[pt] O crescente campo da propriedade intelectual é uma fonte de conhecimento muito interessante para a geografia. As patentes, marcas, indicações geográficas são temáticas que permitem análises espaciais sobre a (re)organização do espaço produtivo, a geopolítica, as revoluções técnico-teóricas de nosso tempo. Na própria norma, encontramos as escalaridades e princípios de proteção dos inventos. Observando mais detalhadamente este rico campo, os certificados de indicações geográficas trazem consigo conceitos clássicos da geografia. Se, outrora cristalizados em nossa ciência, encontram-se revitalizados no campo da P.I., sendo cruciais para a obtenção destes certificados e para (re)dinamizar as produções tradicionais, como a vitivinícola. Os apreciadores e entusiastas dos vinhos são familiarizados com o vocábulo “terroir”, conceito geográfico medieval revivido pela normatização da indicação geográfica. Nos emprestando da tríade fato-valornorma de Miguel Reale (2002, 2003), percebemos como normas criam fatos e
valores que, reverberarão nas ciências também, e vice-versa, denotando uma retroalimentação nesta tríade jurídica. Num pensamento embebido em Ferdinand Braudel (1958), se, os passados formam o presente, a atualidade permite que entendamos os passados, pela apreciação de reminiscências, permanecias, rugosidades e hibridizações. O mesmo é valido para a ciência, para nossos
conceitos, não só adjetivos geográficos como também as ferramentas e a metodologia de análise e de entendimento dos fatores que garantem a unicidade e qualidade de uma produção específica. Feitas estas ponderações, este presente trabalho se ocupará da leitura geográfica da tríade de Reale, mais especificamente das normas que regem a indicação geográfica, entendendo a importância atual do
terroir. Num segundo momento, mergulharemos no conceito de terroir, revisitando os séculos XVI, XVII e XVIII, onde, entendendo as temporalidades e suas cargas de passado, procuraremos apresentar as definições do conceito e, como elas modificaram a percepção espacial, da relação entre ser humano e ambiente, do imaginário e das representações ao longo destes séculos, que culminariam com a
concepção hoje observável do terroir. Nesta viagem, teremos guias como Montaigne, Montesquieu, Rousseau que, não somente discorreram sobre o terroir, deram importantes contribuições para o conceito. Ao revisitar o terroir, demonstraremos os elos entre este tesouro conceitual e outro, que também anda
bem esquecido na geografia, o cristalizado gênero de vida (1911). Pelo presente, dialogando com outros campos, como o direito, observamos o vigor de nossa ciência e de nossos clássicos que, na nossa humilde visão, são bem vanguardistas. / [en] The growing field of intellectual property is a very interesting source of knowledge for geography. Patents, trademarks, geographical indications are themes that allow spatial analysis on the (re) organization of the productive space, geopolitics, the technical-theoretical revolutions of our time. In the standard itself, we find the scalarities and principles of protection of inventions. Taking a closer look at this rich field, the certificates of geographical indications bring with them classic concepts of geography. If, once crystallized in our science, they are revitalized in the field of IP., being crucial for obtaining these certificates and for (re) boosting traditional productions, such as wine production. Wine lovers and enthusiasts are
familiar with the term terroir, a medieval geographical concept revived by the standardization of geographical indication. Borrowing from Miguel Reale s factvalue-standard triad (2002, 2003), we see how norms create facts and values that will reverberate in the sciences as well, and vice-versa, denoting feedback in this legal triad. In a thought steeped in Ferdinand Braudel (1958), if the past forms the
present, the present allows us to understand the past, through the appreciation of reminiscences, permanences, roughness and hybridization. The same is true for science, for our concepts, not only geographical adjectives but also the tools and methodology of analysis and understanding of the factors that guarantee the uniqueness and quality of a specific production. Having made these considerations,
this present work will deal with the geographic reading of the Reale s triad, more specifically the rules that govern the geographical indication, understanding the current importance of the terroir. In a second step, we will dive into the concept of terroir, revisiting the 16th, 17th and 18th centuries, where, understanding the temporalities and their past burdens, we will try to present the definitions of the concept and, how they modified the spatial perception, of the relationship between human being and environment, imaginary and representations throughout these centuries, which would culminate in the observable conception of terroir today. On this trip, we will have guides like Montaigne, Montesquieu, Rousseau who, not only
talked about the terroir, made important contributions to the concept. By revisiting the terroir, we will demonstrate the links between this conceptual treasure and another, which is also forgotten in geography, the crystallized gen de vie (1911). At present, in dialogue with other fields, such as law, we observe the vigor of our science and our classics, which, in our humble vision, are very avant-garde.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:52924 |
Date | 26 May 2021 |
Creators | DEMETRIOS SARANTAKOS |
Contributors | RODRIGO PENNA FIRME PEDROSA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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