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Representações e identidades de mulheres gordas em práticas midiáticas digitais: tensões entre vozes de resistência e vozes hegemônicas / Representations and identities of fat women in digital midiatic pratices: tensions between resistance voices and hegemonic voices

Carvalho, Alexandra Bittencourt de 19 March 2018 (has links)
Submitted by MARCOS LEANDRO TEIXEIRA DE OLIVEIRA (marcosteixeira@ufv.br) on 2018-08-20T18:55:07Z No. of bitstreams: 1 texto completo.pdf: 1267013 bytes, checksum: f045dfff8b079bd74450379538ce67cf (MD5) / Made available in DSpace on 2018-08-20T18:55:07Z (GMT). No. of bitstreams: 1 texto completo.pdf: 1267013 bytes, checksum: f045dfff8b079bd74450379538ce67cf (MD5) Previous issue date: 2018-03-19 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / É notável a preocupação com o corpo que uma parcela da sociedade contemporânea possui. Ele é visto como referência de bem-estar, sucesso profissional, financeiro e amoroso assim como performatizador de padrão de beleza. Os discursos que permeiam os dias de hoje sobre os corpos estabelecem uma concepção de que estes devam ser saudáveis, magros, desejáveis, brancos, ricos e belos. Portanto, sentidos negativos são gerados e discursos são disseminados sobre os corpos gordos constituindo a base simbólica da gordofobia, um preconceito baseado no tamanho e peso das pessoas. Tal preconceito tem como efeito a repulsa destes corpos, configurando-os como um corpo abjeto (BUTLER, 2016). Em contrapartida, sentidos positivos que combatem a gordofobia emergem, fazendo com que se ressignifiquem os corpos gordos, construindo discursos a favor da diversidade dos corpos e da autoaceitação. A pesquisa, então, tem como objetivo, a partir da Análise do Discurso Crítica de cunho anglo-saxã (FAIRCLOUGH, 2001[1992]; CHOULIARAKI e FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2003) intercruzada às teorias sobre corpos (BORDO, 1997; LE BRETON, 2010; BUTLER, 2016), aos Fat Studies (HARJUNEN, 2009; ROTHBLUM, 2011) e aos Relatos de si (BUTLER, 2016), uma análise crítica discursiva sobre as representações e identidades que mulheres gordas fazem de si, em relatos em práticas midiáticas digitais, trazendo à tona os sentidos negativos que a sociedade faz delas – e, por extensão, de outras gordas – bem como revelando outros possíveis olhares sobre seus corpos. Assim, investigar quais instituições são responsáveis pela construção negativa de discursos e identidades sobre corpos gordos bem como os responsáveis por combatê-los. Outro interesse é analisar como as representações e identidades dos corpos gordos se modificam quando interseccionadas a outros marcadores sociais como raça, gênero, sexualidade e geração. Nosso corpus é constituído por dez (10) textos digitais, sendo três (3) blogs e uma (1) revista online, respectivamente Gorda e Sapatão, Kiss the Fat Girl, Beleza sem Tamanho e Capitolina. Dividimos a análise em três categorias temáticas: a (des)construção do corpo feio e doente; a criação e transformação das representações e identidades das gordas e o empoderamento. Na primeira categoria, constatamos que as instituições que legitimam os sentidos sobre os corpos gordos como feios são, primeiro, a pornografia, ao construir um ideal de beleza e desejo no corpo tonificado e, segundo, a moda, ao estabelecer o ideal de beleza magro, e, no que concerne à moda plus size, o ideal de um corpo gordo que mais se assemelha ao padrão. Além disso, a biomedicina, a partir da medicalização (HARJUNEN, 2009) dos corpos gordos, homogeneizando-os como doentes e, portanto, alvo de cura. A instituição que ressignifica tais corpos é a da militância gorda, inserida nos movimentos feministas de vertente interseccional, trazendo os corpos gordos como belos e saudáveis. Na segunda categoria, as instituições que criam as representações e identidades negativas sobre os corpos gordos são o governo, a partir de políticas de acessibilidade que não contemplam todos os corpos e a moda ao criar um padrão de gorda para a moda plus size. A transformação se dá nos relatos de si, também na militância gorda, a partir da representatividade de mulheres gordas como exemplos a serem seguidos e da autoaceitação. Na terceira categoria, representada pela mesma instituição de ressignificação e transformação das representações e identidades, o empoderamento é compreendido ainda na esfera do desejo, através, principalmente, da autoaceitação e da crítica às feminilidades. Por fim, contatamos que, a partir do entrecruzamento do cenário da