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Relações raça e gênero em jogo: a questão reprodutiva de mulheres negras e brancas / Relations of race and gender in the game: the reproductive issue of the black and white women.Souzas, Raquel 28 June 2004 (has links)
Introdução: No âmbito das discussões de gênero e raça, as desigualdades que marcam a condição da mulher, nem sempre, são contempladas, ao contrário, há uma série de discursos que visam a naturalizar diferenças, forjadas historicamente. Nesse sentido, indagar sobre o significado dessas diferenças, no âmbito da saúde reprodutiva, apresenta-se como problema de investigação. Nesse campo, decisões e arranjos reprodutivos dos indivíduos partem ou resultam em processos de negociação, não só condicionados pela realidade partilhada entre os mesmos, como pelas ações que são modeladas, segundo valores e normas sociais. Estes se caracterizam por um certo dinamismo e possibilidade de transformação e resignificação. Hipótese e objetivo: Partindo da hipótese básica de que, ao lado da reconhecida transversalidade de gênero, amplamente divulgada na literatura especializada, raça/etnia apresenta-se, igualmente, como tal, nas questões reprodutivas, no presente trabalho propõe-se, como objetivo central, analisar a questão da transversalidade de gênero e de raça, buscando reter de que forma tais transversalidades se apresentam no tratamento de problemas inerentes à área da Saúde Reprodutiva como, por exemplo, da prevenção da gravidez e das DSTs/Aids e como as condições de vida a elas se relacionam. Procedimento Metodológico Pesquisa qualitativa, que utilizou a técnica de história oral- temática. Foram entrevistadas 36 mulheres, 18 negras e 18 brancas, em três segmentos de escolaridade. Foram utilizados um roteiro temático, com questões abertas sobre saúde reprodutiva, gênero, raça, sexualidade e um formulário semi-estruturado, com questões sócio-demográficas e história reprodutiva. Complementarmente, foi realizada uma pesquisa documental, de estudos e documentos significativos para o movimento de mulheres negras, do ponto de vista político, assim como sobre a problemáticada relação racial e saúde, em uma perspectiva sócio-política. Discussão dos resultados: A concepção de liberdade das mulheres negras, de escolaridade superior, grau em que se pressupõe maior autonomia, é mais restrita à vida privada, em razão do racismo que enfrentam na vida pública. Já as mulheres brancas apresentam uma concepção mais ampliada, que inclui a conquista de novos espaços, no âmbito da vida pública. A concepção de casamento para mulheres negras e brancas funda-se em uma concepção de monogamia absoluta, razão pela qual excluem o uso da camisinha. Neste caso, a questão de gênero predomina em relação à raça. Entretanto, a conjugalidade, no sentido moderno do termo, no qual a igualdade de gênero e as negociações são características, apresenta-se como uma construção recente na história de vida de mulheres negras, revelando-se como um campo onde, só recentemente, estas conquistaram espaço. Com relação aos métodos contraceptivos, é possível apontar, a partir de uma caracterização dos sujeitos da pesquisa, que as mulheres negras entrevistadas, nas escolaridades média e fundamental, seguem, quando cotejadas com a literatura especializada, um padrão de uso massificado de métodos contraceptivos, ou seja, referem mais o uso da laqueadura e da pilula, e, no nível superior, referem mais o uso da camisinha. Por outro lado, as mulheres brancas entrevistadas fazem uso diversificado de métodos em todas as escolaridades, destacando-se o que se caracteriza, na maioria dos casos, uma opção por método de controle masculino, como vasectomia e camisinha. Quando abordada a questão da negociação para a prevenção da gravidez e das DST/Aids, observa-se menor autonomia de mulheres negras, de escolaridade média e fundamental, em relação às mulheres brancas e negras, de escolaridade superior. Na medida em que não se observa diferença, nesse processo de negociação, entre mulheres negras e brancas, com escolaridade universitária, a investigação aponta, igualmente, para a questão da diferenciação social. Conclusão Diante dos resultados obtidos, a presente investigação aponta para a riqueza de pesquisas que contemplem as intersecções existentes entre gênero, raça e desigualdade social no contexto da saúde reprodutiva. / Introduction: Within discussions of gender and race, the inequalities that characterize the condition of black women are not always discussed. On the contrary, there are several speeches that seek to make differences that have been historically forged look natural. To that respect, to question the meaning that such differences acquire in the domain of reproductive health becomes a relevant matter of investigation. Within this field, the decisions and reproductive arrangements made by individuals come or result from the negotiation processes not only conditioned by the reality they share, but by actions that are shaped according to a set of values and social norms. This set is characterized by a certain dynamism and the possibility of transformation and resignification. Hypothesis and objective: coming from the basic hypothesis that, besides the recognized gender bias widely disseminated by the specialized literature, race/ethnicity is also likewise presented on reproductive issues, the main goal of this work is to analyze the issue of gender and race bias, seeking to keep in mind how such biases are presented on the handling of problems inherent to the area of Reproductive Health like for instance, HIV/STD and pregnancy prevention, and how life conditions are related to them. Methodological procedure: qualitative research using the oral, thematic history technique. The subjects interviewed were 36 women, 18 black and 18 white, from three different educational backgrounds. During the interview process, a thematic list of topics for discussion with open questions about reproductive health, gender, race, sexuality, and a semi-structured form with socio-demographic questions and reproductive history were used. Complementarily, we researched some documents that we consider meaningful from the political point of view for the black womens movement. Discussion of Outcomes: black womens conception of freedom, of those with higher education, when one has supposedly greater autonomy, is more restricted to the private life due to the racism they face in public life. White women, on the other hand, show a broader conception, which includes the conquest of new spaces within public lifes realm. Marriages conception, both for black and white women, is based on a conception of total monogamy, hence their exclusion of using preservatives. In this case, the issue of gender prevails over race. Nonetheless, the connubiality, at the modern meaning of the term, which is characterized by equality of gender and negotiations, indicating to be a recent construction in the history of black women lives, field in which only recently they conquered space. Regarding the birth control methods, it is possible to point out from the characterization of the researchs subjects, that the black women interviewed, from elementary and middle school education background, follow, when compared to the specialized literature, a pattern of massive use of birth control methods, that is, they refer more to the use of tubal ligation and birth control pill, and at the higher education level, refer more to the use of preservatives. On the other hand, the white women interviewed use more diversified birth control methods in all education levels, standing out what is characterized in most cases a choice for a male controlled method such as vasectomy and preservatives. When the issue of the negotiation of HIV/STD and pregnancy prevention is surveyed, one can notice a lower autonomy of black women, with elementary and middle school education background, in comparison to white and black women with higher education background. As this difference is not observed during this process of negotiation among black and white women with higher education background, the investigation points towards the same direction to the issue of social differentiation. Conclusion: from the outcomes obtained, the current investigation indicates the richness of researches that contemplate the existing intersections between gender, race, and social inequalities in the context of reproductive health.
