanto, a pesquisa fundamenta-se teoricamente na Psicanálise freudo-lacaniana, basicamente afirmando que a palavra é a revelação do sujeito, o meio por excelência de este ser reconhecido. As questões que o sujeito se faz e, ao mesmo tempo, endereça ao Outro: “Quem sou? O que desejo? O que me move?” atrela-se à pergunta “O que o Outro quer de mim?”, pois o sujeito deposita nesse Outro sua verdade e o constitui como um lugar de suposto saber sobre ele, saber desconhecido de nós mesmos. Essa interrogação endereçada ao Outro marca um enigma e uma falta, já que aponta para incompletude, inclusive, desse Outro. Ao mesmo tempo em que é o Outro que permite a função simbólica e apóia o sujeito, oferecendo um fundamento aos seus discursos e uma nomeação, também é essa falta do Outro que abre a possibilidade de uma certa liberdade do sujeito, num eterno deslizamento entre significantes, sem nenhuma garantia e sempre na busca pelo seu ser no desejo – e na falta – do Outro, numa impossibilidade de encontro e, também, numa permanência de movimento. Com tal referencial teórico de base, investigamos nesta pesquisa de que modo se configuram os espaços e as experiências na escola, quanto à circulação da palavra e à própria “tomada” da palavra, no sentido de propiciar o advento do sujeito e a construção de uma experiência coletiva. Partimos do pressuposto de que a escola se constitui como um espaço social fundamental, no qual circulam diferentes formas assumidas pelo discurso social contemporâneo. Nossas indagações referem-se, também, às formas pelas quais estaria se dando a circulação dos discursos vigentes, nesse espaço específico. Os dados foram coletados em situação de trabalho, no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no qual atuei como orientadora escolar das séries iniciais, nos anos de 2008 e 2009. Para a análise dos dados, centrei minha atenção a respeito daquilo que experienciei – a partir do que vi ou ouvi e a partir do circuito de transferência que se criou entre mim, as crianças e os professores. Para tanto, valho-me dos conceitos freudo-lacanianos, e narro histórias que colocam a “palavra em movimento”, em experiência, de forma a produzir uma possibilidade de reflexão em torno das práticas escolares e do lugar do sujeito. Por fim, elaboro novos questionamentos, buscando problematizar tanto as minhas certezas como diferentes enunciados do senso comum, a respeito da criança em situação escolar. Para além de afirmar verdades e conclusões, acrescento ao final, outros pontos de interrogação. E, a partir da dúvida, sugiro o instigante caminho do movimento permanente, na procura de outras possibilidades de trabalho com crianças em idade escolar. / The central theme of this thesis is the problematization of modes of circulation of the word in school. To this purpose, the research is theoretically based on the Freudian- Lacanian psychoanalysis, basically affirming that the word is the revelation of the subject, the means par excellence for his recognition. The questions that the subject asks himself and, at the same time, addresses to the Other: "Who am I? What do I want? What makes me function?" are connected to the question "What does the Other want from me?", for the subject deposits his truth in the Other and constitutes it a place of supposed knowledge about himself, a knowledge unknown to ourselves. This question addressed to the Other exposes an enigma and a lack, as it refers to incompleteness, including that in the Other. While it is the Other that yields the symbolic function and supports the subject, offering a foundation for his speeches and a nomination, it is also this lack in the Other that opens the possibility of a certain liberty of the subject, in a perpetual shifting among signifiers with no guarantees and always in search for his being in the Other’s desire - and lack, in an impossibility of encounter and also in a permanence of movement. With this theoretical base, this research investigated how the spaces and experiences in school are configured, regarding the circulation of the word and the assumption of the word, in order to promote the advent of the subject and the construction of a collective experience. We presuppose that the school is a fundamental social space in which different forms created by the contemporary social discourse circulate. Our questions also refer to the ways the existing discourses circulate, in this specific space. The data were collected at the Colégio de Aplicação school of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), in which I worked as school counselor for the early grades, in the years 2008 and 2009. In respect to data analysis, I focused my attention on what I experienced – what I saw or heard and the transference circuit created among the children, the teachers and me. For that, I utilize Freudian-Lacanian concepts, and I narrate stories that put the word “in movement”, in experience, in order to produce a possibility of reflection on the school practices and the role of the subject. Finally, I formulate new questionings, seeking to problematize both my certainties and different common sense statements regarding the child in the school situation. In addition to asserting truths and conclusions, I present other question marks, in the end. And, stemming from doubt, I suggest the intriguing path of constant movement in search of other opportunities to work with school-age children.

