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Análise da concentração de mercúrio em fósseis de vertebrados do Grupo Bauru, Cretáceo Superior, Brasil

Cardia, Felipe Mendes dos Santos 28 June 2018 (has links)
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Química, Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Química e Biológica, 2018. / O presente trabalho de Doutorado tem como escopo o desenvolvimento de metodologia de estudo e análise em fósseis, utilizando o elemento Mercúrio (Hg) como marcador químico para a identificação dos fenômenos de Bioacumulação e Biomagnificação trófica em paleoecosssistemas, e outras implicações para estudos paleontológicos. Em síntese, aqui foi realizada a determinação da concentração de Mercúrio Total (HgT) em fósseis de vertebrados do Cretáceo Superior continental brasileiro. Os materiais analisados foram coletados nas formações Adamantina, Uberaba e Marília do Grupo Bauru e correspondem a rochas sedimentares e fósseis de dentes, ossos, placas dérmicas, escamas de peixes, carapaças de tartarugas e cascas de ovos referentes de peixes, testudinos, anfíbios, crocodilomorfos notossúquios, dinossauros (saurópodes e terópodes) e aves. A metodologia de estudo aqui proposta é baseada na técnica de espectrometria de absorção atômica Zeeman, sendo determinadas nas amostras analizadas concentrações que variaram entre 2 e 77 ng.g-1 de mercúrio total (HgT). Foram registradas leves flutuações nos valores de mercúrio nas diferentes matrizes analíticas, prevalecendo dentes e ossos como os materiais com a melhor capacidade de aprisionamento de Hg e os mais indicados para este tipo de análise. Os resultados apontam diferentes concentrações de Hg entre os táxons analisados e valores relativamente iguais para espécimes pertencentes a um mesmo clado, independentemente da formação geológica em que foram encontrados. Os táxons analisados foram posicionados em níveis tróficos, sendo classificados como consumidores primários, consumidores intermediários e consumidores de topo de cadeia alimentar dos paleoecossistemas do Grupo Bauru no Neocretáceo. A bioacumulação foi descrita na diferença dos valores de Hg entre indivíduos jovens e adultos de Crocodylomorpha com até 38% mais Hg para o adulto. Este fenômeno foi relacionado à contínua exposição destes animais em seus paleoecossistemas. Este estudo, de maneira inédita, revela o potencial da bioacumulação de Hg em fósseis de vertebrados para a Paleontologia, uma vez que foi possível determinar em uma evidência direta de predação em crocodiliformes (fóssil in fóssil) a biomagnificação trófica, com aproximadamente 50% mais Hg para o predador analisado, o crocodilomorfo Aplestosuchus. A metodologia de estudo aqui apresentada se demonstra como uma ferramenta importante, acessível e eficaz à quantificação de Hg em fósseis, podendo ser aplicada a diferentes regiões do globo ou distintos períodos geológicos. / The present PhD thesis proposed a methodology of study and analysis in fossils, using the element Mercury (Hg) as a chemical marker for the identification of the phenomena of Bioaccumulation and Trophic Biomagnification in paleoecosystems and other implications for paleontological studies. In summary, the concentration of Total Mercury (THg) in vertebrate fossils of the Brazilian continental Upper Cretaceous was determined. The analyzed materials were collected from the Adamantina, Uberaba, and Marília formations, and correspond to sediments and fossils of teeth, bones, dermal scutes, fish scales, turtle shells, and eggshells comprising fish, turtles, amphibians, crocodylomorphs, dinosaurs (sauropods and theropods), and birds. The methodology proposed here is based on the Zeeman atomic absorption spectrometry, being determined in the analyzed samples concentrations ranging from 2 to 77 ng.g-1. There were slight fluctuations in mercury values in different analytical matrices, with teeth and bones being the materials with the best capacity for trapping Hg and, therefore, the best remains for this type of analysis. The results indicate different concentrations of Hg among the analyzed taxa and relatively equal values for specimens belonging to the same clade regardless the geological formation in which they were found. The analyzed taxa were assigned to trophic levels, being classified as primary consumers, intermediate consumers, and top predators of the Bauru Group paleoecosystems. Bioaccumulation was described on the basis of the difference in Hg values between juvenile and adult Crocodylomorpha individuals showing up to 38% more Hg in adult specimens. This phenomenon was related to the continuous Hg exposure of these animals in their paleoecosystems. This original study reveals the potential of Hg bioaccumulation in vertebrate fossils for Paleontology, since it was validated on the basis of direct evidence of predation in crocodyliforms (fossil in fossil), with approximately 50% more Hg in the analyzed predator, the crocodylomorph Aplestosuchus. The present study methodology is an important, accessible, and effective tool for the quantification of Hg in fossils and can be applied to different regions of the globe or geological periods.

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