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O preparo pré-concepcional entre mulheres com gravidez planejada / The preconception preparation among women with planned pregnancy.Nascimento, Natália de Castro 31 March 2016 (has links)
Introdução: O planejamento da gravidez é condição indispensável para a realização do preparo pré-concepcional. No entanto, nem todas as mulheres que planejam a gravidez tomam medidas para melhorar sua saúde durante o período pré-concepcional. Os escassos estudos conduzidos no Brasil não elucidam as razões pelas quais isso ocorre nem tampouco identificam quais são as medidas adotadas entre aquelas que o realizam. Objetivos: Descrever a realização do preparo pré-concepcional entre mulheres com gravidez planejada; analisar os determinantes da realização do preparo pré-concepcional nesse grupo; e descrever as razões pelas quais as mulheres com gravidez planejada não realizaram o preparo pré-concepcional. Método: Estudo observacional do tipo transversal. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com 264 mulheres cuja gravidez em curso ou que ocorreu nos últimos cinco anos tenha sido classificada como planejada, em 2015. O cenário do estudo foram dois centros de saúde escola da cidade de São Paulo. A análise dos dados foi realizada no Stata 13.0, por meio de regressão logística univariada e múltipla. Resultados: Dentre as mulheres com gravidez planejada, mais da metade realizou o preparo pré-concepcional (62,1%). As medidas mais realizadas foram a procura por serviço de saúde, o uso de vitaminas e minerais e a realização de exames. Dentre as que não realizaram nenhuma medida de saúde para preparar-se para engravidar (37,9%), as razões mais citadas foram nunca ter ouvido falar sobre esse preparo e não conhecer serviços que oferecessem ações de preparo pré-concepcional. Mulheres de mais alta escolaridade, dos grupos econômicos A e B, mais velhas e com quadro de infertilidade foram as que tiveram mais chance de realizar o preparo pré-concepcional. Conclusão: Os resultados confirmaram que nem todas as mulheres com gravidez planejada realizaram o preparo pré-concepcional, tendo sido o desconhecimento sobre o mesmo e sobre os serviços que o ofertam a principal razão para tal. Por sua vez, as mulheres que realizaram o preparo pré-concepcional foram aquelas que reuniram perfis sociais mais favoráveis, como alta renda e escolaridade, o que revela sua determinação social. Experiência de infertilidade também foi determinante para sua realização, o que já era esperado. Por conta de sua importância nas condições de saúde materna e neonatal, o preparo pré-concepcional deve fazer parte das práticas cotidianas dos serviços de atenção básica no país. / Introduction: The planning for pregnancy is an indispensable condition for pre-conception preparation. However, even among women who plan pregnancy, only some of them take measures to improve their health during the preconception period. The few studies conducted in Brazil do not clarify the reasons why this occurs, nor identify the measures taken by those who perform it. Objective: To describe the realization of preconceptional preparation among women with planned pregnancy; to analyze the determinants of preconception preparation in this group; and to describe the reasons women with planned pregnancies did not perform the preconception preparation. Method: Observational cross-sectional study. Data collection was conducted through semi-structured interviews with 264 women whose ongoing pregnancy or that had occured in the last five years has been classified as planned, in 2015. The scenarios of the study were two health center schools of São Paulo. Data analysis was performed using Stata 13.0, with univariate and multiple logistic regressions. Results: Among women who planned pregnancy, more than half reported a pre-conception preparation (62,1%).The most used practices were the seek of medical care, the use of vitamins and minerals and the realization of exams. Among women who did not perform any health preparation for pregnancy (37.9%), the most cited reasons were unknowledge of preconception care and of the types of health services offering preconception preparation actions. Women from a group with higher education and higher income (A and B), older and with an infertility background were the ones most likely to perform preconception preparation. Conclusion: The results confirmed that not every woman with planned pregnancies performed preconception preparation. The main reason for that is the lack of knowledge about it and about the servicesoffered. On the other hand, women who perform preconception preparation were those with more favorable social conditions. Infertility experience was also decisive for its realization, as was expected. Because of its importance in maternal and neonatal health, the preconception preparation should be part of the daily practices of primary care services in the country.
