Se a família é o primeiro ambiente socializador da criança, preparando-a para a inclusão em um contexto social mais amplo, a escola pode ser considerada o segundo, salientando-se que pais e professores são figuras essenciais no desenvolvimento do indivíduo, cabendo a eles a função de transmitir valores e normas de conduta assim como compor o ambiente, estabelecendo formas e limites para as gerações mais novas; a infância é, pois, quando a criança incorpora estes valores e, então, o momento propício para verificar a assimilação que ela faz dos fatores relacionadas à tolerância, direitos e deveres. Neste sentido, inicialmente foi investigada a percepção de professores e pais de alunos de Escolas Públicas e Privadas sobre formas de educar a criança e o que seria a violência doméstica contra ela (Estudo I). Na continuidade, analisou como crianças de 2ª a 4ª séries do Ensino Fundamental, que freqüentavam Escola Pública, percebiam as ações dos adultos em relação a elas, o que consideravam certo e errado no contato entre os colegas, o que deveria ser feito para garantir o respeito aos direitos de cada um (Estudo II); e por último foi executado um conjunto de discussões em grupo voltado às questões da Tolerância e Direitos com crianças de 4ª série (Estudo III). Para cumprir estes objetivos, no Estudo I três Escolas Públicas e três Particulares foram contatadas, participaram quatro professores (um por série) e oito pais (dois por série) por Escola de primeira à quarta série do Ensino Fundamental, somando um total de setenta e dois entrevistados; na coleta de dados foram usados uma entrevista estruturada com os pais e jogo de sentenças incompletas com os professores. No Estudo II foram entrevistados 160 alunos de 2a (40), 3a (40) e 4a (80) séries do Ensino Fundamental de uma Escola Pública; dois instrumentos foram elaborados, o primeiro composto por um conjunto de desenhos, seguidos de questões, o segundo na forma de uma entrevista estruturada. No Estudo III, o material usado na intervenção foi em forma de jogo que consistia em lançar uma certa situação com duas possíveis alternativas (uma direcionada para a incompreensão e desobediência e a outra voltada para a tolerância e a recusa à agressão) a serem escolhidas pelos seus participantes (duas salas de 4ª série). Os dados obtidos foram analisados pelos sistemas quantitativo e quantitativo interpretativo. Os resultados, de um modo geral, mostraram que para os pais de alunos de ambas as escolas um sistema ideal de educação quanto à punição está no ponto central, a grande maioria nega que o excesso e a ausência sejam bons para a educação, mas sinalizam que, num grau médio, punir é uma ação aceita como forma de educar a criança. Os professores de escolas particulares e públicas disseram que já detectaram algum tipo de violência doméstica contra seus alunos. Os dados das crianças demonstraram que elas responsabilizam os adultos por sua formação e o que mais as incomoda no contato com os pares são as brigas. Discute-se assim a questão da visibilidade maior da violência doméstica contra a criança nas escolas, sendo os professores grandes aliados na sua detecção e também a necessidade da realização de outras intervenções com as crianças com o objetivo de trabalhar estratégias menos violentas diante de situações que exigem auto-controle em seu relacionamento com os colegas. / If the family is the first socializing environment for children, preparing them for inclusion in a more expanded social context, school can be considered to be the second, with emphasis on the fact that parents and teachers are essential figures in the development of an individuals. It is their function to transmit values and behavioral norms and to compose the environment, establishing forms and limits for the younger generations. It is during childhood that children incorporate these values, this being the proper time to verify how children assimilate the factors related to tolerance, rights and duties. On this basis, we first investigated the perception of teachers and parents of pupils enrolled in Public and Private Schools regarding the way to educate children and domestic violence against them (Study I). Next, we analyzed how 2nd to 4th grade Elementary School pupils enrolled in Public School perceived the actions of adults towards themselves and what they considered to be right or wrong regarding contact among schoolmates and what should be done to guarantee respect of the rights of each person (Study II); finally, a set of group discussions was held regarding the questions of Tolerance and Rights with 4th grade pupils (Study III). To fulfill these objectives, three Public Schools and three Private Schools were contacted in Study I, with the participation of four teachers (one per grade) and eight parents (two per grade) per School from first to fourth grade of Elementary School, with a total of 72 persons interviewed. For data collection, a structured interview was applied to the parents and a set of incomplete sentences was used with the teachers. In Study II, 160 pupils of 2nd (40), 3rd (40) and 4th (80) grades of Elementary School were interviewed. Two instruments were elaborated, the first consisting of a set of drawings followed by questions, and the second in the form of a structured interview. In Study III, the material used for intervention was a game consisting of the presentation of a certain situation with two possible alternatives (one directed at incomprehension and disobedience and the other directed at tolerance and refusal of aggression) to be selected by the participants (two 4th grade classrooms). The data obtained were analyzed by the quantitative and quantitative interpretative systems. In general, the results showed that the parents of children from both schools considered punishment to be a central point in an ideal educational system. Most denied that the excess or the absence of punishment is good for education, but pointed out that a medium type of punishment is an action accepted as a form of child education. The teachers of both the public and private schools stated that they had already detected some type of domestic violence against their pupils. The data regarding the children demonstrated that they hold the adults responsible for their education and that what most bothers them in the contact with their peers is fighting. Thus, the question of greater visibility of domestic violence against children in the schools is discussed, with the teachers being important allies in its detection, together with the need for other interventions with the children in order to devise less violent strategies in situations that require self-control in their relationships with their schoolmates.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-23022007-151707 |
Date | 18 December 2006 |
Creators | Vanessa Delfino |
Contributors | Zelia Maria Mendes Biasoli Alves, Paola Biasoli Alves, Neucideia Aparecida Silva Colnago, Sonia Santa Vitaliano Graminha, Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo |
Publisher | Universidade de São Paulo, Psicologia, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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