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[en] HISTORICAL SOCIOENVIRONMENTAL CHANGES AND GEO-HIDROECOLOGICAL RESULTANTS IN MANAGEMENT AREAS (QUILOMBO DO CAMPINHO DA INDEPENDÊNCIA, PARATY, RJ). / [pt] MUDANÇAS SOCIOAMBIENTAIS HISTÓRICAS E RESULTANTES GEO-HIDROECOLÓGICAS EM ÁREAS DE MANEJO (QUILOMBO DO CAMPINHO DA INDEPENDÊNCIA, PARATY, RJ)

JOANA STINGEL FRAGA 29 December 2021 (has links)
[pt] O litoral sul fluminense vem passando por muitas mudanças desde a abertura da rodovia Rio-Santos na década de 1970, o que provocou diversos conflitos socioambientais em decorrência de um intenso processo de especulação imobiliária. Em paralelo, a criação de diversas unidades de conservação restringiu práticas das comunidades tradicionais locais e reorganizaram de diversas formas seus territórios. No ano de 2014, a crise hídrica do sudeste brasileiro afetou também comunidades rurais em Paraty, entre elas, a comunidade do Quilombo Campinho da Independência localizada na bacia do rio Carapitanga. Buscou-se compreender se a crise hídrica local se deu em decorrência unicamente de uma variabilidade climática ou se foi potencializada por mudanças socioambientais recentes. Sendo assim, foram analisados os processos sociais históricos que conduziram às mudanças de uso do solo na região, tendo como foco as comunidades quilombolas e suas formas de resistência e adaptação aos diferentes contextos históricos. Em seguida, foram analisadas variáveis ambientais locais como a distribuição histórica da precipitação na bacia do Carapitanga e as resultantes geo-hidroecológicas do manejo tradicional. Para tal, foram selecionadas três áreas no Quilombo do Campinho que foram utilizadas em tempos distintos: florestas de 30 e 50 anos regeneradas após abandono de roças e uma área de agrofloresta, recentemente implementada (10 anos). As variáveis monitoradas, coletadas e analisadas ao longo da pesquisa foram: precipitação, interceptação florestal, umidade do solo, capacidade de retenção hídrica da serrapilheira, propriedades físicas e condutividade hidráulica saturada (Ksat) do solo, levantamento fitossociológico das áreas regeneradas após o uso e a classificação das espécies arbóreas em grupos ecológicos. Os resultados indicam que o manejo destas comunidades produz na paisagem um mosaico vegetacional em diferentes estágios sucessionais com diferentes funções geo-hidroecológicas. Dentre essas funções, as três áreas se destacaram diferentemente. De forma geral, a agrofloresta apresentou maiores valores de Ksat e umidade do solo, consistindo numa área de maior recarga e armazenamento de água, além das espécies cultivadas servirem de alimento para a fauna, fortalecendo interações ecológicas. A floresta de 30 anos apresentou a maior diversidade de espécies arbóreas e a floresta de 50 anos a maior diversidade estrutural dos indivíduos arbóreos e, consequentemente, a maior interceptação da precipitação. Ainda que a luta e a resistência das comunidades tradicionais tenham produzido avanços, políticas e dinâmicas mais recentes na região aliadas às tendências pluviométricas para o sudeste brasileiro acendem alertas, uma vez mais, para as consequências socioambientais do modelo político e econômico dominante. / [en] The southern coast of Rio de Janeiro has undergone many changes since the opening of the Rio-Santos highway in the 1970s. This fact has caused several socio-environmental conflicts as a result of an intense process of real estate speculation and several conservation units were created, which controlled traditional community practices and so, reorganized their territories in different ways. In 2014, the water crisis in southeastern Brazil also affected rural communities in Paraty, including the Quilombo Campinho da Independência community located in the Carapitanga river basin. We sought to understand if the local water crisis occurred solely as a result of climate variability or if it was enhanced by recent socio-environmental changes. Thus, the historical social processes that led to changes in land use in the region were analyzed, focusing on quilombola communities and their forms of resistance and adaptation to different historical contexts. Then, local environmental variables were analyzed, such as the historical distribution of precipitation in the Carapitanga basin and the geo-hydroecological results of traditional management. To this end, three areas were selected in Quilombo do Campinho that were used at different times: 30- and 50-year-old forests regenerated after the abandonment of swiddens and an agroforestry area, recently implemented (10 years). The variables monitored, collected and analyzed throughout the research were: precipitation, forest interception, soil moisture, litter water retention capacity, physical properties and saturated hydraulic conductivity (Ksat) of the soil, phytosociological survey of regenerated areas after use and the classification of tree species into ecological groups. The results indicate that the management of these communities produces a vegetation mosaic in the landscape at different successional stages with different geo-hydroecological functions. Among these functions, the three areas stood out differently. In general, the agroforestry showed higher values of Ksat and soil moisture, consisting of an area of greater water recharge and storage, in addition to the cultivated species serving as food for the fauna, strengthening ecological interactions. The 30-year-old forest had the greatest diversity of tree species and the 50-year-old forest the greatest structural diversity of individual trees and, consequently, the greatest precipitation interception. Although the struggle and resistance of traditional communities have produced advances, more recent policies and dynamics in the region, combined with rainfall trends for the Brazilian Southeast, raise alerts, once again, for the socio-environmental consequences of the dominant political and economic model.

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