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Razões do não uso da anticoncepção de emergência quando indicada / Reasons for non-use of emergency contraception when indicatedSantos, Osmara Alves dos 17 January 2014 (has links)
Introdução: A anticoncepção de emergência é um método contraceptivo usado após a relação sexual desprotegida. Apesar da sua alta eficácia e de estar disponível gratuitamente na rede pública de saúde, ainda é subutilizada. Objetivo: Identificar as razões e analisar os determinantes do não uso da anticoncepção de emergência quando indicada. Método: Estudo quantitativo, do tipo transversal, realizado com amostra probabilística de mulheres grávidas usuárias de 12 Unidades Básicas de Saúde da Supervisão Técnica de Saúde do Butantã, São Paulo (n=515), entre março e junho de 2013. O não uso da anticoncepção de emergência quando indicada foi considerado quando as mulheres eram classificadas como tendo gravidez não planejada ou ambivalente segundo o London Measure of Unplanned Pregnancy (n=366). No Stata 12.0, os dados foram analisados por meio de regressão logística multinomial. O grupo de mulheres que usou a anticoncepção de emergência para prevenir a gravidez em curso foi comparado com dois grupos: o de mulheres que estava usando algum método contraceptivo, mas não anticoncepção de emergência no mês em que ficou grávida, e o grupo de mulheres que não usou métodos contraceptivos nem anticoncepção de emergência nesse período. Resultados: Apesar da maioria conhecer a anticoncepção de emergência (96,7%), apenas 9,8% a usou para prevenir a gravidez em curso. A principal razão para o não uso foi pensar que não iria engravidar (47,6%). Outras razões, como querer engravidar/ter um filho no futuro e não pensar ou não se lembrar do método também foram amplamente referidas pelas mulheres. Os determinantes do não uso da anticoncepção de emergência para as mulheres que usavam métodos contraceptivos foram a não consciência do risco de engravidar [OR=3,44; IC95%: 1,48-8,03] e morar com o parceiro [OR=3,23; IC95%: 1,43-7,28]. Para aquelas que não usavam métodos contraceptivos, morar com o parceiro [OR= 3,19; IC95%: 1,40-7,27], gravidez ambivalente [OR: 3,40; IC95%: 1,56-8,54] e o não uso prévio do método [OR=3,52; IC95%: 1,38-8,97] foram associados ao não uso da anticoncepção de emergência. Conclusões: Viver com um parceiro pode fazer com que a mulher se sinta menos preocupada em evitar uma gravidez, ou seja, menos propensa a usar a anticoncepção de emergência. De toda forma, reconhecer as situações em que corre o risco de engravidar, saber por experiência própria como obter e usar o método e ter claras intenções reprodutivas podem aumentar o uso da anticoncepção de emergência quanto indicada / Introduction: Emergency contraception is a contraceptive method to be used after unprotected intercourse. Despite its high efficacy, availability both at primary health care and private pharmacies in Brazil, it is still underutilized. Objective: To identify the reasons and analyze the determinants of emergency contraception non-use when indicated. Method: Cross-sectional, quantitative study conducted with a probabilistic sample of pregnant women from 12 Primary Health Facilities at the Health Supervision of Butantã, São Paulo, Brazil (n=515), from March to June 2013. We considered an emergency contraception non-use when indicated women who were either in an unplanned or ambivalent pregnancy according to the London Measure of Unplanned Pregnancy (n=366). In Stata 12.0, we used multinomial logistic regression to analyze the data. Women who used the method to prevent the current pregnancy were the reference and were compared to two groups of women: those who did not use emergency contraception, but used another method; and those who used no method at all. Results: Although there was a high proportion of emergency contraception awareness (96.7%), only 9.8 % used it to prevent the current pregnancy. The main reason for non-use was believing that she would not become pregnant (47.6%); but wanting to become pregnant in the future and not remembering to use the method were also largely reported. Associated aspects to emergency contraception non-use among women who used a method were not being aware of pregnancy risk [OR=3,44; IC95%: 1,48-8,03] and cohabitation with a partner [OR=3,23; IC95%: 1,43-7,28]. Among women that did not use any contraception, cohabitation with a partner [OR= 3,19; IC95%: 1,40-7,27], ambivalent pregnancy [OR: 3,40; IC95%: 1,56-8,54] and no previous use of emergency contraception [OR=3,52; IC95%: 1,38-8,97] were associated with the method non-use. Conclusions: Living with a partner can make a woman feel less concerned about preventing a pregnancy, which means, less likely to use emergency contraception. Eventually, having skills to recognize pregnancy risk situations, having experience on how to use and when to obtain the pill and a clear pregnancy intention can increase the use of emergency contraception when indicated
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\"Minha vida de agora em diante...\": experiências de mulheres sobreviventes da morte materna. / \"My life from now on...\": the experience of the women who survived from the maternal death.Godoy, Sandra Regina de 29 September 2006 (has links)
O objetivo deste estudo foi compreender o significado da experiência de near miss no período gravídico-puerperal na vida de mulheres sobreviventes. O referencial teórico baseou-se em conceitos da Antropologia médica e o metodológico, na história oral. A pesquisa foi desenvolvida com mulheres residentes na microrregião do Noroeste paulista, tendo como referência o município de Fernandópolis. Participaram 13 mulheres egressas da Unidade de Terapia Intensiva de um hospital geral do município, no período de 2003 e 2005. As entrevistas foram apresentadas na forma de narrativa. Os depoimentos mostraram que a experiência de vivenciar uma complicação com risco de morte foi marcante, desagradável, evidenciando sofrimento, sentimentos de medo e preocupação. As mulheres perceberam que algo está errado", procuraram os serviços de saúde e avaliaram a assistência recebida. As maiores preocupações foram com o filho, o marido e familiares. Os achados do estudo permitiram obter uma visão compreensiva da experiência de mulheres que vivenciaram e