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Biodiversidade e interações positivas em moitas de restingaSilva, Fabiana Oliveira January 2012 (has links)
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TESE_Silva FO_ 02 03 12.pdf: 4002362 bytes, checksum: 4955067979cfb364d976b5f9169a9a3b (MD5) / Capes / Muitos estudos desenvolvidos nas últimas décadas demonstram a importância da
diversidade biológica na manutenção de interações ecológicas e processos ecossistêmicos fundamentais em diferentes escalas espaciais. Em escala local, alteração nos padrões locais de diversidade de espécies pode alterar a probabilidade de ocorrência de interações positivas, as quais são determinantes da estrutura das comunidades em ambientes estressantes.
A conservação da diversidade biológica em ecossistemas tropicais é um desafio, diante
do ainda grande desconhecimento dos padrões e acelerada perda de área nativa. A restinga
constitui um exemplo, onde muitas questões ecológicas permanecem pouco entendidas, especialmente no que se refere as relações entre padrões locais de biodiversidade,
heterogeneidade de recurso e interações facilitadoras. Assim, o papel funcional de muitas espécies permanece subestimado ou desconhecido, bem como o potencial das interações facilitadoras na geração e manutenção da biodiversidade.
A restinga é adequada ao teste de hipóteses envolvendo interações interespecíficas
positivas, sendo a facilitação apontada em estudos precedentes como relevante na estruturação e manutenção de padrões locais de diversidade. Assim, visando investigar a relação entre biodiversidade (riqueza/características funcionais) e facilitação escolhemos como cenário um
remanecente de restinga costeira, localizado dentro da Área de Proteção Ambiental das
Lagoas e Dunas do Abaeté. A pergunta central é qual o mecanismo pelo qual a biodiversidade
favorece a coexistência em moitas? Uma das hipóteses é que a diversidade (riqueza de
espécies, diversidade de características funcionais) em moitas aumenta as chances de
estabelecimento de interações positivas entre as espécies. Com esse estudo pretendemos gerar um conjunto de informações que permitam relacionar os padrões locais de diversidade da comunidade vegetal em moitas com processos ecológicos locais. Mais especificamente buscamos avaliar a participação de interações facilitadoras entre plantas e os mecanismos envolvidos. Com estes propósitos em mente, organizamos a tese em quatro capítulos independentes. As questões abordadas em cada capítulo geram informações que subsidiam os capítulos subseqüentes.
Inicialmente, no capitulo 1, descrevemos o contexto ambiental e a estrutura da
comunidade em moitas. Assim, visando contribuir para o conhecimento dos padrões locais de diversidade, este estudo apresenta (1) a lista de espécies vegetais atualizada para a área da APA do Abaeté com base nos registros de herbário; (2) descreve a comunidade vegetal em moitas utilizando parâmetros de estrutura (riqueza, formas de vida, cobertura e distribuição vertical); (3) analisa a relação entre o número de espécies nas moitas com medidas de cobertura, isolamento e área de borda das moitas; e (4) investiga a existência de associação espacial entre fanerófitas abundantes localmente, visando identificar espécies potencialmente facilitadoras. Este estudo foi submetido a publicação pela revista Biota Neotropica, por isso está organizada segundo as normas do referido periódico.
No capítulo 2 realizamos uma revisão do estado da arte do conhecimento sobre os
estudos de facilitação, destacando a facilitação indireta via polinizadores A ênfase neste tipo de facilitação indireta diferencia esta revisão das anteriores, as quais enfocam facilitação direta. Assim, nesta revisão analisamos a literatura sobre facilitação direta e facilitação indireta via atração mutua de polinizadores em comunidades terrestres visando: quantificar
temporalmente os trabalhos sobre facilitação via polinizadores em comunidades e detectar as lacunas do conhecimento sobre este tema. Este capítulo está organizado de acordo com as normas de publicação da revista AoB Plants.
Os dois capítulos subsequentes investigam possíveis mecanismos pelos quais a
diversidade em moitas (riqueza de espécies vegetais) influencia a diversidade de visitantes florais (capítulo 3) e ameniza condições abióticas pelo aporte e acumulação de serapilheira (capítulo 4). Em função da interdependência dos assuntos, algumas informações são repetidas nos capítulos subsequentes.
A pergunta central do capítulo 3 é qual a relação entre a diversidade de visitantes e os padrões locais de riqueza e diversificação morfológica das flores em moitas? Para isso, caracterizamos o padrão local de riqueza de espécies e a diversidade de tipos florais em moitas. A seguir, discutimos se as relações encontradas entre estes aspectos e a diversidade de visitantes nas moitas evidenciam a hipótese de facilitação via atração compartilhada de polinizadores.
No capítulo 4 investigamos o aporte e acumulação de serapilheira sob a copa de
fanerófitas abundantes, relacionando-o como possível mecanismo facilitador de diversidade
em moitas de restinga aberta. Assim, esperamos encontrar correlações positivas entre a riqueza e abundância de fanerófitas e a quantidade de serapilheira nas moitas. Postulamos ainda que se P. bahianum Daly é facilitadora, esperamos encontrar maior riqueza associada a sua ocorrência nas moitas e maior aporte e acumulação de serapilheira sob esta espécie em relação a outras fanerófitas abundantes. Para isso, relacionamos parâmetros de riqueza nas
moitas à ocorrência de P. bahianum e à quantidade de serapilheira acumulada sob sua copa; e analisamos qualitativa e quantitativamente a contribuição relativa de P. bahianum, em relação a outras fanerófitas abundantes na formação de serapilheira na restinga estudada.
Ao final da tese, no item considerações finais, apresentamos uma síntese das principais relações e evidências relacionando biodiversidade e interações positivas em moitas de restinga; destacamos ainda as principais contribuições deste estudo.
Após este item, com base nos resultados sintetizados nesta tese, redigimos um artigo de divulgação científica “A restinga da Área de Proteção Ambiental do Abaeté: Patrimônio
natural urbano ameaçado”. O mesmo encontra-se anexado como APÊNDICE ao final desta tese. Este artigo destina-se a divulgação rápida dos resultados do nosso estudo a comunidade em geral, técnicos ambientais e gestores públicos. Com isso, pretendemos atender a demanda local de informações sobre a APA do Abaeté, chamar a atenção do grande público sobre a importância de áreas naturais urbanas para a conservação da biodiversidade e, facilitar a
inserção dos resultados da nossa pesquisa nas inciativas de manejo e conservação. / Salvador
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