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Assistir e ser assistida: vias e limites de uma estética existencial, tateando a obra de Søren Kierkegaard / -

Pacheco, Deise Abreu 07 May 2018 (has links)
A presente pesquisa investiga uma modalidade de prática estética no campo das artes cênicas, desenvolvida com a participação de artistas e outros interessados. Fundada em uma perspectiva existencial da experiência estética, tal modalidade baseia-se em pressupostos elaborados a partir do estudo de aspectos da obra do autor dinamarquês Søren Kierkegaard (1813-1855) e apresenta uma dupla problemática: a singeleza do desejo de expressar a existência poética e a ambiguidade contida em um tema kierkegaardiano por excelência: a vontade de tornar-se si mesmo. A noção de estética existencial é abordada no plano dessa modalidade de prática que, situada filosoficamente no contexto da obra A Doença para a Morte (1849), no âmbito do chamado \"desespero-desafio\" e da \"existência poética orientada ao religioso\", tateia os limites da linguagem verbal, compreendida como \"espaço de possibilidade\", a fim de facultar uma interlocução sui generis entre pontos específicos da rota de leitura perscrutada e os efeitos estéticos de sua recepção. Assim, paralelamente às questões focalizadas em A Doença para a Morte, a escrita trilha a via da participante em primeira pessoa, procurando se acercar da problematização suscitada pela prática proposta, mediante um itinerário peculiar de leitura de alguns tópicos presentes na produção pseudonímica de Kierkegaard, particularizados em capítulos selecionados das obras: Ou-Ou. Um Fragmento de Vida (1843); Temor e Tremor. Lírica Dialética (1843); A Repetição. Um ensaio em Psicologia Experimental (1843); Estádios no Caminho da Vida. Estudos por pessoas diversas (1845). Por meio dessa rota de leitura buscamos circunscrever, fundamentalmente, as vias e os limites da idealidade estética pela afirmação de duas instâncias existenciais que escapam à linguagem verbal e, portanto, resistem à representação: o erótico imediato e a fé. Com esse escopo, a tese se compõe de três partes: Ato I: apresentação do princípio e dos limites da noção de estética existencial no campo problematizado por nossa prática, a partir da relação entre estética e existência; Ato II: exposição das vias da prática estética em seus pressupostos, com a identificação dos artistas e participantes na pesquisa na qualidade de coautores, e do Livro de Cultivo, método-objeto criado para abrigar as proposições estéticas associadas ao Stemning, título do primeiro capítulo da obra Temor e Tremor, eixo central da nossa prática. Em acréscimo, investigação conceitual acerca da própria noção de stemning (do dinamarquês: \"atmosfera\", \"disposição\", \"afinação\", \"tonalidade afetiva\", \"estado de espírito\", \"ambiência\"), vinculada à instância do erótico imediato; Ato III: reconhecimento do ato de assistir e de ser assistido como finalidade da recordação pelo entendimento de que recordar a obra é assisti-la; exame da idealidade estética da recordação como poder poético. Com isso, articulamos nossa própria recordação da prática realizada por meio daquilo que consideramos o princípio formal da problematização: uma recordação filmada, que consiste no \"processo de produção\" [making of] da coleta ou colheita das resultantes estéticas geradas pelo envolvimento dos participantes, na posição tanto de produtores como de espectadores. / The present research looks into a modality of aesthetic practice within the field of performing arts, and it was developed with the participation of artists and other interested parties. This modality, based on assumptions put forth from the study of aspects of the works of the Danish author Søren Kierkegaard (1813-1855), is founded in an existential perspective of the aesthetic experience and it introduces a double problematic: the simplicity of the desire to express poetic existence and the ambiguity in a kierkegaardian theme par excellence: the willingness to become oneself. The notion of existential aesthetics is approached within this modality of practice, which is philosophically situated in the context of the book The Sickness Unto Death (1849) as well as within the scope of the so-called \"defiant despair\" and the \"poet-existence inclined towards the religion\". This modality of practice probes the limits of verbal language, understood as \"space of possibility\", in order to allow for a sui generis dialog between specific spots in the examined reading itinerary and the aesthetic effects of its reception. Thus, alongside the issues