O tema central desta Tese é a problematização dos modos de circulação da palavra na escola. Para tanto, a pesquisa fundamenta-se teoricamente na Psicanálise freudo-lacaniana, basicamente afirmando que a palavra é a revelação do sujeito, o meio por excelência de este ser reconhecido. As questões que o sujeito se faz e, ao mesmo tempo, endereça ao Outro: “Quem sou? O que desejo? O que me move?” atrela-se à pergunta “O que o Outro quer de mim?”, pois o sujeito deposita nesse Outro sua verdade e o constitui como um lugar de suposto saber sobre ele, saber desconhecido de nós mesmos. Essa interrogação endereçada ao Outro marca um enigma e uma falta, já que aponta para incompletude, inclusive, desse Outro. Ao mesmo tempo em que é o Outro que permite a função simbólica e apóia o sujeito, oferecendo um fundamento aos seus discursos e uma nomeação, também é essa falta do Outro que abre a possibilidade de uma certa liberdade do sujeito, num eterno deslizamento entre significantes, sem nenhuma garantia e sempre na busca pelo seu ser no desejo – e na falta – do Outro, numa impossibilidade de encontro e, também, numa permanência de movimento. Com tal referencial teórico de base, investigamos nesta pesquisa de que modo se configuram os espaços e as experiências na escola, quanto à circulação da palavra e à própria “tomada” da palavra, no sentido de propiciar o advento do sujeito e a construção de uma experiência coletiva. Partimos do pressuposto de que a escola se constitui como um espaço social fundamental, no qual circulam diferentes formas assumidas pelo discurso social contemporâneo. Nossas indagações referem-se, também, às formas pelas quais estaria se dando a circulação dos discursos vigentes, nesse espaço específico. Os dados foram coletados em situação de trabalho, no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no qual atuei como orientadora escolar das séries iniciais, nos anos de 2008 e 2009. Para a análise dos dados, centrei minha atenção a respeito daquilo que experienciei – a partir do que vi ou ouvi e a partir do circuito de transferência que se criou entre mim, as crianças e os professores. Para tanto, valho-me dos conceitos freudo-lacanianos, e narro histórias que colocam a “palavra em movimento”, em experiência, de forma a produzir uma possibilidade de reflexão em torno das práticas escolares e do lugar do sujeito. Por fim, elaboro novos questionamentos, buscando problematizar tanto as minhas certezas como diferentes enunciados do senso comum, a respeito da criança em situação escolar. Para além de afirmar verdades e conclusões, acrescento ao final, outros pontos de interrogação. E, a partir da dúvida, sugiro o instigante caminho do movimento permanente, na procura de outras possibilidades de trabalho com crianças em idade escolar. / The central theme of this thesis is the problematization of modes of circulation of the word in school. To this purpose, the research is theoretically based on the Freudian- Lacanian psychoanalysis, basically affirming that the word is the revelation of the subject, the means par excellence for his recognition. The questions that the subject asks himself and, at the same time, addresses to the Other: "Who am I? What do I want? What makes me function?" are connected to the question "What does the Other want from me?", for the subject deposits his truth in the Other and constitutes it a place of supposed knowledge about himself, a knowledge unknown to ourselves. This question addressed to the Other exposes an enigma and a lack, as it refers to incompleteness, including that in the Other. While it is the Other that yields the symbolic function and supports the subject, offering a foundation for his speeches and a nomination, it is also this lack in the Other that opens the possibility of a certain liberty of the subject, in a perpetual shifting among signifiers with no guarantees and always in search for his being in the Other’s desire - and lack, in an impossibility of encounter and also in a permanence of movement. With this theoretical base, this research investigated how the spaces and experiences in school are configured, regarding the circulation of the word and the assumption of the word, in order to promote the advent of the subject and the construction of a collective experience. We presuppose that the school is a fundamental social space in which different forms created by the contemporary social discourse circulate. Our questions also refer to the ways the existing discourses circulate, in this specific space. The data were collected at the Colégio de Aplicação school of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), in which I worked as school counselor for the early grades, in the years 2008 and 2009. In respect to data analysis, I focused my attention on what I experienced – what I saw or heard and the transference circuit created among the children, the teachers and me. For that, I utilize Freudian-Lacanian concepts, and I narrate stories that put the word “in movement”, in experience, in order to produce a possibility of reflection on the school practices and the role of the subject. Finally, I formulate new questionings, seeking to problematize both my certainties and different common sense statements regarding the child in the school situation. In addition to asserting truths and conclusions, I present other question marks, in the end. And, stemming from doubt, I suggest the intriguing path of constant movement in search of other opportunities to work with school-age children.

