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Ai, como eu sou bandida A análise discursiva crítica sobre a construção identitária da personagem transexual Valéria Vasques, no programa de televisão Zorra Total, da Rede Globo / Ai, como eu sou bandida A critical discourse analysis on the identity construction of the transsexual character Valéria Vasques, in the television program Zorra Total, of the Rede Globo

Gomes, Renan Araújo 19 March 2013 (has links)
Made available in DSpace on 2015-03-26T13:44:30Z (GMT). No. of bitstreams: 1 texto completo.pdf: 2823661 bytes, checksum: 4fa570db58c7b736a629555572aa1fe1 (MD5) Previous issue date: 2013-03-19 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / The transsexuality could be defined as the space of the uninhabitable, where those who live such an experience would be closed, materialized as abject beings. It reveals itself an identity crisis within the limits engendered by heterosexual matrix that operates through discursive technologies, on the docilization of human bodies. This makes clear the discourse as a political and ideological invested practice, understood in a dialectical relation with society, especially regarding to the constitution of identities. Therefore, the objective of this research was to analyze critically the discursive construction of identity of the character Valeria Vasques on the television program Zorra Total, in order to problematize how transsexuals are represented by media, specifically in a comedy program. For that, based on theoretical and methodological framework proposed by ADC and Social Semiotics, we conducted a genealogical tour of critics and reflection on the skits of Valeria and Janete, with the purpose of revealing which discourse relations are articulated in the design of the character. In respect to the different ways in which identities can be represented, and, taking into account that they may change over time, we gathered our corpus based on the year 2011, the period of rise and consolidation of character, mindful of the different modes of representation as film, image and verbal language. The analysis allowed us to understand the representation of different performativities of women in a specific relation based on an hegemonic perception of gender, sex and desire. Valéria and Janete emerge like a buffoon characters, as the expression of subversion, constituting theirselves as women within an heterosexist and classicist culture. Seeing her transsexual nature, Valéria identifies herself as a kind of a woman, but, on transgression of compulsory heterosexual practices. This condition is reinforced by her attribute bandida, in search for political visibility from the idiosyncrasies that confer to her the human status, and her own expression of beauty. / A transexualidade constitui o espaço definido como o inabitável, onde aqueles que vivenciam tal experiência estariam encerrados, materializados como seres abjetos. Eis que se revela uma crise de identidade, nos limites engendrados pela matriz heterossexual, cuja economia opera por meio de tecnologias discursivas, na docilização dos corpos humanos. Isso torna evidente o discurso enquanto prática política e ideologicamente investida, compreendido sob relação dialética com a sociedade, inclusive no concernente à constituição de identidades. A partir disso, o objetivo desta pesquisa foi analisar discursiva-criticamente a construção identitária da personagem Valéria Vasques, no programa de televisão Zorra Total, a fim de problematizarmos a representação midiática da transexualidade, em se tratando de um programa de humor. Para isso, com base nas orientações teórico-metodológicas, propostas pela ADC e pela Semiótica Social, conduzimos um percurso genealógico de crítica e reflexão sobre esses esquetes, a fim de desvelar quais relações discursivas estão articuladas na concepção de Valéria. Com respeito aos diferentes recursos pelos quais as identidades podem ser representadas, e, levando em consideração a possibilidade de mudança ao longo do tempo, reunimos nosso corpus, atentos aos diferentes modos de representação, tele-fílmica, imagética e verbal, com base no ano de 2011, período de surgimento e consolidação da personagem. A análise permitiu compreendermos a representação de performatividades relativas às outridades femininas, em um campo de relações marcado por dada concepção hegemônica de gênero, sexo e desejo. Caracteristicamente bufônicas, Valéria e Janete emergem como a própria expressão da subversão, constituindo-se mulheres no seio de uma cultura heterossexista e classicista. Valéria, em sua natureza transexual, identifica-se como mulher na transgressão de práticas hétero compulsórias, condição esta reforçada pelo atributo bandida, na busca por visibilidade política a partir das idiossincrasias que lhe conferem o status humano, e de sua própria expressão de beleza.

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