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Da droga ao tóxico: subversão do sujeito no percurso do internamento voluntário

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Nesta pesquisa, a toxicomania não é sinônimo de dependência de uma substância psicoativa, e sim, é compreendida como uma relação intensa e exclusiva, em que o uso de drogas se estabelece também como uma função na vida psìquica. Este trabalho se propõe analisar os deslizamentos na demanda de tratamento por parte do toxicômano, ao longo do internamento voluntário. Tem como objetivos especìficos: identificar as especificidades da entrada do toxicômano em uma instituição de tratamento; investigar os destinos da demanda no percurso do internamento; situar o modo de manejo do lugar institucional na prática clìnica com toxicômanos; e articular os vieses do encontro - entre toxicômano e instituição - com o discurso em voga na pós-modernidade. O cerne da investigação é averiguar os efeitos singulares da escuta psicanalìtica no âmbito institucional, em favor da subversão do sujeito. Se para o toxicômano a droga participa como uma destituição do sujeito, ao apresentar-se colado, falando de si, somente a partir do uso que faz da droga, a via indicada consiste em ofertar palavras. A direção do tratamento, ao buscar ouvir a função tóxica da droga, ao invés de tão somente ocupar-se com o uso ou não uso de uma substância psicoativa, pode possibilitar que o sujeito que atua com sua toxicomania encontre espaço para um deslize significante, e que seja possìvel colocar em trabalho o seu modo de gozo. Portanto, uma instituição engajada na clìnica da toxicomania precisa estar duplamente advertida de sua função: primeiro, esquivar-se do modelo de instituição consonante com os princìpios pós-modernos, que exaltam o excesso de gozo e o apagamento do limite; e segundo, deve saber que é só ao preço de conseguir suportar o lugar do impossìvel que ela configura-se como um lugar possìvel de endereçamento. A pesquisa foi realizada no Instituto RAID, uma Organização Não Governamental, que segue a orientação psicanalìtica em seu manejo clìnico-institucional e trabalha na prevenção e tratamento de pessoas de ambos os sexos que, voluntariamente, optam por acompanhamento devido a problemas relacionados ao uso abusivo ou dependência de álcool e outras drogas. Participaram desta pesquisa, toxicômanos em tratamento, albergados integralmente na instituição. Por meio de entrevistas buscou-se percorrer os sentidos que a toxicomania evoca, e refletir as especificidades dessa Clìnica. Na articulação com os casos é possìvel reconhecer a singular significação e representação do uso de drogas na toxicomania, um dos modos de lidar com o mal-estar ao investir no tóxico como solução real para a subjetivação. Tais deslocamentos promovidos pelo sujeito que se nomeia toxicômano e traz como queixa seu uso de drogas pode no curso do internamento voluntário consentir em perceber a função que o tóxico ocupa em sua vida psìquica, e implicar-se nisso. A voluntariedade no tratamento é um componente ético fundamental, na medida em que, somente a partir da disponibilidade de cada sujeito será possìvel a construção de novos itinerários para o seu próprio desejo.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:unicap.br:780
Date05 July 2014
CreatorsFabíola Barbosa Ramos da Silva
ContributorsNanette Zmeri Frej, Maria de Fátima Vilar de Melo, Edilene Freire de Queiroz, Luiza Elena Bradley Alves de Araújo
PublisherUniversidade Católica de Pernambuco, Mestrado em Psicologia Clínica, UNICAP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNICAP, instname:Universidade Católica de Pernambuco, instacron:UNICAP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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