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A nasalidade no português de STP / Nasality in Portuguese from São Tomé and PríncipeBalduino, Amanda Macedo 22 February 2018 (has links)
O objetivo deste estudo é descrever e analisar a nasalidade vocálica do português de São Tomé (PST) e do português do Príncipe (PP). O PST e o PP são variedades da língua portuguesa faladas em São Tomé e Príncipe (STP) que demonstram características linguísticas próprias e estão em uma situação cotidiana de contato linguístico com as línguas autóctones também faladas no arquipélago (GONÇALVES, 2010; CHRISTOFOLETTI, 2013; BRAGA, 2018). Considerando tais conjunturas e sabendo que as variedades de STP necessitam ainda de uma maior investigação linguística, buscamos: (i) descrever e sugerir uma análise fonológica para a nasalidade tautossilábica contrastiva no PST e no PP; (ii) investigar a presença da nasalidade heterossilábica em PST e em PP, propondo uma análise fonológica para os processos, e (iii) confrontar os mesmos fenômenos com estudos análogos sobre o português europeu (PE) e o português brasileiro (PB), e sobre o santome (ST) e o lungIe (LI), línguas nacionais. Adotando como abordagem metodológica a fonologia de laboratório (ALBANO, 2017), o corpus para análise foi constituído a partir de gravações em São Tomé e em Príncipe. No total, o conjunto de dados é formado por 1684 itens lexicais (822 para o PST e 822 para o PP). Os dados podiam conter (i) nasalidade tautossilábica contrastiva; (ii) possibilidade de nasalidade heterossilábica e (iii) nasalidade em fronteira de palavra. As palavras foram gravadas em frases-veículos como Eu falo X baixinho e Eu falo X, onde X era substituído pelo item-alvo. Por meio da contraposição dos pares, extraiu-se, através do software Praat (BOERSMA & WEENICK, 2015), a duração dos segmentos-alvo, isto é, mensuramos e contrapomos as vogais orais (V) com as vogais nasalizadas tautossilábicas (VN). A análise dos dados, baseada em critérios fonológicos segmentais e suprassegmentais, indicou que VN é, em média, 48% mais longa em relação à V no PST e 56% no PP. Assumindo o alongamento da vogal nasal como um indício da estrutura bifonêmica da nasalidade contrastiva para o PB (MORAES & WETZELS 1992), o alongamento médio identificado nas duas variedades nos remete à interpretação bifonêmica /VN/ desse processo. Assim, VN seria alongada por ser o resultado do apagamento da consoante /N/ em coda silábica segmental seguido pelo espraiamento do traço [+nasal] para a vogal antecedente na camada CV, o qual mantém a unidade temporal silábica (GOLDSMITH, 1976; CLEMENTS & KEYSER, 1983). Por fim, ao passo que o processo de nasalidade heterossilábica em átonas não foi identificado nos dados analisados, a nasalidade heterossilábica em tônicas demonstrou caráter opcional. Tal comportamento aproxima as variedades estudas ao santome e lungIe e assinala um comportamento estrutural inerente ao PST e ao PP, dermacando-as como variedades singulares, distintas do PE e do PB. Palavras-chave: Nasalidade. / The aim of this study is to describe and analyse the vocalic nasality of the Portuguese spoken in São Tomé (PST) and of the Portuguese spoken in Príncipe (PP). PST and PP are Portuguese language varieties from São Tomé and Príncipe (STP) presenting particular linguistic caracteristics (GONÇALVES, 2010; CHRISTOFOLETTI, 2013; BRAGA, 2018). Considering the linguistic contact context into which PST and PP are inserted and knowing the requirement of a wider linguistic investigation dedicated to these varieties, we intend to (i) describe and propose a phonological analysis of tautosyllabic contrastive nasality in PST and PP; (ii) investigate the presence of heterosyllabic nasality and then suggest a phonological analysis for these processes, and (iii) compare the results with the same phenomena in Santome and LungIe, autochthonous languages, and with analogous studies on European Portuguese (EP) and Brazilian Portuguese (BP). We adopted laboratory phonology as methodological approach (OHALA, 1995), and the corpus for analysis was constituted by recordings in STP. In total, the data was composed by 1,684 lexical itens (822 for PST and 822 for PP) which could present (i) tautosyllabic contrastive nasality; (ii) possibility of heterosyllabic nasality and (iii) nasality in boundary words and phrases. The words were recorded inside carrier sentences such as Eu falo X baixinho (I say X lowly) and Eu falo X (I say X), where X was replaced for the target item. By using the software Praat (BOERSMA & WEENICK, 2015), we extracted the duration of oral vowels (V) and tautosyllabic nasal vowels (VN) from minimal pairs which showed this opposition in miliseconds. The data analysis, based on phonological segmental and suprassegmental parameters, indicates that VN is, on average, 48% longer than V in PST and 56% longer in PP. Assuming nasal vowel lengthening as an indication for biphonemic structure for contrastive nasality in PB (MORAES & WETZELS 1992), the lengthening identified in PST and PP allows us to evaluate contrastive nasality also as biphonemic /VN/ in the varieties examined. Thus, V is longer, since it is the result of a deletion of the consonantal coda /N/. This process is followed by the dissemination of the [+nasal] feature into the previous vowel in CV tier, which maintains the syllabic temporal unit because of this phenomenon (GOLDSMITH, 1976; CLEMENTS & KEYSER, 1983). Lastly, heterosyllabic nasality in unstressed lexical itens was not identified in the data examined, and the heterosyllabic nasality in stressed words evidenced an optional character. This performance approximates the studied varieties to Santome and LungIe and indicates a singular structure for PST and PP, confirming them as proper varieties different from PE and PB.
