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Previous issue date: 2009 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Analisando fragmentos de diálogos entre mães e seus filhos, De Lemos (1995, 2002, 2006,
entre outros trabalhos) e pesquisadores a ela filiados a partir da leitura de Saussure,
Jakobson e Lacan , deram especial ênfase ao outro, considerado como o representante de um
funcionamento lingüístico discursivo, na trajetória de infans a sujeito falante de uma língua.
Tem-se, portanto, um organismo que encontra uma língua que o antecede e o captura,
remetendo a constituição do sujeito a um outro (representante da língua). Com base nesta
abordagem teórica, o presente estudo se propôs a refletir, tomando o espelhamento como
unidade de análise, sobre a posição que um outro específico o cuidador ocupa em sua
relação com a fala infantil e as possíveis mudanças nessa fala, ao se relacionar com diferentes
cuidadoras que lhe servirão de outro. Esse espelhamento De Lemos (2002) qualifica como um
processo constitutivo do diálogo mãe-criança, assim como da aquisição de linguagem. A fim
de atender a este objetivo, foi realizado um estudo longitudinal, durante oito meses, em que se
visitou, semanalmente, uma Unidade de Atendimento Protetivo da FUNDAC , realizando
registros videográficos dos diálogos de três crianças com uma das cuidadoras por elas
responsável, dentre as três que participaram do estudo (C1., C2. e C3.). Importa ressaltar que,
para a análise, foi tomado para investigação o conjunto de dados de fala de apenas uma
criança (J.). A análise e discussão de tais diálogos foram organizadas em duas etapas distintas:
na primeira, analisou-se a maneira como o espelhamento estaria acontecendo na relação entre
a fala da criança e a de seu cuidador e os efeitos que imprimiria à fala infantil; já na segunda,
realizou-se um confronto entre as características dominantes na forma pela qual cada
cuidadora se posicionou frente às produções verbais infantis, ressaltando as mudanças
qualitativas na fala da criança frente a tais características. A partir dessa análise, pôde-se
indicar, quanto à fala de J., com a interlocução singular das três cuidadoras, que ocorreria um
movimento no qual tal criança passaria continuamente de uma posição em que tem a sua fala
ancorada na fala do outro/intérprete, para uma posição em que falta esta âncora, ou seja, falta
a força estruturante da interpretação. Assim, nas situações em que a cuidadora presente foi
C1., destaca-se que, ao ocupar o lugar de outro, essa cuidadora, comumente, assumiu uma
posição de distanciamento, caracterizada por certa indiferença frente aos enunciados infantis,
deixando-os à deriva. Diferentemente, quando o outro/cuidador era representado por C2. e
por C3., foi predominante a função de âncora desempenhada pela interpretação dessas
cuidadoras. O presente estudo apontou ainda para um contínuo deslocamento de posições
estruturais numa mesma criança, na dependência da posição assumida por cada uma das
cuidadoras. Destaca-se, então, uma mudança qualitativa na fala da criança, quando ela se
desloca de uma relação com C1., para uma relação com C2. ou com C3., levando-se em conta
a singularidade com que cada uma dessas cuidadoras ocupou o lugar de outro diante da fala
de J.. Desse modo talvez se tenha conseguido lançar um pouco de luz sobre o modo como
esse lugar pode ser ocupado, de forma singular, por pessoas diferentes/singulares
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/8100 |
Date | 31 January 2009 |
Creators | BELTRÃO, Fernanda Rabelo de Carvalho |
Contributors | CARVALHO, Glória Maria Monteiro de |
Publisher | Universidade Federal de Pernambuco |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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