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Petrologia e geoquímica de granitóides a sudeste da zona de cisalhamento Afogados da Ingazeira – PE Nordeste do Brasil

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Previous issue date: 2004-02-26 / Os granitóides estudados se situam geotectonicamente na Faixa Pajeú-
Paraíba, Domínio Tectônico Central da Província da Borborema, ao Sul da Zona de
Cisalhamento Afogados da Ingazeira, tão proximais que não distam mais de 3 (três) Km
do traço principal do cisalhamento.
São corpos de pequenas dimensões, com áreas de exposição de até 20Km²,
denominados plútons Serra do Pereiro, Serra do Boqueirão, Açude do Caroá, Serra do
Zuza e Serra do Minador. Os três primeiros são intrudidos no contato entre ortognaisses
e metassedimentos (Complexo Sertânea) do Paleoproterozóico, enquanto os dois
últimos fazem contato também com metassedimentos (Complexo São Caetano) do Eo-
NeoProterozóico.
Petrograficamente são monzonitos, monzogranitos, sienogranitos e álcalifeldspato-
granitos contendo enclaves de quartzodioritos, quartzomonzodioritos,
monzodioritos e granodioritos. A intrusão de Açude do Caroá é caracteristicamente
quartzodiorítica a quartzomonzodioritica.
Os plútons de Serra do Pereiro e Serra do Boqueirão são mais alongados, ao
contrário de Serra do Zuza e Serra do Minador, sem orientação mineral, linear ou planar.
Enclaves métricos a decimétricos, mostrando contatos crenulados e
composição quartzomonzodiorítica a diorítica, são observados nos plútons Serra do
Pereiro e Serra do Boqueirão, enquanto em Serra do Zuza e Minador predominam
enclaves menores que decímetros, mais alongados e com composição mais
granodiorítica.
Dados de química mineral indicam biotitas enriquecidas na molécula de annita,
com razão Fe / (Fe + Mg) variando desde 0,62 a 0,87, enquanto os anfibólios são
cálcicos, ricos em ferro, classificados como hornblenda ferro-edenítica e hornblenda
ferro-potássica-pargasíticas, cuja razão Fe / (Fe + Mg) varia desde 0,55 a 0,85. Os
plagioclásios variam desde Ab83,3An16,7 a Ab61,6An38,4, dominantemente oligoclásicos,
enquanto o K-feldspato varia no intervalo de Or100 a Or80Ab20.
Utilizados para geotermobarometria, dados de química mineral determinaram
pressões 3,57 to 5,86 +- 0,6 Kbar e as correspondentes temperaturas de 776,2°C a
892,5°C, para as intrusões quartzomonzodioríticas a quartzodioríticas de Açude do
Caroá, com profundidade de alojamento da ordem 15Km.
Seguiram-se todos os preceitos ao geobarômetro Alumínio em Hornblenda e ao geotermômetro anfibólio-plagioclásio, calculando-se as pressões usando a equação de
Schmidt.
A avaliação da temperatura (776°C a 812°C, sob pressão de 3,57 a 5,86Kbar)
considerou apenas os pares anfibólio-plagioclásio, cujo equilíbrio foi testado através de
diagramas de correlação entre as razões Na/Ca e Si/Al, adicionando este critério
estatístico conjugal às restrições individuais tais como o teor em albita do plagioclásio (
inferior a 90%) e o respeito ao intervalo 0,45 a 0,65 para a razão Fe / (Fe + Mg) no
anfibólio.
Dados de litogeoquímica permitiram determinar a temperatura de saturação de
zircônio, quando começa a cristalizar zircão, fase mineral cedo-formada em todas as
rochas analisadas.
Para os magmas que originaram as rochas máficas, os resultados se mostraram
compatíveis com aqueles determinados por química mineral e, em geral, bastante
coerentes: quartzomonzonitos e quartzodioritos de Açude do Caroá (872°C e 883°C,
respectivamente), monzodiorito de Serra do Boqueirão (865°C), quartzodiorito de Serra
do Pereiro (890°C) e granodioritos de Serra do Zuza (830°C a 862°C).
