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A tradução dos cuicatl e dos tlahtolli em Malinche : a experiência dos antigos mexicanos

Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução, Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução, 2017. / Submitted by Raiane Silva (raianesilva@bce.unb.br) on 2017-07-20T15:57:45Z
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Previous issue date: 2017-08-31 / Esta dissertação se propõe a discutir a tradução realizada para o português dos cuicatl e dos tlahtolli esboçados ficcionalmente em MALINCHE (2006), obra literária da escritora mexicana Laura Esquivel. Os cuicatl e os tlahtolli são formas literárias do México pré-hispânico que compõem seu amplo patrimônio. Os descendentes dos pipiltin, nobreza indígena, no intuito de preservar o patrimônio de seus ancestrais após a queda de Tenochtitlán (1519 – 1521), esforçaram-se para transcrever para o alfabeto latino tradições enunciadas oral e graficamente ao longo de milênios por meio das referidas formas literárias. A queda de Tenochtitlán foi um acontecimento histórico no qual castelhanos e indígenas aliados derrocaram e massacraram o Império dos mexicas, povo dominante no território mesoamericano do século XVI, ocasionando uma ruptura na cosmovisão indígena. O projeto de tradução baseia-se nas referidas formas posto que ambas são um meio de transmitir as tradições de antigos mexicanos, neste caso os mexicas, embora inseridas em projetos de reconstrução da cultura pré-hispânica voltados apenas para a nobreza devido à perda da hegemonia mexica. A elaboração do projeto tradutório apoia-se nos preceitos de linguagem e tradução de Walter Benjamin, em que traduzir é uma tarefa reflexiva realizada por intermédio de uma série de versões tradutórias. Este processo confere ao tradutor um conhecimento da linguagem da obra original cuja essência será o eixo da forma do texto traduzido. Neste sentido, a tradução da narrativa literária MALINCHE concentra-se na recriação das características estilísticas dos cuicatl e dos tlahtolli uma vez que ambas as formas literárias foram configuradas ficcionalmente ao narrar o acontecimento histórico da queda de Tenochtitlán. Desde um locus controverso na historiografia oficial mexicana, a narrativa recria Malinalli: uma indígena mexica que, ao se tornar escrava e, principalmente, tradutora-intérprete do líder castelhano Hernán Cortés, contribui tanto para as ruínas do império Mexica devido a seu ofício intermediador entre Cortés e os governantes da elite mexica, como para a introdução de valores estrangeiros na cultura dominante. Nesta perspectiva, a obra também transmite uma experiência, um conceito de Benjamin que se refere tanto às tradições culturais de um povo abalado por episódios de horror, quanto às narrações de um acontecimento histórico por perspectivas excluídas das historiografias oficiais. Na historiografia oficial do México de meados dos séculos XIX e XX, a personagem literária Malinalli é conhecida como Malinche, epíteto que a designa traidora da “pátria” mexicana. De maneira paradoxal, MALINCHE reconstrói as tradições da nobreza indígena desde a personagem, pois a servidão aos castelhanos de uma indígena mexica evidencia o processo das transformações da antiga e dominante tradição indígena dos mexicas e constitui uma abordagem histórica marginal em relação ao referido período historiográfico. / El presente trabajo se propone discutir la traducción realizada al portugués de los cuicatl y de los tlahtolli delineados ficcionalmente en MALINCHE (2006), obra literaria de la escritora mexicana Laura Esquivel. Los cuicatl y los tlahtolli son formas literarias del México prehispánico que forman parte de su extenso patrimonio. Los descendentes de los pipiltin, nobleza indígena, en aras de preservar el patrimonio de sus ancestros tras la caída de Tenochtitlán (1519 – 1521), se esforzaron por trascribir al alfabeto latino tradiciones proferidas oral y gráficamente a lo largo de milenios a través de las dichas formas literarias. La caída de Tenochtitlán fue un suceso histórico en que castellanos e indígenas aliados derrocaron y masacraron al Imperio de los mexicas, el pueblo dominante en el territorio mesoamericano del siglo XVI, y que ocasionó una ruptura en la cosmovisión indígena. El proyecto de traducción está basado en las referidas formas puesto que ambas consisten en un medio de trasmitir las tradiciones de antiguos mexicanos, específicamente los mexicas, aunque se injieran en proyectos de reconstrucción de la cultura pre-hispánica dirigidos solamente a la nobleza debido a la pérdida de la hegemonía mexica. La elaboración del proyecto de traducción descansa en los preceptos de lenguaje y traducción de Walter Benjamin, en que traducir resulta una tarea reflexiva realizada por intermedio de una continuación de traducciones. Este proceso concede al traductor un conocimiento del lenguaje de la obra original cuya esencia será el eje de la forma del texto traducido. En este sentido, la traducción de la narrativa literaria se concentra en la recreación de las características estilísticas de los cuicatl y de los tlahtolli, una vez que se configuró ficcionalmente ambas formas literarias en el narrar de caída de Tenochtitlán. Desde un locus controvertido en la historiografía oficial mexicana, la narrativa recrea Malinalli: una indígena mexica que, al convertirse en esclava y, sobre todo, traductora-intérprete del líder castellano Hernán Cortés, contribuye tanto con las ruinas del antiguo México en virtud de su oficio como intermediadora entre Cortés y los gobernantes de la élite mexica, como para la introducción de valores extranjeros en la cultura dominante. En esta perspectiva, la obra también trasmite una experiencia, concepto de Walter Benjamin referente tanto a las tradiciones culturales de un pueblo sacudido por episodios de horror, como a las narraciones de un suceso histórico desde perspectivas retiradas de las historiografías oficiales. En la historiografía oficial de México entre mediados de los siglos XIX y XX, se conoce el personaje literario Malinalli por Malinche, epíteto que la designa como traidora de la “patria” mexicana. De manera paradójica, MALINCHE reconstruye las tradiciones de la nobleza indígena desde el personaje, pues la servidumbre de una indígena mexica a los castellanos evidencia el proceso de los cambios de la antigua y dominante tradición indígena de los mexicas, además de constituir un abordaje histórico marginal en relación con dicho periodo histórico.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unb.br:10482/24367
Date20 April 2017
CreatorsOliveira, Sara Lelis de
ContributorsRossi, Ana Helena
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageSpanish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UnB, instname:Universidade de Brasília, instacron:UNB
RightsA concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data., info:eu-repo/semantics/openAccess

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