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“Movimentos nos astros, movimentos na terra”: consciência histórica em levantado do chão

Galeni, Luís Alfredo Paduanelli January 2018 (has links)
A consciência histórica é a manifestação do processo ontológico da interpretação, no qual o passado que afeta o presente se manifesta enquanto uma alteridade, ampliando o horizonte do intérprete. A produção de uma consciência histórica não é uma possibilidade apenas da ciência histórica. A literatura, mais especificamente a obra Levantado do chão do escritor português José Saramago, também pode produzi-la. A realização dessa empreitada, entretanto, não segue os procedimentos e protocolos da historiografia, tampouco almeja se enquadrar ou produzir um discurso semelhante. É através da articulação das dimensões temporais mudança e permanência pela narrativa que a consciência histórica é construída no romance. / Historical consciousness is the manifestation of the ontological process of interpretation, in which the past that affects the present manifests itself as an otherness, enlarging the horizon of the interpreter. The production of a historical consciousness is not a possibility only of historical science. Literature, more specifically the work Levantado do chão of the portuguese writer José Saramago, can also produce it. The realization of this work, however, does not follow the procedures and protocols of historiography, nor does it seek to fit in or produce a similar discourse. It is through the articulation of the temporal dimensions change and permanence by the narrative that historical consciousness is built on the novel.
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Tensão entre literatura e filosofia : a linha de sutura para a compreensão de uma realidade comparada

Santos, Pâmela Cristina Damasceno dos January 2014 (has links)
Utilizando-me dos Estudos Literários Comparados, com enfoque na relação interdisciplinar que a Literatura entretém com a Filosofia, no presente trabalho, pretendo confrontar dois modelos discursivos – o discurso recriado por José Saramago ao versar em seu objeto literário, "O Evangelho segundo Jesus Cristo", uma possibilidade de elucidar a 'verdadeira' versão dos episódios bíblicos e o formato de discurso filosófico desenvolvido por Friedrich Nietzsche, na obra “Genealogia da Moral, a respeito da possibilidade de reaver uma realidade cristã historicamente construída - propondo, a partir do traçado dessa relação magistral, uma reflexão acerca de certos modos morais de conceber o mundo. Nesse sentido, a Literatura Comparada, entendida enquanto estratégia de leitura, é tomada como forma de investigação que se situa entre os objetos, colocando-os em relação ao passo que descentraliza a estreiteza das convenções disciplinares que, então, delimitam os regimes de pensamento construídos. Literatura e Filosofia, ambas produtos de construções discursivas, passam a ser analisadas a partir de uma abordagem interdisciplinar, aplicada a fim de que se compreenda a maneira como contribuem para a formação do conhecimento e para a construção e aprimoramento ético dos sujeitos sociais que delas se utilizam. Debruço-me, assim, sobre esses domínios na condição de espaços discursivos de construção do conhecimento e reflexão de saberes que, transitando em um 'entrelugar', onde o lócus de enunciação do 'particular' é desarticulado, possibilitam avançar nas fronteiras do conhecimento, inclusive, no que tange à experiência ética de aprendizado humano. Através da construção desse comparativo, tenho o intento de tematizar a respeito do lócus de enunciação indisciplinado1 ocupado pelos domínios do literário e do filosófico. A relevância da pesquisa em questão reside, pois, na possibilidade de podermos, a partir das relações tecidas, remontar a própria discussão a que se propõem hoje os estudos literários, vindo ao encontro das constatações atuais suscitadas pelo campo teórico comparativista. Valendo-me de um recorte exemplar, uma situação de exceção na qual a Literatura e a Filosofia são postas à luz de minhas análises, traço, dessa maneira, uma analogia a aspectos constantemente repensados e ressignificados pela Teoria Literária. / Utilizándome de los Estudios Literarios Comparados, con énfasis en la relación interdisciplinaria que la Literatura mantiene con la Filosofía, en este trabajo, pretendo confrontar dos arquetipos discursivos - el discurso recreado por José Saramago al tratar en su objeto literario, "El Evangelio según Jesucristo2", una posibilidad de elucidar la 'verdadera' versión de los episodios bíblicos y la forma de discurso filosófico desarrollada por Friedrich Nietzsche, en la obra Genealogía de la Moral3", a respecto de la posibilidad de