sobreviveram ao risco de morte materna e as mudanças que ocorreram em suas vidas e formas de enfrentamento e superação das dificuldades verificados. / The aim of this study was to understand the meaning of the near miss experience during pregnancy, labor, birth and puerperium in the life of the women who survived. The conceptions of Medical Anthropology were used as the theoretical framework for the analysis and the Oral History as the methodological reference. The research was developed including women who live in a micro-region of the northwest of São Paulo state and Fernadópolis district. Thirteen women who returned from the intensive care unit of a municipal general hospital, from 2003 to 2005, participated in this study. The interviews were presented as narratives. The data showed that the experience of a severe complication with risk of death was remarkable, unpleasant, evidencing feelings of suffer, fear and worry. The women noticed that something is wrong", then they looked for a health service unit and evaluated the assistance given. The main womens worry was related to the child, the husband and the family. The findings of this study permitted to have a comprehensive vision of the experience of the women who faced the risk of maternal death and survived, as well as the changes in their lives and the ways of coping and overcoming the difficulties found.
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A Biblioteca Virtual de Saúde Reprodutiva: dando voz ao usuário / The Reproductive Health Virtual Library: listening to the userMaria do Carmo Avamilano Alvarez 19 April 2005 (has links)
A fundamentação teórica deste estudo baseia-se em pensadores que analisam as culturas modernas e pós-modernas, enfocando as tecnologias da informação e comunicação. Essas tecnologias têm adquirido destaque nos campos da pesquisa acadêmica e da ciência da informação. Com a intenção de aproximar os usuários pesquisadores dos estoques de informação institucionalizada estão sendo criadas as bibliotecas virtuais. A Biblioteca Virtual de Saúde Reprodutiva (BVSR), mantida pela Biblioteca e pelo Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP, faz parte destas novas tecnologias e encontra-se no centro deste estudo. O objetivo deste trabalho é verificar como está se processando a comunicação entre a BVSR e o seu usuário, pesquisadores da área da saúde reprodutiva, procurando identificar as suas expectativas, se há barreiras nesta comunicação e melhorar as formas de promover uma comunicação interativa para ampliar o significado deste tipo de serviço. O método adotado é de natureza qualitativa e conhecido como grupo focal, que foi aplicado através de três reuniões em salas de chat (Internet relay chat) na Internet. Os resultados apontaram para a pouca divulgação da BVSR e a baixa assimilação da comunicação interativa pela sociedade. Várias sugestões para a melhoria da comunicação da BVSR foram colocadas, como: a criação de um espaço de encontro, integração das bases e outras BVs, disponibilização de fontes validadas, visual mais moderno, com a segmentação de acordo com os perfis de usuários, entre outras. / The theoretical foundation of this study is based on theorists who analyze modern and post-modern cultures, focusing attention on information and communication technologies. These technologies have been achieved importance in academic research and information science fields. The virtual libraries have been created in order to allow the users to get closer to the institutionalized information stock. The Reproductive Health Virtual Library (RHVL), supported by the Library and the Department of Maternal and Child Health of Faculdade de Saúde Pública - USP, is part of these new technologies and is the subject of this study. The objective is to verify the communication process between the RHVL and its user, reproductive health researchers, attempting to identify his or her expectations, to perceive gaps in communication and to improve interactive communication to enhance the meaning of this kind of service. We adopted a qualitative method, known as focal group, which was applied to three meetings at chat rooms (Internet relay chat), on the internet. The results indicated the lack of awareness of RHVL and a poor acquisition of interactive communication by the society. Several suggestions were made, such as: meeting rooms, links among databases and other VLs, availability of validated sources, modern presentation, divisions according to the user profile, among others
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O preparo pré-concepcional entre mulheres com gravidez planejada / The preconception preparation among women with planned pregnancy.Natália de Castro Nascimento 31 March 2016 (has links)
Introdução: O planejamento da gravidez é condição indispensável para a realização do preparo pré-concepcional. No entanto, nem todas as mulheres que planejam a gravidez tomam medidas para melhorar sua saúde durante o período pré-concepcional. Os escassos estudos conduzidos no Brasil não elucidam as razões pelas quais isso ocorre nem tampouco identificam quais são as medidas adotadas entre aquelas que o realizam. Objetivos: Descrever a realização do preparo pré-concepcional entre mulheres com gravidez planejada; analisar os determinantes da realização do preparo pré-concepcional nesse grupo; e descrever as razões pelas quais as mulheres com gravidez planejada não realizaram o preparo pré-concepcional. Método: Estudo observacional do tipo transversal. