O câncer do colo do útero tem alta incidência e ainda causa muitas mortes entre mulheres brasileiras. O objetivo deste estudo foi avaliar o seguimento de mulheres com exames citopatológicos alterados, a partir da Atenção Primária à Saúde (APS) de um município brasileiro. Trata-se de estudo quantitativo, retrospectivo, descritivo. Foram selecionadas 175 mulheres com exames alterados, realizados entre 2006 a 2014, a partir de dados oriundos do Sistema de Informação do Câncer do Colo do útero (SISCOLO), do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN), e livros de registros. Foram analisadas variáveis sociodemográficas (idade, escolaridade, estado civil e cor); clínicas (resultados de exames e procedimentos clínicos realizados); de seguimento (conduta adotada pelos profissionais de saúde frente ao resultado de exame alterado); intervalos temporais (tempo entre a coleta do exame e retorno para verificação do resultado, tempo de repetição do exame, tempo para realização da colposcopia e biópsia; tempo entre o encaminhamento da APS e a primeira consulta no serviço de referência). Utilizou-se a análise descritiva com distribuição percentual das variáveis categóricas, medidas de tendência central e valores de dispersão para variáveis contínuas. As condutas imediatas dos profissionais frente ao exame alterado, foram avaliadas de acordo com a Diretriz Nacional de Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, vigente na data de coleta do exame. O índice de positividade dos exames foi baixo (1,5%) podendo indicar resultados falsos-negativos. A média de idade das mulheres foi de 43 anos, sendo 82,86% brancas. Mais de 85% não possuía informações registradas em prontuário sobre estado civil e escolaridade. Cerca de 90% retornou para verificar o resultado do exame com intervalo de tempo em torno de 42 dias. Verificou-se que 86% dos profissionais adotaram a conduta preconizada para ASCUS e LSIL. No entanto, a temporalidade de repetição do exame foi adequada em apenas 10% dos casos avaliados. Adicionalmente, 76% dos profissionais adotaram a conduta preconizada (solicitação de colposcopia) para outros resultados (ASC-H, ASG-US, AGC-H, AOI 2, HSIL e HSIL não podendo excluir microinvasão). O tempo entre a data do encaminhamento e realização da colposcopia e biópsia foi de 40 e 50 dias, respectivamente. O tempo entre o encaminhamento da APS e a primeira consulta no serviço de referência apresentou mediana de 21 dias. Assim, a estrutura de seguimento de mulheres com alterações do exame citopatológico, a partir da APS, foi avaliada como adequada. A conduta dos profissionais de saúde, frente aos resultados alterados de exame citopatológico, foi adequada, na maioria dos casos avaliados, assim como o tempo entre as diferentes etapas de seguimento. A periodicidade de repetição do citopatológico foi inadequada. O rastreamento é oportunístico; algumas mulheres apresentaram perfil sugestivo de superrastreamento, enquanto outras podem estar com a coleta em atraso ou nunca ter realizado o exame; constatou-se baixa cobertura do exame, índice de positividade baixo, alimentação inadequada dos sistemas de informação e registro inadequado de informações no prontuário. Evidenciaram-se, portanto, aspectos do seguimento que podem ser aprimorados, visando à redução de iniquidades de acesso, incremento do diagnóstico precoce do CCU e favorecimento de bom prognóstico clínico dessas mulheres / Cervical cancer has a high incidence and still causes many deaths among Brazilian women. The objective of this study was to evaluate the follow-up of women with altered cytopathological exams from the Primary Health Care (PHC) of a Brazilian municipality. It is a quantitative, retrospective, descriptive study. 175 women with altered exams carried out between 2006 and 2014 were selected, based on data from the Cervical Cancer Information System (SISCOLO), the Cancer Information System (SISCAN), and records books. Sociodemographic variables (age, schooling, marital status and color) were analyzed; clinics (results of exams and performed clinical procedures); follow-up (conduct adopted by health professionals regarding the altered examination result); time intervals between the collection of the examination and return for verification of the result, time to repeat the examination, time to perform the colposcopy and biopsy, time between the referral of the PHC and the first consultation in the referral service). Descriptive analysis with a percentage distribution of categorical variables, central tendency measures and dispersion values for continuous variables were used. The immediate conduct of the professionals in face of the altered examination were evaluated according to the National Guideline for the Screening of Cervical Cancer, in effect on the date of collection of the exam. The positivity index of the exams was low (1.5%) and may indicate false-negative results. The mean age of the women was 43 years, being 82.86% white. More than 85% did not have information recorded in medical records on marital status and schooling. About 90% returned to check the result of the exam with a time interval of around 42 days. It was verified that 86% of the professionals adopted the recommended course for ASC-US and LSIL. However, the timing of repetition of the exam was adequate in only 10% of the evaluated cases. In addition, 76% of the professionals adopted the recommended conduct (colposcopy request) for other results (ASC-H, ASG-US, AGC-H, AOI 2, HSIL and HSIL not being able to exclude micro invasion). The time between the date of referral and performance of the colposcopy and biopsy was 40 and 50 days, respectively. The time between the PHC referral and the first referral visit had a median of 21 days. Thus, the follow-up structure of women with alterations in the cytopathological examination, from the PHC, was evaluated as adequate. The conduct of the health professionals, in face of the altered results of a cytopathological examination, was adequate, in most of the evaluated cases, as well as the time between the different stages of follow-up. The cytopathological recurrence periodicity was inadequate. Tracking is opportunistic; some women presented a profile suggestive of over tracking, while others may be overdue on collection or have never taken the test; low test coverage, low positivity index, inadequate feeding of information systems and inadequate recording of information in the medical record were found. Therefore, aspects of the follow-up that can be improved, aimed at reducing access inequalities, increasing the early diagnosis of CC and favoring a good clinical prognosis of these women
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-05122018-162525 |
Date | 06 August 2018 |
Creators | Paterra, Tatiana da Silva Vaz |
Contributors | Panobianco, Marislei Sanches |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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