O Acidente Vascular Encefálico (AVE) em crianças possui particularidades em relação à faixa etária acometida, apresentação clínica inicial, fatores de risco, etiologias e evolução diferente dos achados de AVE em adultos. O objetivo do presente trabalho é elaborar um protocolo para o registro de Acidente Vascular Encefálico em crianças, adapatado da versão para adultos (REAVER)desenvolvida pelo Professor Octávio Marques Pontes Neto e colaboradores, do Departamento de Neurociências da FMRP-USP,que, consiste em um registro clínico prospectivo de base hospitalar para doenças cerebrovasculares, cada um dos itens foi analisado e adequado à faixa pediátrica sendo fundamentadopor uma revisão bibliográfica de AVE na criança e de um levantamento de casos de AVE tipo isquêmico (AVEi) em crianças e jovens, excetuando a faixa etárianeonatal, atendidos em hospital de nível terciário. Um estudo observacional retrospetivo, secional foi procedido pela revisão de registros médicos de pacientes com menos de 18 anos exceto a idade de neonatal (entre 2 meses e 18 anos), de 1996 a 2014, assistidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP). Foram incluídas na amostra 89 crianças com um tempo mínimo de acompanhamento de 12 meses e extraídas informações abrangentes quanto à apresentação clínica e fatores associados. Do total de pacientes, 40 (44.94%) pertenciam ao sexo masculino e 49 (55.05%) ao feminino. A média de idade do diagnóstico de AVEi foi de 3,57 ± 0,26 anos. Detectamos 49.43% dos pacientes no período de lactente, 23.59% no período pré-escolar, 17.97% no escolar, e 8.98% dos pacientes no período pré-púbere, não houve nenhum paciente nos grupos púbere e pós púbere. Destes, 77 pacientes (86.51%) eram da raça branca, 11 negros e 1 oriental. Dos pacientes analisados, 24 (26.96%) apresentavam doenças relacionadas ao AVEi, diagnosticadas previamente ao evento. A principal doença previamente diagnosticada foi a cardiopatia complexa ou malformação cardíaca diagnosticadas no período neonatal em 7 (7.86%) pacientes e valvopatia congênita identificada no período de lactente em 1. Em 44 (49,43 %) pacientes houve relato de associação a fatores ambientais, sendo mais prevalente a síndrome febril/infeciosa, precedendo o início dos sintomas do AVEi em até 8 semanas, totalizando 40 (44,94%) casos, com a infecção de vias aéreas superiores mais prevalente, responsável por 27 casos. Na fase aguda, o déficit focal motor esteve presente isoladamente em 28 (31.46%) crianças, crise convulsiva sem outros sinais em 25 (28,08%), e, se contabilizarmos os casos com mais de um sinal clínico (exemplo: crise convulsiva associada a déficit focal) a crise convulsiva foi a principal apresentação clínica, presente em 41 (46.06%) casos. Entre os 56 (62,92%) com etiologia confirmada, relação direta com causas infeciosas foi a mais prevalente totalizando 16 pacientes. Apesar da extensa investigação realizada em 72 (80,89%) pacientes, os quais realizaram protocolo de investigação do AVEi em jovens, 33 (37,07%) permaneceram com etiologia indeterminada. O tempo médio de acompanhamento dos pacientes foi de 5,76 ± 0,37 anos. Vinte (22,47%) pacientes foram a óbito no período de estudo, ocorrendo principalmente dentro do primeiro ano de acompanhamento, ocorrendo em 14 crianças. Embora relativamente raro, comparado com muitas outras doenças de infância, o AVE pediátrico carrega com ele uma morbidez desproporcionalmente alta e o preço pessoal e social de longo prazo. / The brain stroke in children has special features regarding age distribution, initial clinical presentation, risk factors, etiology and evolution different from adult stroke. The objective of this study is to develop a protocol for stroke registration in children, anadaptation of adult version (REAVER) developed by Professor Octavio Marques Pontes Neto and colleagues from the Department of Neurosciences of the FMRP-USP consisting of a prospective clinical registry, hospital-based, on cerebrovascular disease. Each item was analyzed and suitable for pediatric patients, with particular focus on environmental factors, comorbidities and the diseases associated with stroke in children.It is grounded bya review of the literature and a survey of cases of ischemic stroke in children and young people, attended at a tertiary care level hospital. A retrospective, cross-sectional observational study was proceded by review of medical records ofpatients aged less than 18 years except for the neonatal age (less than 2 months old), attended at teaching hospital of School of Medicine of Ribeirão Preto, São Paulo University (HCFMRP-USP). Eighty-ninechildren were included with a minimum of 12 months follow-up. Of all patients, 40 (44.94%) were male and 49 (55.05%) female. The mean age of diagnosis of ischemic stroke was 3.57 ± 0.26 years. We detected 44 (49.43%) patients in the infant period, 21 (23:59%) in the preschool period, 16 (17.97%) in the school, and 8 patients (8.98%) in pre-pubertal period, there were no patients in groups pubescent and postpubescent. 77 patients (86.51%) were white, 11 (12:35%) black and 1 (1.12%) eastern patient. Of the patients analyzed 24 (26.96%) were previously diagnosed with a disease known to be related to ischemic stroke. The main previously diagnosed disease was complex heart disease or heart malformation, with 7 (7.86%) patients diagnosed in the neonatal period and 1 (1.12%) Congenital valve disease identified in the infant period. 44 (49.43%) patientshad environmental factorspreceding the stroke. The most prevalent were febrile / infectious syndromes (44.94%), that preceded the stroke up to eight weeks. Among them, upper airway infection, accounted for 27 (30.33%) cases.In the acute phase, the motor focal deficit alone was present in 28 (31.46%) children, seizures without other signs in 25 (28.08%) cases, and if we add cases with more than one clinical signs (example: any focal deficits withseizure) the seizure was the main clinical presentation, present in 41 ( 46.06%) cases. Among the 56 (62.92%) with confirmed etiology, 16 patients had infectious causes directly related tostroke.Despite extensive researchthat has been carried out in 72 (80.89%) patients, 33 (37.07%)remained with undetermined etiology. The mean follow-up of patients was 5.76 ± 0.37 years. Twenty (22.47%) patients died during the study period, occurring mainly within the first year of follow-up, occurring in 14 (15.73%) childrenAlthough relatively uncommon, compared with many other childhood diseases, pediatric stroke carries with it a disproportionately high morbidity and long-term personal and societal cost.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-06122016-093706 |
Date | 10 June 2016 |
Creators | Reinaldo Regis Silva |
Contributors | Carolina Araujo Rodrigues Funayama, Soraia Ramos Cabette Fabio, Octávio Marques Pontes Neto |
Publisher | Universidade de São Paulo, Mestrado Profissional Neurologia e Neurociências Clínicas, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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