rever una realidad cristiana históricamente construida - proponiendo, a través de esa relación magistral, una reflexión sobre ciertos modos morales de comprender el mundo. En este sentido, la Literatura Comparada, comprendida como estrategia de lectura, es una forma de investigación que se ubica entre los objetos, poniéndoles en relación mientras descentraliza la estrechez de las convenciones disciplinarias que delimitan los regímenes de pensamiento construidos. La Literatura y la Filosofía, productos de construcciones discursivas, pasan a ser tratadas por medio de una visión interdisciplinaria, utilizada con el objetivo de que se comprenda la manera como contribuyen para la formación del conocimiento y para la construcción y perfeccionamiento ético de los sujetos sociales. Así, me fijé en estos dominios, analizados en la condición de espacios discursivos de construcción del conocimiento y reflexión de saberes en los que, transitando en un "entrelugar", donde el locus de enunciación del particular es desarticulado, nos posibilitan avanzar en los límites del conocimiento, incluso, a lo que se refiere a las experiencias éticas del aprendizaje humano. A través de la construcción de ese comparativo, yo tengo la intención de tematizar acerca del locus de enunciación 'indisciplinado' comprendido por los dominios del literario y del filosófico. La importancia de la pesquisa en cuestión está, pues, en la posibilidad de conseguirse, por medio de las relaciones establecidas, recomponer la discusión a la que se proponen hoy los estudios literarios, convergiendo con las constataciones actuales suscitadas por el campo teórico del Comparatismo. Utilizándome de un estudio puntual de una situación de excepción en la que la Literatura y la Filosofía son puestas a la luz de mis análisis, trazo, de esa manera, una analogía de los aspectos frecuentemente reflexionados por la Teoría Literaria.
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Os muitos cercos de Lisboa : a reconfiguração ficcional do intertexto historiográfico em História do cerco de Lisboa de José Saramago

Redu, Iarima Nunes January 2015 (has links)
Esta dissertação tem como objetivo analisar de que maneira a representação dos eventos históricos referentes ao cerco de Lisboa de 1147 empreendida nos textos historiográficos Conquista De Lisboa aos Mouros (1147) de Osberno, Crónica de cinco reis de Portugal atribuído a Fernão Lopes, Crónica de Dom Affonso Henriques, do Frei António Brandão, e História de Portugal: 1.ª época, desde a origem da monarquia até D. Afonso III de Alexandre Herculano, é reconfigurada na narrativa ficcional História do Cerco de Lisboa, do escritor português José Saramago. Especificamente, tencionou-se identificar, por meio do estudo de fontes históricas referentes à conquista de Lisboa de 1147, aspectos característicos da narrativa histórica oficial de tal evento histórico e da apresentação de suas personagens importantes; determinar em que medida textos historiográficos portugueses são intertextualmente apropriados pelo narrador de História do Cerco de Lisboa; averiguar qual é a atitude do narrador em relação ao discurso histórico oficial referente a tal momento histórico; verificar de que maneira as personagens históricas envolvidas no cerco e na tomada de Lisboa são representadas no romance; e determinar em que medida a reescrita do cerco de Lisboa empreendida no romance é dessacralizadora e paródica. A análise do romance foi norteada teoricamente, por um lado, por estudos referentes às muitas instâncias do cruzamento entre discurso literário e discurso histórico – especialmente por obras dos historiadores Hayden White, Paul Ricoeur, Carlo Ginzburg, Saul Friedländer e Dominick LaCapra – e, por outro, pela atribuição do conceito de metaficção historiográfica, de Linda Hutcheon, à narrativa saramaguiana. Depois do estudo do romance à luz das obras históricas, concluiu-se que o narrador de História do cerco de Lisboa reconfigura o intertexto historiográfico de maneiras distintas, que vão da reprodução literal de excertos e da referência nominal a seus autores até a absorção paródica de grandes blocos das obras de origem. Essas citações aparecem em geral emolduradas por comentários irônicos da instância narrativa, conferindo uma apreciação pouco sacralizada e bastante díspar da observada nas fontes históricas consultadas aos eventos e personalidades históricas importantes. Outra forma de retomada intertextual refere-se ao resgate de figuras menores do passado português, o soldado Mogueime e a princesa moura Oureana, e das vozes mouras silenciadas pela conquista. Além de problematizar o passado lusitano por meio da apropriação intertextual de obras que o enfocam, o narrador saramaguiano questiona os métodos de escrita historiográfica ao ficcionalizar o embate de pelo menos duas concepções de história distintas, uma representada pelo Historiador e outra por Raimundo Silva, bem como de sugerir a leitura do passado mediante a técnica do palimpsesto. / This thesis aims to analyze how the representation of historical events related to the 1147 siege of Lisbon undertaken in the historiographical texts Conquista De Lisboa aos Mouros (1147) by Osberno, Crónica de cinco reis de Portugal by Fernão Lopes, Crónica de Dom Affonso Henriques by Frei António Brandão, and História de Portugal: 1.