As poéticas simbolista e decadentista surgiram no último quarto do século XIX, em Paris, como reação ao movimento naturalista e ao pensamento positivista e cientificista de então; logo se espalharam para outros países, dentre os quais se destacam Bélgica, Portugal e Brasil, cujos autores continuaram a manter intenso diálogo com a produção da capital francesa. As obras escritas nesse contexto costumavam apresentar preocupações quanto ao aspecto metafísico da existência, buscando correspondências entre mundo natural e mundo espiritual, ao mesmo tempo em que propunham uma série de inovações estético-formais, como o verso livre e a prosa poética. No plano temático, voltavam-se a mitos e lendas difundidos no imaginário ocidental, resgatando símbolos antigos para instaurar novas significações e atualizar imagens já desgastadas. Tendo em vista esse contexto e os recentes estudos sobre a representação dos animais na literatura, a presente tese procurou verificar em que medida os animais se fazem presentes e se revelam importantes no imaginário finissecular e de que maneira houve inovação na forma como foram retratados. Paralelamente, pretendeu-se confirmar a existência de um imaginário animal comum aos poetas e prosadores simbolistas e decadentistas, independentemente de seu país de origem, e apesar das particularidades próprias de cada autor ou obra. Para tanto, partindo das imagens da águia, do cisne e do verme, três dos animais mais recorrentes e significativos para o contexto finissecular, em autores de língua francesa e portuguesa, buscou-se interpretá-las em seu próprio contexto e comparálas com as simbologias atribuídas pela tradição de modo a averiguar as inovações propostas pelos simbolistas e decadentistas e as particularidades de seu imaginário animal. / Symbolist and Decadent poetics emerged in the last quarter of the 19th century, in Paris, as a reply to Naturalism and its contemporary positivist and scientistic philosophies. Symbolism and Decadentism soon spread to other countries, among which Belgium, Portugal and Brazil, whose authors much dialogued with its fellow French writers. Works written in such a context used to feature anxieties as to existences metaphysical aspect, seek similarities between natural and spiritual world, as well as propose a series of aesthetical and form innovations, such as the free verse and the poetic prose. When it came to themes, they sought myths and legends that were widespread in the Western imaginary, making use of long-lost ancient symbols so as to bring forth new meanings and modernise outworn imagery. Given this background and recent studies concerning the representation of animals in literature, the present thesis sought to ascertain how present and important animals are to the late 19th-century imaginary and how innovative their portrayal is. Furthermore, it was our intent to establish the existence of a shared imaginary about animals among symbolists and decadents, regardless of their birthplace and despite the particularities of each author and work. In order to reach this goal, eagle, swan and worm images were our starting point, since they proved to be among the most meaningful and recurrent animals, both in French and Portuguese speaking authors. Then, I analysed them in their own context and proceeded to compare them to their traditionally assigned symbology, so as to learn the innovations proposed by symbolists and decadents, as well as the particularities of animals within these movements imaginary.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-07062019-110830 |
Date | 01 February 2019 |
Creators | Matangrano, Bruno Anselmi |
Contributors | Fernandes, Annie Gisele |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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