O consumo e o mercado de cafés especiais, como orgânicos, gourmets e socialmente justos, cresce no mundo todo oferecendo preços atraentes para o produtor, enquanto o mercado de cafés commodity encontra grande oferta e preços muito baixos. A produção orgânica revela-se como alternativa ambiental, social e econômica, pois não contamina o meio ambiente e nem as pessoas direta e indiretamente envolvidas, além de agregar mais valor ao produto final. Apesar de o Brasil ser o maior produtor mundial de café, com aproximadamente 45 milhões de sacas em 2002, a produção de café orgânico foi aproximadamente de 70 mil sacas, de acordo com a ACOB (Associação de Cafeicultura Orgânica do Brasil). O México é o maior produtor mundial de café orgânico, com aproximadamente 500 mil sacas em 2002, sendo a maioria proveniente de sistemas sombreados de café. A cafeicultura nacional caracteriza-se por extensas áreas de monocultivo a pleno sol, desconsiderando o fato do café ser uma espécie originária de florestas caducifólias da Etiópia. A produção de café orgânico brasileira também é, em sua maioria, a pleno sol, com pouca biodiversidade e grande input ao sistema. Países produtores de café orgânico em sistemas sombreados e consumidores criticam a ausência de biodiversidade do sistema brasileiro. Portanto, a pesquisa nacional deve avaliar cientificamente diferentes manejos de café orgânico, obtendo informações quantitativas e qualitativas, visando a sustentabilidade sócio-ambiental e ganho de competitividade internacional do produto brasileiro neste nicho de mercado. Na busca de parâmetros que permitam a caracterização do sistema sombreado e do sistema a pleno sol de café orgânico, a composição química elementar avaliada em elevado nível metrológico é uma ferramenta potencial. Esta alta confiabilidade metrológica pode ser obtida através da análise por ativação neutrônica instrumental (INAA). Para a caracterização destes sistemas de produção de café orgânico, vários elementos químicos foram quantificados por INAA em grãos e folhas de café Coffea arabica, variedade Mundo Novo, e nos solos de ambos os sistemas - café sombreado por árvore leguminosa Platycyamus regnellii e café a pleno sol, na fazenda Jacarandá, Machado, Minas Gerais. Foram também avaliados os parâmetros de produtividade, fertilidade do solo, nutrição vegetal e qualidade do café. Os resultados indicam uma perspectiva positiva para a discriminação dos dois sistemas de produção utilizando-se da composição química elementar determinada por INAA. As avaliações demonstram uma tendência à superioridade do sistema sombreado, principalmen te quanto às maiores concentrações de potássio encontrados em grãos, folhas e solo, que podem ter propiciado uma melhor qualidade do café deste sistema. / The consumption of special coffee, mainly organic coffee, is increasing worldwide following the tendency of consuming products socially fair and ecologically sustainable, providing new market opportunities for coffee farmers in developing countries. The organic coffee is considered to have a better quality, once no agrochemicals are used and therefore, only the essential elements of the coffee will be present in the final product. Brazil is the largest world coffee producer, with 2,700,000 tons of green coffee in the 2002 harvest. However, only 4,200 tons are certified organic coffee, according to the Organic Coffee Brazilian Association (ACOB). The cultivation of organic coffee and shaded coffee are common in Central America, while in Brazil both conventional and organic coffee are mainly cultivated in the full sun system. Mexico, the largest world organic coffee producer, harvested 24,000 tons of certified organic coffee in the 2001-2002 season, most of it from shaded organic coffee system. In Brazil, such system is not well trusted and is also known as less productive. The full sun organic system is very criticized because of the lack of biodiversity and the high demand for external organic fertilizers. The shaded coffee system recycles more nutrients and has biodiversity, consequently, less dependent on external organic fertilizers, insecticides and fungicides. To characterize these two distinct organic coffee production systems, several inorganic chemical elements were quantified by instrumental neutron activation analysis (INAA) in coffee beans and leaves from Coffea arabica, variety Mundo Novo, leguminous shade tree (Platycyamus regnellii) leaves and soil from both systems at the Jacarandá farm, Machado, Minas Gerais State, Brazil. Other parameters such as productivity, soil fertility, plant nutrition and coffee quality were also evaluated. Results show a positive perspective for discrimination of the two production systems, through the chemical composition by INAA. The evaluations show a tendency of superiority for the shaded treatment, mainly according to the higher mass fractions of K in grains, leaves and soil, which may have caused better coffee quality.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-29072004-155514 |
Date | 19 January 2004 |
Creators | Cassio Franco Moreira |
Contributors | Elisabete Aparecida De Nadai Fernandes, Takashi Muraoka, Maria Sylvia Macchione Saes |
Publisher | Universidade de São Paulo, Ecologia de Agroecossistemas, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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