ª época, desde a origem da monarquia até D. Afonso III by Alexandre Herculano is reconfigured in the ficcional narrative History of the Siege of Lisbon, by Portuguese writer José Saramago. Specifically, we meant to identify, through the study of historical sources concerning the conquest of Lisbon, characteristic features of the official historical record of this historic event and how the its important characters are presented; to determine to what extent Portuguese historiographical texts are intertextualy appropriated by the History of the Siege of Lisbon narrator; to find out what is the narrator's attitude towards the official historical record concerning such historical moment; to verify how the historical characters involved in the siege and conquest of Lisbon are represented in the novel; and to determine to what extent the rewriting of the siege of Lisbon undertaken in the novel is unsanctified and parodic. The novel’s analysis was theoretically guided, on the one hand, for studies related to the various instances of crossings between literary discourse and historical discourse – especially works by historians Hayden White, Paul Ricoeur, Carlo Ginzburg, Saul Friedlander and Dominick LaCapra – and, on the other hand, the assignment of the concept of historiographic metafiction, by Linda Hutcheon, to Saramago’s narrative. After the study of the novel in the light of the historical sources, it was concluded that the History of the siege of Lisbon’s narrator reconfigures the historiographical intertext in different ways, ranging from literal reproduction of excerpts and nominal reference to their authors to the parodic absorption of large blocks of works. These quotes are usually framed by ironic comments of the narrative instance, giving an assessment that isn’t sanctified and is quite disparate from that given by the consulted historical sources to the historical events and its important figures. Another form of intertextual resumption refers to rescue of smaller figures of Portuguese past, as the soldier Mogueime and the Moorish princess Oureana, as well as the Moorish voices silenced by the conquest. Besides questioning the Lusitanian past through intertextual appropriation of sources, Saramago’s narrator questions the historiographical writing methods by fictionalizing the clash of at least two different conceptions of history, represented by the historian and by Raimundo Silva, as well as suggest the reading of the past throught the use of palimpsest technique.
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O evangelho segundo o narrador : o papel do narrador em "O evangelho segundo Jesus Cristo" de José Saramago

Nedel, Paulo Augusto January 2006 (has links)
Este trabalho tem por intuito analisar o narrador d’O evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago, livro que reconta a vida de Jesus sob um novo ponto de vista, mantendo intenso diálogo com a História que nos chegou através dos relatos dos Evangelhos bíblicos. Saramago escreve um romance histórico, porém que objetiva rever o passado não de forma nostálgica, mas, sim, reflexiva e crítica. Para isso, utiliza um narrador de estilo próprio e linguagem envolvente, que joga com a ironia e a paródia, colocando em dúvida e questionando o que se tem como verdade e invertendo o papel das personagens, incluindo o leitor em seus comentários e reflexões, obrigando-o a uma leitura ativa, da qual faz parte. / This document has intent to analyze the narrator of The gospel according Jesus Christ by José Saramago, a book that tells the life of Jesus Christ under a new point of view, keeping the intensive dialog that was told us through the reports of the biblical gospels. Saramago wrotes a historical novel, aiming although to review the past not in a nostalgical way but reflexive and critic. For doing that, Saramago uses a narrator with its own style and involving language, one that plays with irony and parody, putting in doubt what is known by truth and inverting the role of the characters including the reader in his comments and reflexions, thus obligating the reader to make an active read in which he is inserted.
