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O discurso político da luta contra a pobreza : uma análise de sua produção e circulação no contexto brasileiro contemporâneo

Turati, Carlos Alberto 23 March 2016 (has links)
Submitted by Bruna Rodrigues (bruna92rodrigues@yahoo.com.br) on 2016-10-04T13:51:33Z No. of bitstreams: 1 TeseCAT.pdf: 1833827 bytes, checksum: 82667a6cfd9123b1a9f04c232d57d2be (MD5) / Approved for entry into archive by Marina Freitas (marinapf@ufscar.br) on 2016-10-14T14:20:16Z (GMT) No. of bitstreams: 1 TeseCAT.pdf: 1833827 bytes, checksum: 82667a6cfd9123b1a9f04c232d57d2be (MD5) / Approved for entry into archive by Marina Freitas (marinapf@ufscar.br) on 2016-10-14T14:20:27Z (GMT) No. of bitstreams: 1 TeseCAT.pdf: 1833827 bytes, checksum: 82667a6cfd9123b1a9f04c232d57d2be (MD5) / Made available in DSpace on 2016-10-14T14:20:38Z (GMT). No. of bitstreams: 1 TeseCAT.pdf: 1833827 bytes, checksum: 82667a6cfd9123b1a9f04c232d57d2be (MD5) Previous issue date: 2016-03-23 / In our research, we investigate the discourse on the fight against poverty in the contemporary Brazilian political sphere, by analyzing the aspects of constitution, formulation and circulation of this discourse. More specifically, we take as a starting point, for the analysis, a set of speeches presented by President Dilma Rousseff in 2011, the year in which the federal government has adopted the slogan Rich country is country without poverty, and has made the fight against poverty a central goal of government actions. Supported by theoretical and methodological framework of Discourse Analysis and having as main reference the work of Michel Pêcheux, we take as a theoretical presupposition that all discursive practice is entered in contradictory-unequal- overdetermined complex of discursive formations that characterizes the ideological instance in given historical conditions. Therefore, we consider the category of the material contradiction as a constitutive condition of the discursive process, such that we consider it as a theoretical principle that guides the research and, at the same time, as the object of analysis. From this perspective, first we search to understand some historical determinations of the processes of meaning production. Thus, we identified in the context of European industrialization that the hegemonic form of the fight against poverty, already in its origin, is constituted by a set of contradictions that indicate that its goal is first of all a goal of the ruling classes, having in the classical liberal thought the basis of its formation. Similarly, we have identified that in the historical context of the Brazilian national problems, since the extractive activities until the contemporary capitalism, certain meanings that relate poverty to the public menace and violence, that take it as an indirect social and economic concern and that constitute the poor as naturally incapable feature an elitist and vertical view of the problem. Then we investigated how the contemporary form of the discourse on the fight against poverty acquired a central role in Brazilian politics, becoming a kind of categorical imperative of political and discursive actions. We seek to identify how this discourse has its hegemonic reproduction guaranteed, where apparent and naturalized differences serve to cover the constitutive contradictions that materialize the class conflicts that generate social inequalities. Thus, we see how the forms of functioning of the discourse on the fight against poverty configure strategies by which its constitutive contradictions are rarefied, erased, displaced and forgotten. If the first and most apparent contradiction of this discourse is the fact that it becomes hegemonic under the dictates and the impulse of monetary institutions, in our analysis, we observed that its hegemonic condition in the Brazilian political field has its efficiency guaranteed because such discourse functions contradictorily as evidence, consensus and truth to be taught; it mutes the agents and processes of exploitation by the capital, producing consensus within the contradictions and operating a management of the polemic within the political field; it is based on moral, subjectifying the poverty; it produces an erosion of collective identities of resistance; it delegitimizes politically the organized groups and individuals in their fight against inequalities; and subjective the poor as economic subject in a passive dimension. / Em nossa pesquisa investigamos o discurso da luta contra a pobreza na esfera política brasileira contemporânea mediante a análise dos aspectos de sua constituição, formulação e circulação. Mais especificamente, tomamos como ponto de partida da análise um conjunto de falas da presidente Dilma Rousseff produzidas durante o ano de 2011, ano no qual o governo federal adotou o slogan País rico é país sem pobreza e fez da luta contra a pobreza um objetivo central das ações governamentais. Amparados no arcabouço teórico-metodológico da Análise do discurso e tendo como principal referência os trabalhos de Pêcheux, tomamos por pressuposto teórico que toda prática discursiva está inscrita no complexo contraditório-desigual-sobredeterminado das formações discursivas que caracteriza a instância ideológica em condições históricas dadas. Assim sendo, consideramos a categoria da contradição material como condição constitutiva do processo discursivo de modo que a tomamos como princípio teórico que orienta a pesquisa e ao mesmo tempo como objeto de análise. A partir dessa perspectiva, buscamos primeiramente compreender algumas determinações históricas dos processos de produção de sentidos. Assim, identificamos no contexto da industrialização europeia que a forma hegemônica da luta contra a pobreza já em sua origem é constituída por uma gama de contradições que apontam que seu objetivo é antes de tudo um objetivo das classes dominantes, tendo no pensamento liberal clássico a base de sua formação. De forma análoga, identificamos que no contexto histórico dos problemas nacionais brasileiros, desde as atividades extrativistas até o capitalismo contemporâneo, determinados sentidos que relacionam a pobreza à ameaça pública e à violência, que a tomam por uma preocupação social e econômica indireta e que constituem o pobre como naturalmente incapaz caracterizam uma visão elitista e vertical sobre o problema. Em seguida investigamos como a forma contemporânea do discurso da luta contra a pobreza adquiriu um papel central na política brasileira, tornando-se uma espécie de imperativo categórico das ações políticas e discursivas. Procuramos identificar como esse discurso tem a sua reprodução hegemônica garantida, onde diferenças aparentes e naturalizadas servem para se sobrepor às contradições constitutivas que materializam os conflitos de classe geradores das desigualdades sociais. Assim, observamos como as formas de funcionamento do discurso da luta contra a pobreza configuram estratégias pelas quais suas contradições constitutivas são rarefeitas, apagadas, deslocadas e esquecidas. Se a contradição primeira e mais aparente desse discurso consiste no fato de que ele se torna hegemônico sob o ditame e o impulso das instituições do dinheiro, em nossas análises pudemos observar que essa sua condição no campo político brasileiro tem sua eficácia garantida porque tal discurso funciona contraditoriamente como evidência, consenso e verdade a ser ensinada; silencia os agentes e os processos de exploração do capital, produzindo o consenso no interior das contradições e operando uma gestão da polêmica no interior do campo político; fundamenta-se na moral, subjetivando a pobreza; produz uma erosão de identidades coletivas de resistência; deslegitima politicamente os grupos organizados e os sujeitos individualizados em sua luta contra as desigualdades; e subjetiva o pobre como sujeito econômico em uma dimensão passiva.

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