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Por uma história econômica da escola: a carteira escolar como vetor de relações (São Paulo, 1874 -1914) / For an economic school history: the school desk as a vector of relations (São Paulo, 1874-1914)

Alcântara, Wiara Rosa Rios 28 March 2014 (has links)
O estudo da materialidade da escola, no caso, a carteira escolar, evidencia como questões de ordem econômica e administrativa estão relacionadas à estrutura e ao funcionamento das instituições de ensino. Por isso, neste trabalho, investiga-se a emergência da escola como mercado consumidor, do Estado como comprador e da indústria de mobiliário escolar, em São Paulo, entre o fim do século XIX e início do século XX. Para tanto, as fontes utilizadas foram inventários de bens, ofícios e correspondências de diretores e professores solicitando material escolar (documentos produzidos no interior da escola); notas fiscais de compra e/ou importação, catálogos de fábricas de móveis escolares, almanaques, recibos de fornecedores (fontes vinculadas ao comércio e à indústria escolar); manuais e revistas pedagógicas que discutem a relação entre a carteira escolar e a saúde dos alunos, os fundamentos higiênicos, pedagógicos, antropométricos e ergonômicos do mobiliário escolar (documentos produzidos por especialistas); relatórios, lista e livros de almoxarifado (documentos provenientes da administração pública). A opção metodológica consistiu em tomar a carteira como fio condutor da análise, seguindo os rastros deixados na cultura material escolar, como artefato escolar e industrial; na história econômica, como mercadoria; na história conectada, como objeto que circula entre países e culturas. Tal procedimento mostrou que a indústria teve uma contribuição significativa na expansão e criação das condições físicas da escola elementar, moderna e de massa. Elucida também os desafios econômicos e administrativos do Estado, como prestador de serviço público, para suprir materialmente a escola e permitir a implantação da obrigatoriedade escolar. Como resultado, evidenciou-se que as carteiras escolares são vetores de relações pedagógicas, higiênicas, culturais e comerciais. Portanto, além de um objeto escolar, ela é também um artefato industrial mostrando que a história e a configuração da escola não se definem somente no interior dela, mas na relação com o mundo externo, em dimensões econômicas, políticas e sociais. Isso implica em que as políticas públicas e práticas administrativas voltadas para a escola na sua formulação e introdução não podem levar em conta somente as questões internas à instituição. A compreensão da e a interferência na cultura escolar demandam atenção também às relações extraescolares. / The study of school materiality, in this case, the school desk, shows how economic and administrative matters are related to the structure and the operation of the teaching institutions. For such a reason, this reasearch studies the school as a consumer market, the Government as a buyer and the school furniture industry emergences, in São Paulo, between the end of the nineteenth and the beginning of the twentieth centuries. As a methodology, the sources used were inventories of goods, crafts and correspondences from the officials and the teachers requiring school material (files produced inside the school); buyings and/or importation invoices, school furniture industries catalogues, almanacs, receipts from suplliers (linked to the market and to the school industry); manuals and pedagogical journals which approach the relation between the school desk and the studentss health, the hygienic, pedagogical, anthropometric and anatomical elements of the school furniture (documents made by some specialists); reports, list and warehouse books (documents from the public administration). The methodological choice consisted on selecting the school desk as the main object of study, following the tracks left in the school material culture, as a school and industrial artifact; in the economic history, as goods; in the connected history, as an object which rounds countries and culture. This situation showed that the industry had a significative contribution to the expansion and creation of the physical conditions of the elementary, modern and mass school. It also elucidates the economic and the administrative challenges of the State, as a provider of public work, in order to physically supply the school and allow the implementation of the school obligatoriness. As a result, it pointed that the school desks are vectors of pedagogical, hygienic, cultural and commercial relations. Therefore, besides a school objetc, it is an industrial artifact as well, showing that the school history and configuration are not only defined inside it, but in the relation with the external world, in economic, political and social issues. It implies that public politics and administrative practices directed to school in its formulation and introduction may not only take into account the institutional internal issues. The understanding and the interference in the school culture demand attention to the extra school relations as well.
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Por uma história econômica da escola: a carteira escolar como vetor de relações (São Paulo, 1874 -1914) / For an economic school history: the school desk as a vector of relations (São Paulo, 1874-1914)