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Os muitos cercos de Lisboa : a reconfiguração ficcional do intertexto historiográfico em História do cerco de Lisboa de José Saramago

Redu, Iarima Nunes January 2015 (has links)
Esta dissertação tem como objetivo analisar de que maneira a representação dos eventos históricos referentes ao cerco de Lisboa de 1147 empreendida nos textos historiográficos Conquista De Lisboa aos Mouros (1147) de Osberno, Crónica de cinco reis de Portugal atribuído a Fernão Lopes, Crónica de Dom Affonso Henriques, do Frei António Brandão, e História de Portugal: 1.ª época, desde a origem da monarquia até D. Afonso III de Alexandre Herculano, é reconfigurada na narrativa ficcional História do Cerco de Lisboa, do escritor português José Saramago. Especificamente, tencionou-se identificar, por meio do estudo de fontes históricas referentes à conquista de Lisboa de 1147, aspectos característicos da narrativa histórica oficial de tal evento histórico e da apresentação de suas personagens importantes; determinar em que medida textos historiográficos portugueses são intertextualmente apropriados pelo narrador de História do Cerco de Lisboa; averiguar qual é a atitude do narrador em relação ao discurso histórico oficial referente a tal momento histórico; verificar de que maneira as personagens históricas envolvidas no cerco e na tomada de Lisboa são representadas no romance; e determinar em que medida a reescrita do cerco de Lisboa empreendida no romance é dessacralizadora e paródica. A análise do romance foi norteada teoricamente, por um lado, por estudos referentes às muitas instâncias do cruzamento entre discurso literário e discurso histórico – especialmente por obras dos historiadores Hayden White, Paul Ricoeur, Carlo Ginzburg, Saul Friedländer e Dominick LaCapra – e, por outro, pela atribuição do conceito de metaficção historiográfica, de Linda Hutcheon, à narrativa saramaguiana. Depois do estudo do romance à luz das obras históricas, concluiu-se que o narrador de História do cerco de Lisboa reconfigura o intertexto historiográfico de maneiras distintas, que vão da reprodução literal de excertos e da referência nominal a seus autores até a absorção paródica de grandes blocos das obras de origem. Essas citações aparecem em geral emolduradas por comentários irônicos da instância narrativa, conferindo uma apreciação pouco sacralizada e bastante díspar da observada nas fontes históricas consultadas aos eventos e personalidades históricas importantes. Outra forma de retomada intertextual refere-se ao resgate de figuras menores do passado português, o soldado Mogueime e a princesa moura Oureana, e das vozes mouras silenciadas pela conquista. Além de problematizar o passado lusitano por meio da apropriação intertextual de obras que o enfocam, o narrador saramaguiano questiona os métodos de escrita historiográfica ao ficcionalizar o embate de pelo menos duas concepções de história distintas, uma representada pelo Historiador e outra por Raimundo Silva, bem como de sugerir a leitura do passado mediante a técnica do palimpsesto. / This thesis aims to analyze how the representation of historical events related to the 1147 siege of Lisbon undertaken in the historiographical texts Conquista De Lisboa aos Mouros (1147) by Osberno, Crónica de cinco reis de Portugal by Fernão Lopes, Crónica de Dom Affonso Henriques by Frei António Brandão, and História de Portugal: 1.ª época, desde a origem da monarquia até D. Afonso III by Alexandre Herculano is reconfigured in the ficcional narrative History of the Siege of Lisbon, by Portuguese writer José Saramago. Specifically, we meant to identify, through the study of historical sources concerning the conquest of Lisbon, characteristic features of the official historical record of this historic event and how the its important characters are presented; to determine to what extent Portuguese historiographical texts are intertextualy appropriated by the History of the Siege of Lisbon narrator; to find out what is the narrator's attitude towards the official historical record concerning such historical moment; to verify how the historical characters involved in the siege and conquest of Lisbon are represented in the novel; and to determine to what extent the rewriting of the siege of Lisbon undertaken in the novel is unsanctified and parodic. The novel’s analysis was theoretically guided, on the one hand, for studies related to the various instances of crossings between literary discourse and historical discourse – especially works by historians Hayden White, Paul Ricoeur, Carlo Ginzburg, Saul Friedlander and Dominick LaCapra – and, on the other hand, the assignment of the concept of historiographic metafiction, by Linda Hutcheon, to Saramago’s narrative. After the study of the novel in the light of the historical sources, it was concluded that the History of the siege of Lisbon’s narrator reconfigures the historiographical intertext in different ways, ranging from literal reproduction of excerpts and nominal reference to their authors to the parodic absorption of large blocks of works. These quotes are usually framed by ironic comments of the narrative instance, giving an assessment that isn’t sanctified and is quite disparate from that given by the consulted historical sources to the historical events and its important figures. Another form of intertextual resumption refers to rescue of smaller figures of Portuguese past, as the soldier Mogueime and the Moorish princess Oureana, as well as the Moorish voices silenced by the conquest. Besides questioning the Lusitanian past through intertextual appropriation of sources, Saramago’s narrator questions the historiographical writing methods by fictionalizing the clash of at least two different conceptions of history, represented by the historian and by Raimundo Silva, as well as suggest the reading of the past throught the use of palimpsest technique.
