[pt] No início dos anos 2010, críticos culturais apontaram o surgimento de uma nova
corrente cinematográfica na produção independente europeia. A Estranha Onda
Grega, como se popularizou, foi rapidamente associada à crise econômica
deflagrada na Grécia em 2009, sendo seus filmes percebidos como retratos de um
país em polvorosa. Em anos recentes, essa corrente de filmes passou a ser revista
e questionada. A dissertação defende e argumenta que a Estranha Onda Grega não
busca representar um país em crise (econômica, política ou moral), mas mergulhar
na contemporaneidade - no sentido que Giorgio Agamben atribui a esse termo.
Assim, entendemos que estes filmes focalizam, por meio da estranheza, a
obscuridade do tempo presente. Propomos, ademais, que o mal-estar
experimentado pelo espectador dessa cinematografia está relacionado a uma
dinâmica disruptiva que atravessa os filmes no que tange à temporalidade, ao
espaço, à estética, aos afetos entre personagens e à relação entre filme e
espectador. A pesquisa parte de conceitos como a disciplinarização dos corpos e
formação do discurso, em Michel Foucault, a emancipação espectatorial, em
Jacques Rancière, a percepção, em Jonathan Crary, o tempo intemporal, em
Manuel Castells, e o cinema de fluxo e seus afetos, para, em diálogo com eles,
estabelecer um pequeno panorama da Estranha Onda Grega com a análise dos
filmes Dente Canino (2009), de Yorgos Lanthimos; Interrupção (2015), de Yorgos
Zois; Piedade (2018), de Babis Makridis; e Fruto da Memória (2020), de Christos
Nikou. / [en] In the early 2010s, cultural critics pointed to the emergence of a new cinematic
current in European independent film production. The Greek Weird Wave, as it
came to be known, was soon associated with the economic crisis that broke out in
Greece in 2009 and its films were perceived as portraits of a country in shambles.
In recent years, however, this notion was revised and questioned. This dissertation
argues that the Greek Weird Wave does not seek to represent a country in crises
(economic, political, moral or otherwise), but to delve in contemporaneity – in the
sense that Giorgio Agamben attributes to this term. Therefore, it is our
understanding that these films focus, through weirdness, on the obscurity of
present time. Furthermore, we propose that the discomfort experienced by the
spectator whilst watching these films is related to the disruptive dynamics that
constitute the diegetic configurations of time, space, aesthetics, affections between
characters, and the relation between the films themselves and their spectators.
This research is based on concepts such as the disciplinarization of bodies and the
formation of discourse, according to Michel Foucault, spectatorial emancipation,
according to Jacques Rancière, perception, according to Jonathan Crary, timeless
time, according to Manuel Castells, and the cinema of flux and its affections.
Based on these notions, we will establish a small overview of the Greek Weird
Wave with the analyses of the following films: Dogtooth (2009), by Yorgos
Lanthimos; Interruption (2015), by Yorgos Zois; Pity (2018), by Babis Makridis;
and Apples (2020), by Christos Nikou.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:67223 |
Date | 08 July 2024 |
Creators | MATHEUS LISBOA BATALHA MATARANGAS TEIXEIRA |
Contributors | ANDREA FRANCA MARTINS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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