focused on The Sickness Unto Death, the text follows the path of the participant in first person and seeks to encompass the problematization raised by the proposed practice, which is assisted by a peculiar reading itinerary of some topics included within the pseudonymous production of Kierkegaard, particularized in selected chapters of the works: Either/Or. A Fragment of Life (1843); Fear and Trembling. Dialectical Lyric (1843); Repetition. A Venture in Experimenting Psychology (1843); Stages on Life\"s way. Studies by Various Persons (1845). Through this reading itinerary, we fundamentally seek to circumscribe the avenues and limits of the aesthetic ideality by showcasing two existential instances that evade verbal language and, therefore, resist representation: the immediate eroticism and the faith. Within this scope, this thesis consists of three parts: Act I: presentation of the principle and limits of the notion of existential aesthetics within the field problematized by our practice, based on the relationship between aesthetics and existence; Act II: exposition of the avenues of the aesthetic practice within its assumptions, with the identification of the artists and participants in the research as coauthors, and of the Book of Cultivation, a method-object that was conceived to contain the aesthetic propositions associated with Stemning, title of the first section of Fear and Trembling and central axis of our practice. In addition, act II brings the conceptual investigation about the notion of stemning itself (Danish for: \"mood\", \"tuning up\", \"attunement\" \"atmosphere\") linked to the instance of the immediate eroticism; Act III: recognition of the act of watching/assisting and being watched/assisted as the goal of the recollection through the understanding that to recollect the work means to watch/assist it; examination of the aesthetic ideality of recollection as poetic power. With this, we articulate our own recollection of the practice performed by that which we consider the formal beginning of the problematization: a filmed recollection consisting in the making-of of the collection or harvest of the resulting aesthetics generated by the involvement of the participants in the position of producers as well as that of spectators.
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Assistir e ser assistida: vias e limites de uma estética existencial, tateando a obra de Søren Kierkegaard / -

Deise Abreu Pacheco 07 May 2018 (has links)
A presente pesquisa investiga uma modalidade de prática estética no campo das artes cênicas, desenvolvida com a participação de artistas e outros interessados. Fundada em uma perspectiva existencial da experiência estética, tal modalidade baseia-se em pressupostos elaborados a partir do estudo de aspectos da obra do autor dinamarquês Søren Kierkegaard (1813-1855) e apresenta uma dupla problemática: a singeleza do desejo de expressar a existência poética e a ambiguidade contida em um tema kierkegaardiano por excelência: a vontade de tornar-se si mesmo. A noção de estética existencial é abordada no plano dessa modalidade de prática que, situada filosoficamente no contexto da obra A Doença para a Morte (1849), no âmbito do chamado \"desespero-desafio\" e da \"existência poética orientada ao religioso\", tateia os limites da linguagem verbal, compreendida como \"espaço de possibilidade\", a fim de facultar uma interlocução sui generis entre pontos específicos da rota de leitura perscrutada e os efeitos estéticos de sua recepção. Assim, paralelamente às questões focalizadas em A Doença para a Morte, a escrita trilha a via da participante em primeira pessoa, procurando se acercar da problematização suscitada pela prática proposta, mediante um itinerário peculiar de leitura de alguns tópicos presentes na produção pseudonímica de Kierkegaard, particularizados em capítulos selecionados das obras: Ou-Ou. Um Fragmento de Vida (1843); Temor e Tremor. Lírica Dialética (1843); A Repetição. Um ensaio em Psicologia Experimental (1843); Estádios no Caminho da Vida. Estudos por pessoas diversas (1845). Por meio dessa rota de leitura buscamos circunscrever, fundamentalmente, as vias e os limites da idealidade estética pela afirmação de duas instâncias existenciais que escapam à linguagem verbal e, portanto, resistem à representação: o erótico imediato e a fé. Com esse escopo, a tese se compõe de três partes: Ato I: apresentação do princípio e dos limites da noção de estética existencial no campo problematizado por nossa prática, a partir da relação entre estética e existência; Ato II: exposição das vias da prática