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com 264 mulheres cuja gravidez em curso ou que ocorreu nos últimos cinco anos tenha sido classificada como planejada, em 2015. O cenário do estudo foram dois centros de saúde escola da cidade de São Paulo. A análise dos dados foi realizada no Stata 13.0, por meio de regressão logística univariada e múltipla. Resultados: Dentre as mulheres com gravidez planejada, mais da metade realizou o preparo pré-concepcional (62,1%). As medidas mais realizadas foram a procura por serviço de saúde, o uso de vitaminas e minerais e a realização de exames. Dentre as que não realizaram nenhuma medida de saúde para preparar-se para engravidar (37,9%), as razões mais citadas foram nunca ter ouvido falar sobre esse preparo e não conhecer serviços que oferecessem ações de preparo pré-concepcional. Mulheres de mais alta escolaridade, dos grupos econômicos A e B, mais velhas e com quadro de infertilidade foram as que tiveram mais chance de realizar o preparo pré-concepcional. Conclusão: Os resultados confirmaram que nem todas as mulheres com gravidez planejada realizaram o preparo pré-concepcional, tendo sido o desconhecimento sobre o mesmo e sobre os serviços que o ofertam a principal razão para tal. Por sua vez, as mulheres que realizaram o preparo pré-concepcional foram aquelas que reuniram perfis sociais mais favoráveis, como alta renda e escolaridade, o que revela sua determinação social. Experiência de infertilidade também foi determinante para sua realização, o que já era esperado. Por conta de sua importância nas condições de saúde materna e neonatal, o preparo pré-concepcional deve fazer parte das práticas cotidianas dos serviços de atenção básica no país. / Introduction: The planning for pregnancy is an indispensable condition for pre-conception preparation. However, even among women who plan pregnancy, only some of them take measures to improve their health during the preconception period. The few studies conducted in Brazil do not clarify the reasons why this occurs, nor identify the measures taken by those who perform it. Objective: To describe the realization of preconceptional preparation among women with planned pregnancy; to analyze the determinants of preconception preparation in this group; and to describe the reasons women with planned pregnancies did not perform the preconception preparation. Method: Observational cross-sectional study. Data collection was conducted through semi-structured interviews with 264 women whose ongoing pregnancy or that had occured in the last five years has been classified as planned, in 2015. The scenarios of the study were two health center schools of São Paulo. Data analysis was performed using Stata 13.0, with univariate and multiple logistic regressions. Results: Among women who planned pregnancy, more than half reported a pre-conception preparation (62,1%).The most used practices were the seek of medical care, the use of vitamins and minerals and the realization of exams. Among women who did not perform any health preparation for pregnancy (37.9%), the most cited reasons were unknowledge of preconception care and of the types of health services offering preconception preparation actions. Women from a group with higher education and higher income (A and B), older and with an infertility background were the ones most likely to perform preconception preparation. Conclusion: The results confirmed that not every woman with planned pregnancies performed preconception preparation. The main reason for that is the lack of knowledge about it and about the servicesoffered. On the other hand, women who perform preconception preparation were those with more favorable social conditions. Infertility experience was also decisive for its realization, as was expected. Because of its importance in maternal and neonatal health, the preconception preparation should be part of the daily practices of primary care services in the country.
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A Biblioteca Virtual de Saúde Reprodutiva: dando voz ao usuário / The Reproductive Health Virtual Library: listening to the userAlvarez, Maria do Carmo Avamilano 19 April 2005 (has links)
A fundamentação teórica deste estudo baseia-se em pensadores que analisam as culturas modernas e pós-modernas, enfocando as tecnologias da informação e comunicação. Essas tecnologias têm adquirido destaque nos campos da pesquisa acadêmica e da ciência da informação. Com a intenção de aproximar os usuários pesquisadores dos estoques de informação institucionalizada estão sendo criadas as bibliotecas virtuais. A Biblioteca Virtual de Saúde Reprodutiva (BVSR), mantida pela Biblioteca e pelo Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP, faz parte destas novas tecnologias e encontra-se no centro deste estudo. O objetivo deste trabalho é verificar como está se processando a comunicação entre a BVSR e o seu usuário, pesquisadores da área da saúde reprodutiva, procurando identificar as suas expectativas, se há barreiras nesta comunicação e melhorar as formas de promover uma comunicação interativa para ampliar o significado deste tipo de serviço. O método adotado é de natureza qualitativa e conhecido como grupo focal, que foi aplicado através de três reuniões em salas de chat (Internet relay chat) na Internet. Os resultados apontaram para a pouca divulgação da BVSR e a baixa assimilação da comunicação interativa pela sociedade. Várias sugestões para a melhoria da comunicação da BVSR foram colocadas, como: a criação de um espaço de encontro, integração das bases e outras BVs, disponibilização de fontes validadas, visual mais moderno, com a segmentação de acordo com os perfis de usuários, entre outras. / The theoretical foundation of this study is based on theorists who analyze modern and post-modern cultures, focusing attention on information and communication technologies. These technologies have been achieved importance in academic research and information science fields. The virtual libraries have been created in order to allow the users to get closer to the institutionalized information stock. The Reproductive Health Virtual Library (RHVL), supported by the Library and the Department of Maternal and Child Health of Faculdade de Saúde Pública - USP, is part of these new technologies and is the subject of this study. The objective is to verify the communication process between the RHVL and its user, reproductive health researchers, attempting to identify his or her expectations, to perceive gaps in communication and to improve interactive communication to enhance the meaning of this kind of service. We adopted a qualitative method, known as focal group, which was applied to three meetings at chat rooms (Internet relay chat), on the internet. The results indicated the lack of awareness of RHVL and a poor acquisition of interactive communication by the society. Several suggestions were made, such as: meeting rooms, links among databases and other VLs, availability of validated sources, modern presentation, divisions according to the user profile, among others