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Tensão entre literatura e filosofia : a linha de sutura para a compreensão de uma realidade comparada

Santos, Pâmela Cristina Damasceno dos January 2014 (has links)
Utilizando-me dos Estudos Literários Comparados, com enfoque na relação interdisciplinar que a Literatura entretém com a Filosofia, no presente trabalho, pretendo confrontar dois modelos discursivos – o discurso recriado por José Saramago ao versar em seu objeto literário, "O Evangelho segundo Jesus Cristo", uma possibilidade de elucidar a 'verdadeira' versão dos episódios bíblicos e o formato de discurso filosófico desenvolvido por Friedrich Nietzsche, na obra “Genealogia da Moral, a respeito da possibilidade de reaver uma realidade cristã historicamente construída - propondo, a partir do traçado dessa relação magistral, uma reflexão acerca de certos modos morais de conceber o mundo. Nesse sentido, a Literatura Comparada, entendida enquanto estratégia de leitura, é tomada como forma de investigação que se situa entre os objetos, colocando-os em relação ao passo que descentraliza a estreiteza das convenções disciplinares que, então, delimitam os regimes de pensamento construídos. Literatura e Filosofia, ambas produtos de construções discursivas, passam a ser analisadas a partir de uma abordagem interdisciplinar, aplicada a fim de que se compreenda a maneira como contribuem para a formação do conhecimento e para a construção e aprimoramento ético dos sujeitos sociais que delas se utilizam. Debruço-me, assim, sobre esses domínios na condição de espaços discursivos de construção do conhecimento e reflexão de saberes que, transitando em um 'entrelugar', onde o lócus de enunciação do 'particular' é desarticulado, possibilitam avançar nas fronteiras do conhecimento, inclusive, no que tange à experiência ética de aprendizado humano. Através da construção desse comparativo, tenho o intento de tematizar a respeito do lócus de enunciação indisciplinado1 ocupado pelos domínios do literário e do filosófico. A relevância da pesquisa em questão reside, pois, na possibilidade de podermos, a partir das relações tecidas, remontar a própria discussão a que se propõem hoje os estudos literários, vindo ao encontro das constatações atuais suscitadas pelo campo teórico comparativista. Valendo-me de um recorte exemplar, uma situação de exceção na qual a Literatura e a Filosofia são postas à luz de minhas análises, traço, dessa maneira, uma analogia a aspectos constantemente repensados e ressignificados pela Teoria Literária. / Utilizándome de los Estudios Literarios Comparados, con énfasis en la relación interdisciplinaria que la Literatura mantiene con la Filosofía, en este trabajo, pretendo confrontar dos arquetipos discursivos - el discurso recreado por José Saramago al tratar en su objeto literario, "El Evangelio según Jesucristo2", una posibilidad de elucidar la 'verdadera' versión de los episodios bíblicos y la forma de discurso filosófico desarrollada por Friedrich Nietzsche, en la obra Genealogía de la Moral3", a respecto de la posibilidad de rever una realidad cristiana históricamente construida - proponiendo, a través de esa relación magistral, una reflexión sobre ciertos modos morales de comprender el mundo. En este sentido, la Literatura Comparada, comprendida como estrategia de lectura, es una forma de investigación que se ubica entre los objetos, poniéndoles en relación mientras descentraliza la estrechez de las convenciones disciplinarias que delimitan los regímenes de pensamiento construidos. La Literatura y la Filosofía, productos de construcciones discursivas, pasan a ser tratadas por medio de una visión interdisciplinaria, utilizada con el objetivo de que se comprenda la manera como contribuyen para la formación del conocimiento y para la construcción y perfeccionamiento ético de los sujetos sociales. Así, me fijé en estos dominios, analizados en la condición de espacios discursivos de construcción del conocimiento y reflexión de saberes en los que, transitando en un "entrelugar", donde el locus de enunciación del particular es desarticulado, nos posibilitan avanzar en los límites del conocimiento, incluso, a lo que se refiere a las experiencias éticas del aprendizaje humano. A través de la construcción de ese comparativo, yo tengo la intención de tematizar acerca del locus de enunciación 'indisciplinado' comprendido por los dominios del literario y del filosófico. La importancia de la pesquisa en cuestión está, pues, en la posibilidad de conseguirse, por medio de las relaciones establecidas, recomponer la discusión a la que se proponen hoy los estudios literarios, convergiendo con las constataciones actuales suscitadas por el campo teórico del Comparatismo. Utilizándome de un estudio puntual de una situación de excepción en la que la Literatura y la Filosofía son puestas a la luz de mis análisis, trazo, de esa manera, una analogía de los aspectos frecuentemente reflexionados por la Teoría Literaria.