estética em seus pressupostos, com a identificação dos artistas e participantes na pesquisa na qualidade de coautores, e do Livro de Cultivo, método-objeto criado para abrigar as proposições estéticas associadas ao Stemning, título do primeiro capítulo da obra Temor e Tremor, eixo central da nossa prática. Em acréscimo, investigação conceitual acerca da própria noção de stemning (do dinamarquês: \"atmosfera\", \"disposição\", \"afinação\", \"tonalidade afetiva\", \"estado de espírito\", \"ambiência\"), vinculada à instância do erótico imediato; Ato III: reconhecimento do ato de assistir e de ser assistido como finalidade da recordação pelo entendimento de que recordar a obra é assisti-la; exame da idealidade estética da recordação como poder poético. Com isso, articulamos nossa própria recordação da prática realizada por meio daquilo que consideramos o princípio formal da problematização: uma recordação filmada, que consiste no \"processo de produção\" [making of] da coleta ou colheita das resultantes estéticas geradas pelo envolvimento dos participantes, na posição tanto de produtores como de espectadores. / The present research looks into a modality of aesthetic practice within the field of performing arts, and it was developed with the participation of artists and other interested parties. This modality, based on assumptions put forth from the study of aspects of the works of the Danish author Søren Kierkegaard (1813-1855), is founded in an existential perspective of the aesthetic experience and it introduces a double problematic: the simplicity of the desire to express poetic existence and the ambiguity in a kierkegaardian theme par excellence: the willingness to become oneself. The notion of existential aesthetics is approached within this modality of practice, which is philosophically situated in the context of the book The Sickness Unto Death (1849) as well as within the scope of the so-called \"defiant despair\" and the \"poet-existence inclined towards the religion\". This modality of practice probes the limits of verbal language, understood as \"space of possibility\", in order to allow for a sui generis dialog between specific spots in the examined reading itinerary and the aesthetic effects of its reception. Thus, alongside the issues focused on The Sickness Unto Death, the text follows the path of the participant in first person and seeks to encompass the problematization raised by the proposed practice, which is assisted by a peculiar reading itinerary of some topics included within the pseudonymous production of Kierkegaard, particularized in selected chapters of the works: Either/Or. A Fragment of Life (1843); Fear and Trembling. Dialectical Lyric (1843); Repetition. A Venture in Experimenting Psychology (1843); Stages on Life\"s way. Studies by Various Persons (1845). Through this reading itinerary, we fundamentally seek to circumscribe the avenues and limits of the aesthetic ideality by showcasing two existential instances that evade verbal language and, therefore, resist representation: the immediate eroticism and the faith. Within this scope, this thesis consists of three parts: Act I: presentation of the principle and limits of the notion of existential aesthetics within the field problematized by our practice, based on the relationship between aesthetics and existence; Act II: exposition of the avenues of the aesthetic practice within its assumptions, with the identification of the artists and participants in the research as coauthors, and of the Book of Cultivation, a method-object that was conceived to contain the aesthetic propositions associated with Stemning, title of the first section of Fear and Trembling and central axis of our practice. In addition, act II brings the conceptual investigation about the notion of stemning itself (Danish for: \"mood\", \"tuning up\", \"attunement\" \"atmosphere\") linked to the instance of the immediate eroticism; Act III: recognition of the act of watching/assisting and being watched/assisted as the goal of the recollection through the understanding that to recollect the work means to watch/assist it; examination of the aesthetic ideality of recollection as poetic power. With this, we articulate our own recollection of the practice performed by that which we consider the formal beginning of the problematization: a filmed recollection consisting in the making-of of the collection or harvest of the resulting aesthetics generated by the involvement of the participants in the position of producers as well as that of spectators.

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