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Aborto vivido, aborto pensado : aborto punido? : as (inter)faces entre as esferas pública e privada em casos de aborto no BrasilTussi, Fernanda Pivato January 2010 (has links)
A questão do aborto provocado no Brasil envolve discursos de diversas ordens, definindo um contexto marcado por disputas políticas em debates polêmicos. Por um lado, a problemática do aborto pressupõe um recorte de gênero específico, pois remete imediatamente ao corpo da mulher. Por outro, refere-se a um conjunto de relações mais amplas, centrado especialmente no(s) sentido(s) de família, como dimensão fundamental a ser investigada com vistas ao entendimento dos contextos de gravidez. A partir de uma metodologia qualitativa de orientação etnográfica foi desenvolvido trabalho de campo com dois grupos. Em um deles, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com treze mulheres da região de Porto Alegre/ RS que interromperam a gestação em condições ilegais. No outro, foram feitas entrevistas com diversas pessoas que estiveram envolvidas em um caso de indiciamento judicial de uma Clínica de Planejamento Familiar em Campo Grande/MS. Também foram analisados materiais veiculados na mídia sobre os debates que envolvem a prática de aborto. Foi possível perceber que o caso do indiciamento abrange aspectos sociais e políticos, que não a restrita punição das mulheres que interromperam a gestação. Além disso, procurou-se demonstrar a rede familiar e o contexto na qual a gravidez não planejada está inserida, além das formas de punição corporificadas para as mulheres que abortam. O conjunto de dados mostra, tanto a desconexão dos discursos legais, dos movimentos sociais e da realidade das pesquisadas, como a interpenetração das esferas públicas e privadas no corpo das mulheres. Os resultados apontam para a necessidade de uma abordagem que assuma como central a experiência das mulheres, já que a questão do aborto é encoberta por ambivalências próprias do âmbito legal e moral. / The issue of indeced abortion in Brazil is comprised by multiple discourses, creating a context of political disputes and polemic debates. On the one hand, the problem of abortion presupposes targeting one specific gender, centering on the women's body. On the other hand, abortion is related to a wide set of relationships with an emphasis on the meaning of family, as a central dimension to be investigated in order to illuminate the contexts of pregnancy. The ethnographic work was conducted with two different social groups. Semistructured interviews were collected with 13 women from Porto Alegre/RS, who performed illegal abortion. The other case that I discuss is the indictment of a Family Planning clinic in Campo Grande/MS. In other to analyze the case, I use qualitative data gathered from newspapers and the Internet. The case of the Family Planning clinic involves social and political aspects, given that it was not restricted to the women who performed abortion. Moreover, I intent to demonstrate the kinship networks and the context in which pregnancy took place. The analysis of data demonstrates, beyond the disconnect of legal, political and the experiential discourses concerning abortion, the intertwining of the private and public spheres. The results point to the necessity of a women's experience-centered approach, because the problem of abortion is often covered by ambiguities that are recurrent in the legal and moral spheres.
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Atendimento a demanda por esterilização cirurgica voluntaria na Região Metropolitana de Campinas / Services provided to request for voluntary surgical sterilization in the Metropolitan Region of CampinasCarvalho, Luiz Eduardo Campos de 27 August 2007 (has links)
Orientadores: Maria Jose Duarte Osis, Jose Guilherme Cecatti / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciencias Medicas / Made available in DSpace on 2018-11-09T13:11:41Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2007 / Resumo: O objetivo desta pesquisa foi investigar as condições em que está sendo atendida a demanda pela esterilização cirúrgica voluntária na rede pública de saúde dos dezenove municípios da Região Metropolitana de Campinas, e avaliar a opinião de gestores, provedores e usuárias quanto à adequação do atendimento à Lei de Planejamento Familiar. Foi realizado um estudo descritivo com dois componentes: quantitativo e qualitativo. No componente quantitativo foi realizado um estudo de corte transversal, com 398 mulheres residentes na RMC, entrevistadas em seus domicílios, selecionadas em ruas previamente sorteadas através de uma amostragem sistemática e eqüiprobabilística; 15 gestores municipais da área de planejamento familiar e 15 coordenadores de unidades básicas de saúde. Utilizaram-se questionários estruturados e pré-testados. Para a parte qualitativa foram escolhidos propositadamente quatro municípios da RMC. Foram realizadas 28 entrevistas semi-estruturadas com coordenadores (as) de centros de referência (CR) e/ou ambulatórios de planejamento familiar (APF), e com profissionais diretamente envolvidos no processo de atendimento às solicitações de esterilização. Os dados quantitativos foram duplamente digitados, por pessoas distintas, utilizando-se o software Sphinx Léxica. Quanto às entrevistas semi-estruturadas, foram transcritas, e o texto correspondente a cada entrevista inserido no computador utilizando-se o software The Ethnograph V. 5.0. Não houve diferenças significativas quanto às características das mulheres e homens esterilizados antes e depois da regulamentação legal. A partir de 1998, a maior parte das laqueaduras continuou a ser realizada no momento de uma cesárea; o pagamento ¿por fora¿ diminuiu, porém a diferença não foi significativa. O tempo mínimo de espera para a laqueadura foi de seis meses, entretanto, este foi o tempo máximo de espera para a vasectomia. Oito municípios referiram realizar a laqueadura e nove a vasectomia. A informação de cerca da metade dos municípios foi de seguir os critérios estabelecidos pela lei de planejamento familiar. Em três dos quatro municípios avaliados pela parte qualitativa, o atendimento era centralizado em CR/APF, onde se avaliava se eram atendidos os critérios legais para autorizar a cirurgia, ministravam-se atividades educativas e se providenciava o agendamento da cirurgia nos serviços credenciados. A principal