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Viajando entre sereias: saúde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza / Travelling between mermaids: health transsexuals and transvestites in Fortaleza

SAMPAIO, Juliana Vieira January 2014 (has links)
SAMPAIO, Juliana Vieira. Viajando entre sereias: saúde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza. 2014. 130f. – Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Fortaleza (CE), 2014. / Submitted by Márcia Araújo (marcia_m_bezerra@yahoo.com.br) on 2014-03-17T17:05:52Z No. of bitstreams: 1 2014-DIS-JVSAMPAIO.pdf: 1431539 bytes, checksum: 5fadff131b8060bfdd500adf9ccbcc10 (MD5) / Approved for entry into archive by Márcia Araújo(marcia_m_bezerra@yahoo.com.br) on 2014-03-17T17:09:19Z (GMT) No. of bitstreams: 1 2014-DIS-JVSAMPAIO.pdf: 1431539 bytes, checksum: 5fadff131b8060bfdd500adf9ccbcc10 (MD5) / Made available in DSpace on 2014-03-17T17:09:19Z (GMT). No. of bitstreams: 1 2014-DIS-JVSAMPAIO.pdf: 1431539 bytes, checksum: 5fadff131b8060bfdd500adf9ccbcc10 (MD5) Previous issue date: 2014 / The aim of this study was to investigate practices that transvestites and transsexuals in Fortaleza (Ceará-Brazil) use to produce health and how they relate to institutionalized knowledge in this field. Health in Brazil is duty of the state and fundamental right of the population since 1990, when the Unified Health System (Sistema Único de Saúde SUS) was created. Despite being a universal right some studies indicate a process of exclusion of trans people from health services due to the prejudice they suffer in those places. We began our research by exploratory visits to health facilities indicated as references in the care of transvestites and transsexuals in Fortaleza, which were registered in a field diary. We observed that the heteronormative sexual norm based on binary gender usually organizes the actions of the public health service when the focus is this population. There is re-pathologization of non-heterosexual sexualities when the services directed to STD/aids and involved in transsexuality process become the main institutionalized spaces for the health of trans people. After initial exploratory visits we talked to transvestites and transsexuals because we believe that health cannot be reduced to a simple problem of state management, since health pervades all space and relationships. We conducted semi-structured research interviews with four transvestites and transsexuals and also had informal conversations in the spaces visited during research. This material was analyzed in Foucauldian perspective of discursive practices, that is, a set of anonymous rules located in time and space that produce conditions for exercising the enunciative function. From the reports of our trans interviewees we observe how they deal with the institutionalized spaces of health and which practices are selected as producers of health for this population. The disrespect towards the use of social name was one of the main complaints about the care in health facilities, lending them to alternative care at private clinics or emergency services. We observed that the production of trans health is generally associated with the construction of a beautiful female body and the utilization of several technologies, which are often identified by the official discourse of health as producers of disease, such as the use of silicone industrial and self-medication of hormones. We conclude that the main demand of health transvestites and transsexuals, the construction of a beautiful female body, is far from the way the State has acted to assist this population. Among other reasons this distance is produced as the result of the adoption of a binary and heteronormative notion of sex and gender by the State, which ends up excluding the bodies that escape and subvert the sexual norm. / O objetivo deste estudo foi investigar, na cidade de Fortaleza, as práticas que travestis e transexuais utilizam para produzir saúde e como elas se relacionam com os saberes institucionalizados nesse campo. A saúde no Brasil é dever do Estado e direito fundamental da população brasileira desde 1990, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de ser um direito universal, algumas pesquisas assinalam um processo de exclusão da população trans dos serviços de saúde por esta sofrer preconceito nestes espaços. Iniciamos nossa pesquisa realizando e registrando em diário de campo visitas exploratórias a equipamentos de saúde indicados como referência no atendimento de travestis e transexuais na cidade de Fortaleza. Observamos que a norma sexual heteronormativa baseada no binarismo de gênero é o que geralmente organiza as ações do serviço público de saúde quando o foco é essa população. Há uma “re-patologização” das sexualidades não heterossexuais quando os serviços voltados para DST/aids e envolvidos no processo transexualizador tornam-se os principais espaços institucionalizados para a saúde das trans. Após as visitas exploratórias iniciais, começamos a dialogar com travestis e transexuais por entendermos que a saúde não pode ser reduzida a um problema simples de gestão do Estado, uma vez que a saúde atravessa todos os espaços e relações. Realizamos, também, entrevistas semiestruturadas com quatro travestis e transexuais e algumas conversas informais nos ambientes percorridos durante a pesquisa. Esse material foi analisado na perspectiva foucaultiana de práticas discursivas, isto é, um conjunto de regras anônimas e localizadas no tempo e espaço que produzem condições de exercício da função enunciativa. A partir dos relatos das trans, observamos como elas negociam com os espaços institucionalizados de saúde e quais práticas são indicadas como produtoras de saúde por essa população. A falta de respeito ao uso do nome social foi uma das principais queixas das trans sobre o atendimento nos equipamentos de saúde. Elas passam a utilizar como alternativa o atendimento em clínicas particulares ou os serviços de emergência. Observamos que a produção de saúde das trans geralmente está associada à construção de um corpo belo e feminino e para isso são utilizadas diversas tecnologias, que muitas vezes são apontadas pelo discurso oficial da saúde como produtoras de doenças, como o uso de silicone industrial e a automedicação de hormônios. Concluímos que a principal demanda de saúde de travestis e transexuais, a construção de um corpo belo e feminino, se afasta das normas e práticas que regem a atuação do Estado na assistência a essa população. Tal distanciamento é produzido, entre outras questões, pela adoção do Estado de uma noção heteronormativa e binária de sexo e gênero para construir suas ações, que finda por excluir os corpos que escapam e subvertem a norma sexual.

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