Para os litotipos mais félsicos do pluton Serra do Minador, as temperaturas de
saturação em Zr mostraram variação entre 779°C e 844°C, enquanto os de Serra do
Zuza variaram desde 815°C a 909°C.
A litogeoquímica dos elementos maiores mostra que os granitoides estudados
são metaluminosos a peraluminosos, corroborando os dados obtidos com as
composições das biotitas. Mostram teores de SiO2 variando desde 56% a 76%, (K2O /
Na2O) > 1, baixos teores de CaO, sendo melhor classificados como álcali-cálcicos.
Os granitoides mostram elevados teores de Ba, Zr, Y e Nb e baixos teores de Sr,
semelhantes aos do tipo-A, mais caracteristicamente Serra do Pereiro, Serra do
Boqueirão e Açude do Caroá.
Os teores de Zr, Ba e Sr diminuem para os lititipos mais ricos em SiO2, o que não
acontece com Y e Nb.
Os padrões dos elementos Terras Raras - ETR, normalizados em relação ao
condrito, revelam pronunciada anomalia negativa de Eu, corroborando a semelhança
com os granitóides tipo A, mais pronunciada nos plútons Serra do Zuza e Serra do
Minador.
As razões Ce/Yb mais elevadas sugerem maior fracionamento para o plúton
Serra do Zuza (56 a 75, nos granitoides e 29 a 38, nos enclaves máficos). Também se
revela o mais regular e extensivamente rico em Th, explicando-se as anomalias
radiométricas.
O plúton Serra do Minador apresenta a menor razão entre aqueles Terras Raras,
da ordem de 11 a 22, ao passo que Serra do Pereiro as correspondentes razões Ce/Yb
variam desde 46 a 62. Os diagramas do tipo spider LILE/HFSE, multielementos, revelam que os
granitoides dos plútons Serra do Minador, Serra do Pereiro, Serra do Boqueirão e
Açude do Caroá são enriquecidos em relação ao manto primitivo, porém dez vezes
menos que o plúton Serra do Zuza.
Há depressão em Sr sugestiva de alcalinidade do magma.
Dados combinados de Nd-Sr apontam para uma origem de crosta inferior (0 > Nd > -20
e 0 < Sr < 80), com protólito dominantemente ígneo, cujo T(DM) remete ao
Transamazônico ( 1,8 a 2,0 Ga.).
Idades absolutas obtidas pelo método U-Pb em zircão apontam para o plúton
Serra do Pereiro 543 +- 7 Ma. e para o plúton Serra do Zuza 538 +- 23 Ma., dados que
podem ser aproximados para 540Ma.
Todos os plútons plotam como intra-placa e tardi-orogênicos, mas Serra do Zuza
e Serra do Minador tendem a anorogênicos nos diagramas discriminantes de ambiente
tectônico.
Coexistência e mistura de magmas, nos plútons de Serra do Pereiro, Açude do Caroá e
Serra do Boqueirão, são evidenciadas por: presença de enclaves microgranulares
mostrando contatos crenulados e lobados com os granitoides hospedeiros; cristais de
feldspatos cortando transversalmente o contato entre enclaves/granitoide hospedeiro;
textura de desequilíbrio com feldspatos e anfibólios manteados; presença de apatita
acicular ; e ainda xenocristais de feldspatos e fragmentos de rochas félsicas inclusas
nas máficas.
Os estudos de anisotropia de susceptibilidade magnética – ASM – realizados no
plúton de Serra do Zuza revelaram um controle através de minerais paramagnéticos e o
baixo grau de anisotropia indica inexistência de deformação no estado sólido e
estruturas magnéticas adquiridas no estado magmático, sugestão confirmada pela falta
de relação entre o grau de anisotropia e a susceptibilidade magnética total.