crítica à atual legislação referiu-se à proibição de realizar a laqueadura no momento do parto, considerada como forma de penalização às mulheres que só têm partos vaginais. Havia demanda reprimida, gerada pelo tempo de espera para realizar as cirurgias, mas também pela dificuldade de agendamento de consultas nos CR/APF. Essas dificuldades foram atribuídas à falta de estrutura física e de recursos humanos para realizar ações em planejamento familiar, tanto nas Unidades Básicas de Saúde quanto nos CR/APF. Os resultados apontaram que, na RMC, as mudanças produzidas com a regulamentação da legislação específica sobre esterilização não ocorreram da forma esperada. Apesar de avanços, ainda existem várias distorções que ainda precisam ser corrigidas para que se tenha um adequado atendimento à demanda por esterilização cirúrgica / Abstract: The objective of this study was to evaluate the conditions under the demand for voluntary surgical sterilization is being addressed in the health public sector of the 19 municipalities in the Metropolitan Region of Campinas (MRC), and to evaluate the opinion of administrators, providers and users concerning the adequacy to the Law of Family Planning. A descriptive study was performed with two components: quantitative and qualitative. For the quantitative component, a cross sectional study was carried out with 398 women living in the MRC and interviewed in their households, selected in previously randomly identified streets through an equiprobabilistic and systematic sampling; 15 municipal health administrators in the field of family planning and 15 coordinators of primary health units. Structured and pre tested questionnaires were used. For the qualitative component, four municipalities of the MRC were purposely chosen. Twenty eight semi-structured interviews with coordinators of Referral Centers (RC) and/or family planning outpatient clinics (FPOC) were performed, and with professionals directly involved in the process of answering sterilization requests. The quantitative data were double entered by different people using the software Sphinx Lexica. Regarding the semi-structured interviews, they were transcribed and the text correspondent to each interview was entered in a database using the software The Ethnograph V. 5.0. There were no significant differences concerning the characteristics of women and men sterilized before and after the legal regulamentation. From 1998 and upwards, the great majority of tubal ligations continued to be performed at the moment of a Cesarean section; the ¿extra¿ payment decreased, but the difference was not significant. The minimum waiting time for tubal ligation was six months, however this was the maximum waiting time for vasectomy. Eight municipalities reported to perform tubal ligation, while nine the vasectomy. Among them, around half referred to follow the criteria established by the Law of Family Planning. In three out four municipalities evaluated by the qualitative component, the care was centralized in RC/FPOC, where they evaluated whether the legal criteria were followed in order to allow the surgery, educational activities were ministered and the surgical procedure was scheduled in the services with credentials. The main criticism to the current legislation was concerned to the prohibition of performing tubal ligation at the moment of a delivery, what was considered as a kind of penalty to the women who have only vaginal births. There was a repressed demand generated by the waiting time to perform the surgery and also due to the difficulty in scheduling visits in the RC/FPOC. These difficulties were attributed to the lack of physical structure and human resources to accomplish with the family planning actions, not only in the primary health units but also in the RC/FPOC. The results indicated that in the MRC the changes produced with the regulamentation of the specific legislation for sterilization did not occur as expected. Although the improvements, there are still several distortions that need to be corrected in order to came to an adequate answer to the demand for surgical sterilization / Doutorado / Tocoginecologia / Doutor em Tocoginecologia
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Relações raça e gênero em jogo: a questão reprodutiva de mulheres negras e brancas / Relations of race and gender in the game: the reproductive issue of the black and white women.Raquel Souzas 28 June 2004 (has links)
Introdução: No âmbito das discussões de gênero e raça, as desigualdades que marcam a condição da mulher, nem sempre, são contempladas, ao contrário, há uma série de discursos que visam a naturalizar diferenças, forjadas historicamente. Nesse sentido, indagar sobre o significado dessas diferenças, no âmbito da saúde reprodutiva, apresenta-se como problema de investigação. Nesse campo, decisões e arranjos reprodutivos dos indivíduos partem ou resultam em processos de negociação, não só condicionados pela realidade partilhada entre os mesmos, como pelas ações que são modeladas, segundo valores e normas sociais. Estes se caracterizam por um certo dinamismo e possibilidade de transformação e resignificação. Hipótese e objetivo: Partindo da hipótese básica de que, ao lado da reconhecida transversalidade de gênero, amplamente divulgada na literatura especializada, raça/etnia apresenta-se, igualmente, como tal, nas questões reprodutivas, no presente trabalho propõe-se, como objetivo central, analisar a questão da transversalidade de gênero e de raça, buscando reter de que forma tais transversalidades se apresentam no tratamento de problemas inerentes à área da Saúde Reprodutiva como, por exemplo, da prevenção da gravidez e das DSTs/Aids e como as condições de vida a elas se relacionam. Procedimento Metodológico Pesquisa qualitativa, que utilizou a técnica de história oral- temática. Foram entrevistadas 36 mulheres, 18 negras e 18 brancas, em três segmentos de escolaridade. Foram utilizados um roteiro temático, com questões abertas sobre saúde reprodutiva, gênero, raça, sexualidade e um formulário semi-estruturado, com questões sócio-demográficas e história reprodutiva. Complementarmente, foi realizada uma pesquisa documental, de estudos e documentos significativos para o movimento de mulheres negras, do ponto de vista político, assim como sobre a problemáticada relação racial