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“Movimentos nos astros, movimentos na terra”: consciência histórica em levantado do chão

Galeni, Luís Alfredo Paduanelli January 2018 (has links)
A consciência histórica é a manifestação do processo ontológico da interpretação, no qual o passado que afeta o presente se manifesta enquanto uma alteridade, ampliando o horizonte do intérprete. A produção de uma consciência histórica não é uma possibilidade apenas da ciência histórica. A literatura, mais especificamente a obra Levantado do chão do escritor português José Saramago, também pode produzi-la. A realização dessa empreitada, entretanto, não segue os procedimentos e protocolos da historiografia, tampouco almeja se enquadrar ou produzir um discurso semelhante. É através da articulação das dimensões temporais mudança e permanência pela narrativa que a consciência histórica é construída no romance. / Historical consciousness is the manifestation of the ontological process of interpretation, in which the past that affects the present manifests itself as an otherness, enlarging the horizon of the interpreter. The production of a historical consciousness is not a possibility only of historical science. Literature, more specifically the work Levantado do chão of the portuguese writer José Saramago, can also produce it. The realization of this work, however, does not follow the procedures and protocols of historiography, nor does it seek to fit in or produce a similar discourse. It is through the articulation of the temporal dimensions change and permanence by the narrative that historical consciousness is built on the novel.
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Des critiques de la représentation aux représentation de l'éthique : parcours herméneutique d'une compréhension de soi dans La caverne de José Saramago et l'Invitation au supplice de Vladimir Nabokov

Bourgoin-Castonguay, Simon 12 April 2018 (has links)
Ce mémoire poursuit une double visée. Il a pour dessein, dans un premier temps, de démontrer que les romans à l'étude, soit La caverne de José Saramago et l'Invitation au supplice de Vladimir Nabokov, thématisent et réalisent une critique de la représentation, en reprenant notamment certaines modalités du procès adressé par Platon à la mimèsis. Nous cherchons dans un second temps à expliciter en quoi cette critique correspond à un geste éthique, entendu comme volonté de compréhension de soi. Cette compréhension de soi est à son tour rendue possible par la fonction de médiation propre à la mise en récit. À travers le concept d'identité narrative développé par Paul Ricoeur et l'analyse des régimes de lecture proposés par Richard St-Gelais, ce mémoire retrace le parcours herméneutique emprunté tant par les personnages qui dénoncent le monde de l'apparence que par les lecteurs qui se distancient du régime de la représentation. Cette double lecture permet ainsi d'interpréter simultanément leur situation commune : jetés au monde en souffrance de comprendre, ils poursuivent, à travers le circuit de leur ipséité, une recherche sur la signification de leur condition ontologique, en devenant miroirs l'un pour l'autre.