Os padrões de lineação e foliação magnéticas resultam numa trama mista sem
prioridade para qualquer dos elementos – linear ou planar – indicando que o plúton
Serra do Zuza se alojou em um ambiente transtensional, vinculado com o traço do
cisalhamento. O caimento preferencial das lineações é para Sudoeste ou Oeste-
Sudoeste, espraiando-se para Sudeste e para Nordeste, donde se conclui um
alojamento ascendente do magma procedente desde Sudoeste ou Oeste-Sudoeste.
Finalmente, os menores valores de caimento das lineações magnéticas
caracterizam maior distanciamento da raiz, o que também se evidencia pelo tamanho
reduzido e forma mais alongada dos enclaves.
Os dados possibilitam que os plútons Serra do Boqueirão e Serra do Pereiro
representam nível crustal mais profundo do que Serra do Zuza, mas o magma, que aqui
se alojou, teve procedência justamente do sentido oposto, sugerindo-se que se tratem
de pontos transtensivos isolados, ao longo do traço da zona de cisalhamento de Afogados da Ingazeira, considerado como um limite isotópico e estrutural, de segunda
ordem. / Granitoids founded at Pajeú-Paraiba belt, Alto Pajeú Terrain, Central Tectonic
Domain of Borborema Province, as near as 3Km maximum at south of Afogados da
Ingazeira shear zone were studied.
Short outcropping at most 20Km² each, Serra do Pereiro, Serra do Boqueirão,
Açude do Caroá, Serra do Zuza and Serra do Minador pluton. The three first bodies
intruded orthogneiss and metassediments (Sertanea complex) from the age
Paleoproterozoic while last two intrude early Neoproterozoic São Caetano complex too.
Monzonites, monzogranites, sienogranites and alkali-feldspar-granites rocks,
while quartzdiorites, quartz monzodiorites, monzodiorites and granodiorites are
petrographical compositions of enclaves. Açude do Caroa pluton is characteristically
quartz diorite and quartz monzodiorite.
Serra do Pereiro and Serra do Boqueirão pluton are longest, the other way round
Serra do Zuza and Serra do Minador pluton without foliation or lineation mineral.
Metric and submetric enclaves reveal crenulate boundary and
quartzmonzodioritc or dioritic composition at Serra do Pereiro and Serra do Boqueirão
pluton, while there is smaller enclaves in Serra do Zuza and Serra do Minador pluton,
leading decimeter to millimeter, longer and with more granodiorite in composition.
Microprobe data point out biotites annite-rich, Fe / ( Fe + Mg) rate varies 0.62 to
0.87, while amphiboles are calcic, Fe-rich, named Fe-edenite hornblende and
hornblend Fe-K-pargasitic, with rate Fe / (Fe + Mg) varying since 0.55 to 0.85.
Plagioclases are Ab82.3 An16.7 until Ab61.6 An38.4 oligoclases, and K-feldspar varies
since Or100 to Or80 Ab20.
Microprobe data was applied to geothermobarometry to definite 3.57 to 5.86 +-
1.6 Kbar and temperatures since 776.2°C to 892.5°C for quartzmonzodiorites and
quartzdiorites in Açude Caroá pluton, emplaced at 15 Km deep in crust.
All path for Al-in-Hornblend barometry and amphibole-plagioclase
geothermometer was regarded and calculate the pressures using Schmidt`s equation,
regarding the interval 0.45 to 0.65 for a rate Fe / (Fe + Mg).
The temperature evaluation counts only each amphibole plagioclase pair that
equilibrium Na/Ca versus Si/Al has been verified through statistics correlation diagrams.
This statistic criteria is grouped with other restrictions as the albite content plagioclase
less than Ab90An10 and regard the interval 0,45 to 0,65 for a rate Fe / (Fe + Mg) of
amphibole.
Geochemical data in whole-rock calculate temperature Zr saturation when begin
zircon crystallization, mineral phase common in most rocks.
Mafic rocks and their magmas leading compatible results with microprobe data,
as coherent as 872°C to 883°C for quartz monzodiorite and quartzdiorite of Açude do
Caroá pluton, 865°C for monzodiorite of Serra do Boqueirão pluton, 890°C for
quartzdiorite of Serra do Pereiro pluton and 830°C until 862°C for granodiorite of the
Serra do Zuza pluton.