O tema central desta Tese é a problematização dos modos de circulação da palavra na escola. Para tanto, a pesquisa fundamenta-se teoricamente na Psicanálise freudo-lacaniana, basicamente afirmando que a palavra é a revelação do sujeito, o meio por excelência de este ser reconhecido. As questões que o sujeito se faz e, ao mesmo tempo, endereça ao Outro: “Quem sou? O que desejo? O que me move?” atrela-se à pergunta “O que o Outro quer de mim?”, pois o sujeito deposita nesse Outro sua verdade e o constitui como um lugar de suposto saber sobre ele, saber desconhecido de nós mesmos. Essa interrogação endereçada ao Outro marca um enigma e uma falta, já que aponta para incompletude, inclusive, desse Outro. Ao mesmo tempo em que é o Outro que permite a função simbólica e apóia o sujeito, oferecendo um fundamento aos seus discursos e uma nomeação, também é essa falta do Outro que abre a possibilidade de uma certa liberdade do sujeito, num eterno deslizamento entre significantes, sem nenhuma garantia e sempre na busca pelo seu ser no desejo – e na falta – do Outro, numa impossibilidade de encontro e, também, numa permanência de movimento. Com tal referencial teórico de base, investigamos nesta pesquisa de que modo se configuram os espaços e as experiências na escola, quanto à circulação da palavra e à própria “tomada” da palavra, no sentido de propiciar o advento do sujeito e a construção de uma experiência coletiva. Partimos do pressuposto de que a escola se constitui como um espaço social fundamental, no qual circulam diferentes formas assumidas pelo discurso social contemporâneo. Nossas indagações referem-se, também, às formas pelas quais estaria se dando a circulação dos discursos vigentes, nesse espaço específico. Os dados foram coletados em situação de trabalho, no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no qual atuei como orientadora escolar das séries iniciais, nos anos de 2008 e 2009. Para a análise dos dados, centrei minha atenção a respeito daquilo que experienciei – a partir do que vi ou ouvi e a partir do circuito de transferência que se criou entre mim, as crianças e os professores. Para tanto, valho-me dos conceitos freudo-lacanianos, e narro histórias que colocam a “palavra em movimento”, em experiência, de forma a produzir uma possibilidade de reflexão em torno das práticas escolares e do lugar do sujeito. Por fim, elaboro novos questionamentos, buscando problematizar tanto as minhas certezas como diferentes enunciados do senso comum, a respeito da criança em situação escolar. Para além de afirmar verdades e conclusões, acrescento ao final, outros pontos de interrogação. E, a partir da dúvida, sugiro o instigante caminho do movimento permanente, na procura de outras possibilidades de trabalho com crianças em idade escolar. / The central theme of this thesis is the problematization of modes of circulation of the word in school. To this purpose, the research is theoretically based on the Freudian- Lacanian psychoanalysis, basically affirming that the word is the revelation of the subject, the means par excellence for his recognition. The questions that the subject asks himself and, at the same time, addresses to the Other: "Who am I? What do I want? What makes me function?" are connected to the question "What does the Other want from me?", for the subject deposits his truth in the Other and constitutes it a place of supposed knowledge about himself, a knowledge unknown to ourselves. This question addressed to the Other exposes an enigma and a lack, as it refers to incompleteness, including that in the Other. While it is the Other that yields the symbolic function and supports the subject, offering a foundation for his speeches and a nomination, it is also this lack in the Other that opens the possibility of a certain liberty of the subject, in a perpetual shifting among signifiers with no guarantees and always in search for his being in the Other’s desire - and lack, in an impossibility of encounter and also in a permanence of movement. With this theoretical base, this research investigated how the spaces and experiences in school are configured, regarding the circulation of the word and the assumption of the word, in order to promote the advent of the subject and the construction of a collective experience. We presuppose that the school is a fundamental social space in which different forms created by the contemporary social discourse circulate. Our questions also refer to the ways the existing discourses circulate, in this specific space. The data were collected at the Colégio de Aplicação school of the Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS), in which I worked as school counselor for the early grades, in the years 2008 and 2009. In respect to data analysis, I focused my attention on what I experienced – what I saw or heard and the transference circuit created among the children, the teachers and me. For that, I utilize Freudian-Lacanian concepts, and I narrate stories that put the word “in movement”, in experience, in order to produce a possibility of reflection on the school practices and the role of the subject. Finally, I formulate new questionings, seeking to problematize both my certainties and different common sense statements regarding the child in the school situation. In addition to asserting truths and conclusions, I present other question marks, in the end. And, stemming from doubt, I suggest the intriguing path of constant movement in search of other opportunities to work with school-age children.