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A nasalidade no português de STP / Nasality in Portuguese from São Tomé and PríncipeAmanda Macedo Balduino 22 February 2018 (has links)
O objetivo deste estudo é descrever e analisar a nasalidade vocálica do português de São Tomé (PST) e do português do Príncipe (PP). O PST e o PP são variedades da língua portuguesa faladas em São Tomé e Príncipe (STP) que demonstram características linguísticas próprias e estão em uma situação cotidiana de contato linguístico com as línguas autóctones também faladas no arquipélago (GONÇALVES, 2010; CHRISTOFOLETTI, 2013; BRAGA, 2018). Considerando tais conjunturas e sabendo que as variedades de STP necessitam ainda de uma maior investigação linguística, buscamos: (i) descrever e sugerir uma análise fonológica para a nasalidade tautossilábica contrastiva no PST e no PP; (ii) investigar a presença da nasalidade heterossilábica em PST e em PP, propondo uma análise fonológica para os processos, e (iii) confrontar os mesmos fenômenos com estudos análogos sobre o português europeu (PE) e o português brasileiro (PB), e sobre o santome (ST) e o lungIe (LI), línguas nacionais. Adotando como abordagem metodológica a fonologia de laboratório (ALBANO, 2017), o corpus para análise foi constituído a partir de gravações em São Tomé e em Príncipe. No total, o conjunto de dados é formado por 1684 itens lexicais (822 para o PST e 822 para o PP). Os dados podiam conter (i) nasalidade tautossilábica contrastiva; (ii) possibilidade de nasalidade heterossilábica e (iii) nasalidade em fronteira de palavra. As palavras foram gravadas em frases-veículos como Eu falo X baixinho e Eu falo X, onde X era substituído pelo item-alvo. Por meio da contraposição dos pares, extraiu-se, através do software Praat (BOERSMA & WEENICK, 2015), a duração dos segmentos-alvo, isto é, mensuramos e contrapomos as vogais orais (V) com as vogais nasalizadas tautossilábicas (VN). A análise dos dados, baseada em critérios fonológicos segmentais e suprassegmentais, indicou que VN é, em média, 48% mais longa em relação à V no PST e 56% no PP. Assumindo o alongamento da vogal nasal como um indício da estrutura bifonêmica da nasalidade contrastiva para o PB (MORAES & WETZELS 1992), o alongamento médio identificado nas duas variedades nos remete à interpretação bifonêmica /VN/ desse processo. Assim, VN seria alongada por ser o resultado do apagamento da consoante /N/ em coda silábica segmental seguido pelo espraiamento do traço [+nasal] para a vogal antecedente na camada CV, o qual mantém a unidade temporal silábica (GOLDSMITH, 1976; CLEMENTS & KEYSER, 1983). Por fim, ao passo que o processo de nasalidade heterossilábica em átonas não foi identificado nos dados analisados, a nasalidade heterossilábica em tônicas demonstrou caráter opcional. Tal comportamento aproxima as variedades estudas ao santome e lungIe e assinala um comportamento estrutural inerente ao PST e ao PP, dermacando-as como variedades singulares, distintas do PE e do PB. Palavras-chave: Nasalidade. / The aim of this study is to describe and analyse the vocalic nasality of the Portuguese spoken in São Tomé (PST) and of the Portuguese spoken in Príncipe (PP). PST and PP are Portuguese language varieties from São Tomé and Príncipe (STP) presenting particular linguistic caracteristics (GONÇALVES, 2010; CHRISTOFOLETTI, 2013; BRAGA, 2018). Considering the linguistic contact context into which PST and PP are inserted and knowing the requirement of a wider linguistic investigation dedicated to these varieties, we intend to (i) describe and propose a phonological analysis of tautosyllabic contrastive nasality in PST and PP; (ii) investigate the presence of heterosyllabic nasality and then suggest a phonological analysis for these processes, and (iii) compare the results with the same phenomena in Santome and LungIe, autochthonous languages, and with analogous studies on European Portuguese (EP) and Brazilian Portuguese (BP). We adopted laboratory phonology as methodological approach (OHALA, 1995), and the corpus for analysis was constituted by recordings in STP. In total, the data was composed by 1,684 lexical itens (822 for PST and 822 for PP) which could present (i) tautosyllabic contrastive nasality; (ii) possibility of heterosyllabic nasality and (iii) nasality in boundary words and phrases. The words were recorded inside carrier sentences such as Eu falo X baixinho (I say X lowly) and Eu falo X (I say X), where X was replaced for the target item. By using the software Praat (BOERSMA & WEENICK, 2015), we extracted the duration of oral vowels (V) and tautosyllabic nasal vowels (VN) from minimal pairs which showed this opposition in miliseconds. The data analysis, based on phonological segmental and suprassegmental parameters, indicates that VN is, on average, 48% longer than V in PST and 56% longer in PP. Assuming nasal vowel lengthening as an indication for biphonemic structure for contrastive nasality in PB (MORAES & WETZELS 1992), the lengthening identified in PST and PP allows us to evaluate contrastive nasality also as biphonemic /VN/ in the varieties examined. Thus, V is longer, since it is the result of a deletion of the consonantal coda /N/. This process is followed by the dissemination of the [+nasal] feature into the previous vowel in CV tier, which maintains the syllabic temporal unit because of this phenomenon (GOLDSMITH, 1976; CLEMENTS & KEYSER, 1983). Lastly, heterosyllabic nasality in unstressed lexical itens was not identified in the data examined, and the heterosyllabic nasality in stressed words evidenced an optional character. This performance approximates the studied varieties to Santome and LungIe and indicates a singular structure for PST and PP, confirming them as proper varieties different from PE and PB.
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