Wiara Rosa Rios Alcântara 28 March 2014 (has links)
O estudo da materialidade da escola, no caso, a carteira escolar, evidencia como questões de ordem econômica e administrativa estão relacionadas à estrutura e ao funcionamento das instituições de ensino. Por isso, neste trabalho, investiga-se a emergência da escola como mercado consumidor, do Estado como comprador e da indústria de mobiliário escolar, em São Paulo, entre o fim do século XIX e início do século XX. Para tanto, as fontes utilizadas foram inventários de bens, ofícios e correspondências de diretores e professores solicitando material escolar (documentos produzidos no interior da escola); notas fiscais de compra e/ou importação, catálogos de fábricas de móveis escolares, almanaques, recibos de fornecedores (fontes vinculadas ao comércio e à indústria escolar); manuais e revistas pedagógicas que discutem a relação entre a carteira escolar e a saúde dos alunos, os fundamentos higiênicos, pedagógicos, antropométricos e ergonômicos do mobiliário escolar (documentos produzidos por especialistas); relatórios, lista e livros de almoxarifado (documentos provenientes da administração pública). A opção metodológica consistiu em tomar a carteira como fio condutor da análise, seguindo os rastros deixados na cultura material escolar, como artefato escolar e industrial; na história econômica, como mercadoria; na história conectada, como objeto que circula entre países e culturas. Tal procedimento mostrou que a indústria teve uma contribuição significativa na expansão e criação das condições físicas da escola elementar, moderna e de massa. Elucida também os desafios econômicos e administrativos do Estado, como prestador de serviço público, para suprir materialmente a escola e permitir a implantação da obrigatoriedade escolar. Como resultado, evidenciou-se que as carteiras escolares são vetores de relações pedagógicas, higiênicas, culturais e comerciais. Portanto, além de um objeto escolar, ela é também um artefato industrial mostrando que a história e a configuração da escola não se definem somente no interior dela, mas na relação com o mundo externo, em dimensões econômicas, políticas e sociais. Isso implica em que as políticas públicas e práticas administrativas voltadas para a escola na sua formulação e introdução não podem levar em conta somente as questões internas à instituição. A compreensão da e a interferência na cultura escolar demandam atenção também às relações extraescolares. / The study of school materiality, in this case, the school desk, shows how economic and administrative matters are related to the structure and the operation of the teaching institutions. For such a reason, this reasearch studies the school as a consumer market, the Government as a buyer and the school furniture industry emergences, in São Paulo, between the end of the nineteenth and the beginning of the twentieth centuries. As a methodology, the sources used were inventories of goods, crafts and correspondences from the officials and the teachers requiring school material (files produced inside the school); buyings and/or importation invoices, school furniture industries catalogues, almanacs, receipts from suplliers (linked to the market and to the school industry); manuals and pedagogical journals which approach the relation between the school desk and the studentss health, the hygienic, pedagogical, anthropometric and anatomical elements of the school furniture (documents made by some specialists); reports, list and warehouse books (documents from the public administration). The methodological choice consisted on selecting the school desk as the main object of study, following the tracks left in the school material culture, as a school and industrial artifact; in the economic history, as goods; in the connected history, as an object which rounds countries and culture. This situation showed that the industry had a significative contribution to the expansion and creation of the physical conditions of the elementary, modern and mass school. It also elucidates the economic and the administrative challenges of the State, as a provider of public work, in order to physically supply the school and allow the implementation of the school obligatoriness. As a result, it pointed that the school desks are vectors of pedagogical, hygienic, cultural and commercial relations. Therefore, besides a school objetc, it is an industrial artifact as well, showing that the school history and configuration are not only defined inside it, but in the relation with the external world, in economic, political and social issues. It implies that public politics and administrative practices directed to school in its formulation and introduction may not only take into account the institutional internal issues. The understanding and the interference in the school culture demand attention to the extra school relations as well.

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