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Percorrendo os caminhos da morte rumo à personificação em 'As Intermitências da Morte' e 'O Triunfo da Morte'

Trindade, Alessandra Accorsi January 2012 (has links)
Este estudo investiga a personificação da morte como um dos grandes elementos de ruptura entre a literatura portuguesa tradicional e a contemporânea e como subsídio para reflexão acerca da realidade pós-moderna portuguesa. Diante de uma tradição estagnada em torno do lirismo, surgem produções artísticas que buscaram matéria literária no imaginário europeu para desenvolver uma literatura de cunho crítico. A importância do imaginário da morte medieval como referência cultural é comprovada através da gama de iconografias e de textos escritos encontrados ao longo dos tempos, inclusive na contemporaneidade e na preservação de festas populares ainda no século 21. Seguindo essa tendência, a personificação da morte é o elemento central desenvolvido no romance de José Saramago As intermitências da morte, e de Augusto Abelaira O triunfo da morte, literatura pós-74, como via para renovação literária e exercício crítico da sociedade. Também é através da figura da morte que são desenvolvidos três conceitos pós-modernos: ruptura entre ficção e realidade, paródia e ironia. Essas abordagens são trabalhadas a partir da teoria de Käte Hamburger e Linda Hutcheon, entre outros, em função da possibilidade de unir o tema da morte e a teoria pós-moderna no percurso teórico específico definido neste estudo. / This study investigates the death personification as one of the great elements of rupture between the Portuguese Traditional Literature and the Contemporary Literature as a subsidy for reflection on the Portuguese post-modern reality. Facing a stagnant tradition around the lyric, artistic productions appear which searched literary subject from the European imaginary to develop a literature on a critical way. The importance of the imaginary of medieval death as a cultural reference is proved through a great deal of iconographies and from written texts found along the ages also in the contemporaneity and in the preservation of popular parties and feasts still in the 21st century. Following this tendency, the death personification is the central element developed in the novel by José Saramago As intermitências da morte, and by Augusto Abelaira O Triunfo da morte, literature post-74, seen as a way to literature renovation as well as a critical society exercise. It is also through the death figure that three post-modern concepts are developed: rupture between fiction and reality, parody and irony. These approaches are worked and developed from the theory by Käte Hamburger and Linda Hutcheon, among others, because of the possibility of uniting the death theme and the post-modern theory on the theory specific course defined in this study.
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Percorrendo os caminhos da morte rumo à personificação em 'As Intermitências da Morte' e 'O Triunfo da Morte'

Trindade, Alessandra Accorsi January 2012 (has links)
Este estudo investiga a personificação da morte como um dos grandes elementos de ruptura entre a literatura portuguesa tradicional e a contemporânea e como subsídio para reflexão acerca da realidade pós-moderna portuguesa. Diante de uma tradição estagnada em torno do lirismo, surgem produções artísticas que buscaram matéria literária no imaginário europeu para desenvolver uma literatura de cunho crítico. A importância do imaginário da morte medieval como referência cultural é comprovada através da gama de iconografias e de textos escritos encontrados ao longo dos tempos, inclusive na contemporaneidade e na preservação de festas populares ainda no século 21. Seguindo essa tendência, a personificação da morte é o elemento central desenvolvido no romance de José Saramago As intermitências da morte, e de Augusto Abelaira O triunfo da morte, literatura pós-74, como via para renovação literária e exercício crítico da sociedade. Também é através da figura da morte que são desenvolvidos três conceitos pós-modernos: ruptura entre ficção e realidade, paródia e ironia. Essas abordagens são trabalhadas a partir da teoria de Käte Hamburger e Linda Hutcheon, entre outros, em função da possibilidade de unir o tema da morte e a teoria pós-moderna no percurso teórico específico definido neste estudo. / This study investigates the death personification as one of the great elements of rupture between the Portuguese Traditional Literature and the Contemporary Literature as a subsidy for reflection on the Portuguese post-modern reality. Facing a stagnant tradition around the lyric, artistic productions appear which searched literary subject from the European imaginary to develop a literature on a critical way. The importance of the imaginary of medieval death as a cultural reference is proved through a great deal of iconographies and from written texts found along the ages also in the contemporaneity and in the preservation of popular parties and feasts still in the 21st century. Following this tendency, the death personification is the central element developed in the novel by José Saramago As intermitências da morte, and by Augusto Abelaira O Triunfo da morte, literature post-74, seen as a way to literature renovation as well as a critical society exercise. It is also through the death figure that three post-modern concepts are developed: rupture between fiction and reality, parody and irony. These approaches are worked and developed from the theory by Käte Hamburger and Linda Hutcheon, among others, because of the possibility of uniting the death theme and the post-modern theory on the theory specific course defined in this study.

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