negociação da diferença de Fairclough (2003) aos marcadores sociais da diferença, quanto maior é a intersecção destes nos relatos de si, mais temáticas são problematizadas, acentuando as diferenças, e revelando lutas de significado. No que tange à identidade de gênero, constatamos que não há relatos de mulheres trans gordas, uma forma de suprimir as diferenças e emergir relações assimétricas de poder dentro dos relatos de si de gordas nas práticas midiáticas digitais. / It is noticeable how part of contemporary society worries about the body. It is seen as a reference of well-being, professional, financial and love relationship success as well performatizing beauty pattern. Current discourses about bodies establish a conception that these bodies should be healthy, thin, desirable, white, rich and beautiful. Therefore, negative meanings are generated and discourses are disseminated about fat bodies constituting a symbolic base for fatphobia, a prejudice based on people’s size and weight. Such prejudice has the effect of repulsion over these bodies, configuring them as an abject body (BUTLER, 2016). In contrast, positive meanings that combat fatphobia have emerged, causing a redefinition of fat bodies, constructing discourses in favor of diversity of bodies and self-acceptance. This study aims to do, through Anglo- Saxon Critical Discourse Analysis (FAIRCLOUGH,2001[1992];CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2003) intertwined with body theories (BORDO, 1997; LE BRETON, 2010; BUTLER, 2016), with Fat Studies (HARJUNEN, 2009; ROTHBLUM, 2011) and with Giving An Account of Oneself (BUTLER, 2016), a critical discursive analysis about representations and identities that fat women have about themselves, in digital media practice, eliciting negative meanings society makes about them – and, by extension, of other fat women – as well as revealing other possible looks over their bodies. Thus, to investigate which institutions are responsible for the negative construction of discourses and identities of fat bodies as well as the responsible ones for combating them. Another interest is to analyze how representations and identities of fat bodies modify when intersected with other social markers such as race, gender, sexuality and generation. Our corpus is constituted of ten (10) digital texts, being three (3) blogs and one (1) online magazine, respectively Gorda e Sapatão, Kiss the Fat Girl, Beleza sem Tamanho and Capitolina. The analysis was divided in three thematic categories: a (de) construction of ugly and sick body; the creation and transformation of representations and identities of fat women and empowerment. In the first category, we notice that the institutions which legitimate meanings about fat bodies as ugly bodies are, first, pornography, by constructing a beauty and desire ideal of the toned body and, second, fashion, by establishing a beauty ideal of the thin body, and, concerning plus size fashion, the ideal of a fat body that most resembles to the pattern. Besides those, biomedicine, through medicalization (HARJUNEN, 2009) of fat bodies, homogenizing them as sick and, therefore, healing targets. The institution which gives a new meaning to such bodies is fat militancy, inserted on feminist movements of intersectional aspect, giving meaning to fat bodies as beautiful and healthy bodies. In the second category, the institutions which create negative representations and identities about fat bodies are the Government, through accessibility policies that do not contemplate all bodies and Fashion by creating a pattern of fat women for plus size fashion. Transformation happens in self-reports, also in fat militancy, through representativeness of fat women as examples to be followed and self-acceptance. In the third category, represented by the same institution of redefinition and transformation of representations and identities, empowerment is still noticed on the desire sphere, through, mainly, self-acceptance and criticism to femininities. Finally, we realize that, from the tangle of difference negotiation scenario by Fairclough (2003) to the social markers of difference, the biggest the intersection of these self-reports, the most themes are problematized, accentuating differences, and revealing meaning fights. Concerning gender identity, we noticed that there are no reports of trans fat women, a way to suppress differences and emerge asymmetrical power relationships inside self-reports of fat women in digital media practice.

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