e saúde, em uma perspectiva sócio-política. Discussão dos resultados: A concepção de liberdade das mulheres negras, de escolaridade superior, grau em que se pressupõe maior autonomia, é mais restrita à vida privada, em razão do racismo que enfrentam na vida pública. Já as mulheres brancas apresentam uma concepção mais ampliada, que inclui a conquista de novos espaços, no âmbito da vida pública. A concepção de casamento para mulheres negras e brancas funda-se em uma concepção de monogamia absoluta, razão pela qual excluem o uso da camisinha. Neste caso, a questão de gênero predomina em relação à raça. Entretanto, a conjugalidade, no sentido moderno do termo, no qual a igualdade de gênero e as negociações são características, apresenta-se como uma construção recente na história de vida de mulheres negras, revelando-se como um campo onde, só recentemente, estas conquistaram espaço. Com relação aos métodos contraceptivos, é possível apontar, a partir de uma caracterização dos sujeitos da pesquisa, que as mulheres negras entrevistadas, nas escolaridades média e fundamental, seguem, quando cotejadas com a literatura especializada, um padrão de uso massificado de métodos contraceptivos, ou seja, referem mais o uso da laqueadura e da pilula, e, no nível superior, referem mais o uso da camisinha. Por outro lado, as mulheres brancas entrevistadas fazem uso diversificado de métodos em todas as escolaridades, destacando-se o que se caracteriza, na maioria dos casos, uma opção por método de controle masculino, como vasectomia e camisinha. Quando abordada a questão da negociação para a prevenção da gravidez e das DST/Aids, observa-se menor autonomia de mulheres negras, de escolaridade média e fundamental, em relação às mulheres brancas e negras, de escolaridade superior. Na medida em que não se observa diferença, nesse processo de negociação, entre mulheres negras e brancas, com escolaridade universitária, a investigação aponta, igualmente, para a questão da diferenciação social. Conclusão Diante dos resultados obtidos, a presente investigação aponta para a riqueza de pesquisas que contemplem as intersecções existentes entre gênero, raça e desigualdade social no contexto da saúde reprodutiva. / Introduction: Within discussions of gender and race, the inequalities that characterize the condition of black women are not always discussed. On the contrary, there are several speeches that seek to make differences that have been historically forged look natural. To that respect, to question the meaning that such differences acquire in the domain of reproductive health becomes a relevant matter of investigation. Within this field, the decisions and reproductive arrangements made by individuals come or result from the negotiation processes not only conditioned by the reality they share, but by actions that are shaped according to a set of values and social norms. This set is characterized by a certain dynamism and the possibility of transformation and resignification. Hypothesis and objective: coming from the basic hypothesis that, besides the recognized gender bias widely disseminated by the specialized literature, race/ethnicity is also likewise presented on reproductive issues, the main goal of this work is to analyze the issue of gender and race bias, seeking to keep in mind how such biases are presented on the handling of problems inherent to the area of Reproductive Health like for instance, HIV/STD and pregnancy prevention, and how life conditions are related to them. Methodological procedure: qualitative research using the oral, thematic history technique. The subjects interviewed were 36 women, 18 black and 18 white, from three different educational backgrounds. During the interview process, a thematic list of topics for discussion with open questions about reproductive health, gender, race, sexuality, and a semi-structured form with socio-demographic questions and reproductive history were used. Complementarily, we researched some documents that we consider meaningful from the political point of view for the black womens movement. Discussion of Outcomes: black womens conception of freedom, of those with higher education, when one has supposedly greater autonomy, is more restricted to the private life due to the racism they face in public life. White women, on the other hand, show a broader conception, which includes the conquest of new spaces within public lifes realm. Marriages conception, both for black and white women, is based on a conception of total monogamy, hence their exclusion of using preservatives. In this case, the issue of gender prevails over race. Nonetheless, the connubiality, at the modern meaning of the term, which is characterized by equality of gender and negotiations, indicating to be a recent construction in the history of black women lives, field in which only recently they conquered space. Regarding the birth control methods, it is possible to point out from the characterization of the researchs subjects, that the black women interviewed, from elementary and middle school education background, follow, when compared to the specialized literature, a pattern of massive use of birth control methods, that is, they refer more to the use of tubal ligation and birth control pill, and at the higher education level, refer more to the use of preservatives. On the other hand, the white women interviewed use more diversified birth control methods in all education levels, standing out what is characterized in most cases a choice for a male controlled method such as vasectomy and preservatives. When the issue of the negotiation of HIV/STD and pregnancy prevention is surveyed, one can notice a lower autonomy of black women, with elementary and middle school education background, in comparison to white and black women with higher education background. As this difference is not observed during this process of negotiation among black and white women with higher education background, the investigation points towards the same direction to the issue of social differentiation. Conclusion: from the outcomes obtained, the current investigation indicates the richness of researches that contemplate the existing intersections between gender, race, and social inequalities in the context of reproductive health.
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