[pt] Resistência pode ser compreendida por sua concepção polissêmica em termos políticos, científicos e sociais, bem como pelas forças de ação dos sujeitos em suas diversas lutas. Para este trabalho de tese, buscamos compreender a resistência a partir das práticas espaciais dos sujeitos afetados direta e indiretamente pela territorialização do capital, que pode ser concebida por algumas abordagens como desenvolvimento, mas, de fato, os expulsa de seus espaços de vida para dar lugar a um aparato técnico social, constituindo uma intervenção na organização espacial desses lugares onde dadas territorialidades são negadas, cooptadas, ou de onde são expulsas. A luta se manifesta contra a desterritorialização e a exclusão territorial dos sujeitos subalternos, mostrando-nos que a territorialização do capital leva ao surgimento do que denominamos práticas espaciais de resistência. Nesse sentido, estudamos os conflitos que emergiram ao longo do eixo do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, obra infraestrutural do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), inaugurada em 2014. O Arco propôs uma nova dinâmica espacial para o espaço metropolitano do Rio de Janeiro, especialmente para a região conhecida como Baixada Fluminense, onde passa grande parte da extensão do Arco (71km) e foi produzida uma série de remoções e conflitos em suas adjacências no decorrer da obra pela territorialização dos investimentos logístico-industriais. Tomamos como área de estudo das manifestações das práticas espaciais de resistência três comunidades da Baixada Fluminense afetadas pela implantação do Arco Metropolitano: os casos das comunidades de Vila de Cava, em Nova Iguaçu; Marajoara, em Japeri; e Sol da Manhã, em Seropédica. As três foram atingidas direta ou indiretamente pelo Arco Metropolitano, tanto pela obra em si quanto pelos capitais que se territorializaram devido às condições do baixo preço da terra, da localização estratégica para logística e dos incentivos ficais concedidos pelas respectivas prefeituras e pelo governo do estado do Rio de Janeiro, que promoveram expulsões diretas e brancas dessas comunidades. Partimos da tese de que as práticas espaciais de resistência, ao mesmo tempo que se integram, expressam o movimento contra o processo de desterritorialização provocado pelas transformações espaciais nas adjacências do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. Nosso objetivo geral é analisar as práticas espaciais expressas nas táticas de resistência dos moradores das comunidades de Vila de Cava, Marajoara e Sol da Manhã, localidades do entorno do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, táticas essas que se contrapõem às formas atuais de territorialização do capital ainda marcadas pelas renovadas formas de expropriação e espoliação do capital em ação conjunta com o Estado. Dada análise tem como aportes teórico-conceituais a concepção de resistência de Scott em diálogo com Foucault, a de sujeito segundo Butler, a de desenvolvimento geográfico desigual de Harvey e a de desterritorialização de Haesbaert, em convergência com a abordagem do conceito de expulsões conforme Sassen. Com isso, elaboramos um sistema interpretativo de tal processo, lendo a resistência a partir das dimensões de insurgência, sobrevivência e subordinação, através da tríade espaço, cotidiano e ação, desenvolvida por Ferreira. / [en] Resistance can be understood by its polysemic conception in political, scientific, and social terms, as well as by the forces of action of the subjects in their various struggles. For this thesis, we seek to understand resistance from the spatial practices of subjects directly and indirectly affected by the territorialization of capital, which can be conceived by some approaches as development, but, in fact, expels them from their living spaces to give rise to a technical social apparatus, constituting an intervention in the spatial organization of those places where such territorialities are denied, co-opted, or expelled. The struggle manifests itself against the deterritorialization and territorial exclusion of subaltern subjects, demonstrating that the territorialization of capital leads to the emergence of what we call spatial resistance practices. The Arch proposed a new spatial dynamic for the metropolitan area of Rio de Janeiro, especially for the region known as Baixada Fluminense, where a large part of the extension of the Arch (71km) goes through, and a series of removals and conflicts was produced in its surroundings during the work due to the territorialization of logistical-industrial investments. Three communities in Baixada Fluminense affected by the implementation of the Metropolitan Arch were taken as our study area on the manifestations of spatial resistance practices: the cases of Vila de Cava, in Nova Iguaçu; Marajoara, in Japeri; and Sol da Manhã, in Seropédica. The three communities were directly or indirectly affected by the Metropolitan Arch, both by the work itself and by the capitals that were territorialized due to the conditions of the low price of land, the strategic location for logistics and the tax incentives granted by the respective city halls and by the government of Rio de Janeiro, which promoted direct and white expulsions from these communities. We start from the thesis that the spatial resistance practices, at the same time that they are integrated, express the movement against the process of deterritorialization caused by the spatial transformations in the vicinity of the Metropolitan Arch of Rio de Janeiro. Our general objective is to analyze the spatial practices expressed in the resistance tactics by the residents of the communities of Vila de Cava, Marajoara and Sol da Manhã, locations around the Metropolitan Arch of Rio de Janeiro. These tactics are opposed to the current forms of territorialization of the capital still marked by the renewed forms of expropriation and plunder of capital together with the State. This analysis has as theoretical-conceptual contributions Scott s conception of resistance in dialogue with Foucault, the subject according to Butler, Harvey s uneven geographical development, and Haesbaert s deterritorialization, in convergence with the concept of expulsions according to Sassen. Thus, we elaborated an interpretative system of this process, reading the concept of resistance from the dimensions of insurgency, survival, and subordination, through the triad space, everyday life, and action, developed by Ferreira.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:51475 |
Date | 09 February 2021 |
Creators | VICTOR TINOCO DE SOUZA |
Contributors | JOAO RUA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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