Analogously in the type of rocks with more felsic mineral composition from Serra
do Minador pluton, the temperatures of saturation in Zr show variation between 779°C
and 844°C, while the Serra do Zuza`s types show variation between 815°C to 909°C.
The geochemical of the bigger elements displays that the granitoids studied are
metaluminous to peraluminous.
It was took when this were compared with the biotites composition. It shows
substances of SiO2 altering since 56% to 76%, (K2O / Na2O) > 1, low substance of CaO.
So it's better classified lyke alkali-calcic.
The granitoids show high purport of Ba, Zr, Y and Nb and low purport of Sr, as the
same as the A-type granites. It can be seem in Serra do Pereiro, Serra do Boqueirão and
Açude do Caroá.
The substances of Zr, Ba and Sr get less in case of the type of rocks wealthy in
SiO2. And it not happens with Y and Nb.
REE patterns normalized for CHUR reveal Eu anomalies, as similarity as A-type
Granitoids, mainly Serra do Zuza and Serra do Minador plutons.
The higher relations Ce/Yb suggest a larger breach to the Serra do Zuza pluton
(56 a 75 in granitoids and 29 to 38 in mafic enclaves) it is response to disclose the most
regular an rich in Th, explaining the radiometric anomalies.
Serra do Minador pluton exhibits the smallest relation between the REE, in class
of 11 to 22, and in Serra do Pereiro the relations Ce/Yb changes since 46 to 62.
The spiderdiagrams LILE/HFSE shows granitoids enriched, compared to the
original mantle, in plutons of Serra do Minador, Serra do Pereiro, Serra do Boqueirão
and Açude do Caroá. But this granitoids are ten times less enriched compared with Serra
do Zuza pluton.
There is a depression in Sr that suggests aluminous magma.
Combined data of Nd-Sr aim to a lower crust origin (0 > Nd > -20 and 0 < Sr < 80)
with protolite prevailing igneous, whose T (DM) send to Transamazonic ( 1.8 Gy. to 2.0
Gy).
Absolut ages obtained by U-Pb in zircon method aim to the Serra do Pereiro 543
+- 7 Ma, and to the Serra do Zuza pluton 538 +- 23 Ma. This datas can be approximated
to 540 Ma. All plutons are within plate and late orogenic, but Serra do Zuza and Serra do
Minador plot as anorogenic in diagrams.
There is features showing magma mixing evidences in Serra do Boqueirão pluton
and Serra do Pereiro pluton and Caroá pluton, too: presence of microgranular enclaves
showing crenular and cuspate contacts with hostless granitoids; feldspar crystals cutting
crossly the contact between the hostless enclaves/granitoids; imbalance condition of
texture with feldspar and amphibole manted; presence of acicular apatite; and feldspars
xenocrystals and fragments of felsic rocks in mafic rocks.
The lineation and foliation magnetic patterns results in a mixed texture without
priority to any elements – linear or planar – showing the Serra do Zuza pluton took
lodgings in a transtentional ambient, linked with the shear line. The preferential
depression of the features is to the SW or WSW, widening to SE and NE, from we can
conclude about an ascendant lodging of the magma that comes since SW or WSW.
Finally, the less datas of depression of the magnetic lineations characterize amre
separation from the rule. And that also is proved by reduced size and lengthened shape
of enclaves.
The data make possible that Serra do Boqueirão and Serra do Pereiro plutons
represent crustal level deeper that Serra do Zuza. However, the magma which lodgings
there, origins in the opositte direction, It suggests that this plutons are from the isolate
relief points along the Afogados da Ingazeira shear zone, that is considered a isotopic
and structural boundary.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/15619
Date26 February 2004
CreatorsMELO, Evenildo Bezerra de
ContributorsGUIMARÃES, Ignez de Pinho
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco, Programa de Pos Graduacao em Geociencias, UFPE, Brasil
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguageBreton
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
RightsAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil, http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/, info:eu-repo/semantics/openAccess

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