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O autismo como invenção da psicopatologia moderna / The autism like invention of modern psychopathology

Andrade, Luciana Carla Lopes de 25 March 2014 (has links)
This study aimed to investigate how autism was invented by Psychiatry, from studies of modern psychopathology. In order to achieve this, we did a reading on the paradigms of modern Psychiatry, proposed by Lantéri - Laura, who served as introductory material for the study of the historical and epistemological construction of autism. The present study shows autism initially referred to as a symptom of schizophrenia by psychiatrist Eugen Bleuler, coming from the idea that the autistic manifestation was characterized by the behavior of extreme isolation from affective and social life. Subsequently, it was named as an autistic disturbance of affective contact, through the publication in English of an article by Leo Kanner entitled Autistic disturbances of affective contact. A hypothesis is sustained that, by being treated as a disorder, autism had no symptomatology, no etiology and no specific treatment, therefore it could not be classified as a disease. Currently, with the name of autism spectrum disorder, autism is a deviation from the behavioral patterns which is linked to a neurological disability as a root cause. However, without a clear etiology, we do not know what the real cause for the constitution of autism is. Therefore, this is a field of study and research in various areas of human knowledge, especially in Psychiatry and Psychoanalysis. Through psychoanalytic reading of Freud and Lacan, we suggest that autism shows a failure in the establishment of the mirror stage, in regards of two subjective operations: alienation and separation. During the period of constitution of the subject in the baby, what fails in autism is the process of alienation in the field of the Other, the field of the language. Without going through the alienation, the baby faces separation without even having gone through autoerotic contact with itself and through the libidinal investment by the other. That is why the gaze of the Other is like a destructive agent for the so called autistic child, because the other person, representing the language for the child, is considered like a totally foreign body, causing suffering when it is placed in contact with this other. We observed that Lacanian psychoanalysis assumes that there is a chance of constituting a subject in autism, because it is perceived that the libidinal investment can be recognized, which suggests the idea of a preexistence of language, of the Other, in the so-called autistic child. / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / O estudo realizado teve por objetivo investigar como o autismo foi inventado pela psiquiatria, a partir dos estudos da psicopatologia moderna. Para isso, fez-se a leitura dos paradigmas da psiquiatria moderna, proposto por Lantéri-Laura, que serviu como material introdutório para o estudo da construção histórica e epistemológica do autismo. A presente pesquisa mostra o autismo nomeado, inicialmente, como sintoma da esquizofrenia, pelo psiquiatra Eugen Bleuler, partindo da ideia de que a manisfestação autística era caracterizada pelo comportamento de isolamento extremo da vida afetiva e social. Posteriormente, virou distúrbio autístico de contato afetivo, através da publicação em inglês do artigo de Leo Kanner, intitulado Autistic disturbances of affective contact. Sustenta-se a hipótese de que, por ser tratado como distúrbio, o autismo não tinha uma semiologia, uma etiologia e um tratamento específico, não podendo, assim, ser classificado como doença.. Atualmente, com o nome de transtorno do espectro autista, o autismo é um desvio dos padrões comportamentais cuja causa está ligada a uma deficiência neurológica. No entanto, sem uma etiologia definida, não sabemos qual a verdadeira causa para a constituição do autismo, sendo tema de estudo de várias áreas do conhecimento humano, especialmente da psiquiatria e da psicanálise. Através da leitura psicanalítica de Freud e Lacan, sugerimos pensar que a posição ocupada pelo autismo é a falha na instauração do estádio do espelho, diante das duas operações subjetivas: a alienação e a separação. No tempo de constituição do sujeito no bebê, o que fracassa no autismo é o processo de alienação no campo do Outro, da linguagem. Sem a passagem pela alienação, o bebê depara-se com a separação sem nem ao menos passar pelo contato autoerótico consigo mesmo e pelo investimento libidinal através do outro. Por isso, o olhar do Outro é como um agente destruidor para a criança dita autista, pois a outra pessoa, representante da inserção da linguagem na criança é considerada um corpo totalmente estranho, causando-lhe sofrimento quando colocada no contato com esse outro. Pudemos constatar que a psicanálise lacaniana pressupõe a chance de constituir um sujeito no autismo, pois é percebido que o investimento libidinal é possível de ser reconhecido, o que nos sugere a ideia da pré-existência da linguagem, ou seja, do grande Outro na criança dita autista.

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