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A migração nordestina para São Paulo no segundo governo Vargas (1951 - 1954) - seca e desigualdades regionais.

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Previous issue date: 2005-04-27 / A migração nordestina para o estado de São Paulo, em especial para a capital, foi um
fenômeno social bastante expressivo ao longo do século XX, especificamente a partir da década de
1930, quando o número de imigrantes estrangeiros vindos para São Paulo foi superado pelo
número de migrantes nacionais (dos quais a maioria era de nordestinos); e especialmente na
primeira metade da década de 1950 que compreende o período do segundo governo Vargas,
quando esta migração se tornou muito intensa, superando todos os números do êxodo nordestino
registrados até o momento.
É importante ressaltar que no período em questão, o local de destino dos migrantes, ou
seja, São Paulo, passava por um grande processo de desenvolvimento econômico-industrial, pois,
além de outros fatores, contava com um acumulo de capital do setor cafeeiro desde o século XIX e
com uma política protecionista e de substituição de importações do governo federal que, de certa
forma, favoreceu a região. Em contraposição, o local de origem dos migrantes, ou seja, a região
Nordeste, ainda sustentava suas antigas características: economia estagnada, agricultura atrasadas
e pouco diversificada, grandes proprietários de terra, concentração de renda, indústria com baixa
produtividade e também pouco diversificada e débeis relações capitalistas de produção; além de
sofrer com as secas periódicas.
Tais características das duas regiões acentuavam as desigualdades regionais e,
concomitantemente à seca de 1951-1953, criaram um cenário propício à migração nordestina, em
especial às áreas urbanas. Desta forma, neste período o êxodo nordestino passava a ser direcionado
não exclusivamente à agricultura paulista, mas também aos centros urbanos desenvolvidos,
especialmente à capital, onde rótulos e preconceitos em relação aos migrantes foram se
consolidando, generalizando todos os migrantes nordestinos na figura do baiano.
A grande migração gerou muitos debates na Câmara dos Deputados, artigos na revista O
Cruzeiro - que tinha grande importância e circulação no período -, algumas páginas exclusivas nas
Mensagens Presidenciais; enfim, uma certa preocupação social que, na maioria das vezes, estava
relacionada à migração e aos problemas que esta poderia causar e não aos migrantes em si, ou seja,
aos flagelados da seca e procedentes de uma região carente de atenção, projetos e investimentos.
Desta forma, ao menos no que pudemos constatar durante a pesquisa, não houve medidas
efetivas em relação aos migrantes e à migração. Porém, não podemos também afirmar que nada foi
realizado em relação à região Nordeste, pois neste período houve a criação do Banco do Nordeste
do Brasil (BNB), marco de uma nova fase das políticas do governo federal para a região das secas,
assinalando assim o segundo governo Vargas como o período de transição de uma fase em que as
políticas direcionadas para a região eram basicamente sustentadas em preocupações relacionadas à
falta de água para uma fase em que o desenvolvimento econômico do Nordeste passou a estar
também em pauta. Contudo, apesar de tal importância, o governo Vargas foi também palco da
maior migração da História do Brasil, explicitando assim que muito ainda deveria ser realizado
para a região das secas.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufscar.br:ufscar/1498
Date27 April 2005
CreatorsFerrari, Monia de Melo
ContributorsVilla, Marco Antonio
PublisherUniversidade Federal de São Carlos, Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais, UFSCar, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSCAR, instname:Universidade Federal de São Carlos, instacron:UFSCAR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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