O sistema financeiro tem entre suas atividades principais a transferência de poupança de agentes econômicos superavitários para agentes deficitários proporcionando aumento na taxa de investimento das economias. No Brasil a crise fiscal do início da década de 80 provocou um distanciamento do sistema financeiro do financiamento das atividades produtivas, em particular da agricultura, que tem prazo longo de recuperação de capital para um ambiente de inflação elevada. O financiamento da dívida pública passou a ser a principal atividade dos bancos no Brasil. A zeragem automática junto à mesa do Banco Central garantia rentabilidade e segurança nessa atividade. Os ganhos com a inflação através do float1, decorrente da elevada inflação permitiu ganhos expressivos e uma expansão sem precedentes do sistema financeiro. Com o processo de estabilização da economia (controle da inflação e ajuste fiscal), o sistema financeiro está perdendo aos poucos esse nicho e deve buscar novas oportunidades de atuação junto às atividades produtivas, entre as quais a agricultura. É necessário, então, que os bancos estejam preparados para operar com custos de transação compatíveis com uma economia estável. Os custos bancários de transação no crédito rural no Brasil serão certamente um obstáculo à restruturação do modelo de financiamento rural, já que atualmente encontram-se negativamente influenciados pelo longo período de desajuste macroeconômico. Para tentar avaliar o estado da arte em que se encontram os custos bancários de transação no crédito rural em bancos oficiais brasileiros, essa pesquisa analisou um conjunto de 62 agências de 4 bancos que operam em 3 macroregiões. As agências foram analisadas relacionando-se os custos de transação (medidos por unidade monetária de empréstimo e por contrato) com alguns de seus fatores determinantes, tais como: tamanho da carteira de crédito rural (medido pelo volume total aplicado em crédito rural e pelo número de contratos); grau de especialização da agência (medido pela relação entre as aplicações em crédito rural e aplicações totais da agência); eficácia no uso da tecnologia bancária disponível (medida pelo valor médio dos contratos de crédito rural) e pelo fator tempo. Tanto a avaliação qualitativa quanto a análise estatística dos resultados demonstram que os custos de transação são extremamente elevados. Os fatores relacionados à escala de operações da agência (tamanho da carteira e valor médio dos contratos) são os que apresentam melhores oportunidades de redução dos custos de transação. Ou seja, aumentando-se a escala de operações em crédito rural é possível reduzir substancialmente os custo de transação em nível de agência. Já o grau de especialização da agência não se mostrou significativo, revelando uma pequena influência sobre os custos de transação. Pôde-se constatar através da variável dummy que os custos de transação sofreram uma redução estrutural entre 1990 e 1993, certamente decorrente do aperfeiçoamento da tecnologia bancária nesse período. Finalmente pode-se concluir que um acompanhamento permanente e detalhado dos custos bancários de transação no crédito rural nos bancos brasileiros será condição necessária para garantir a eficiência microeconômica para o modelo de financiamento rural que a estabilização de nossa economia irá exigir do sistema financeiro nacional. / not available
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-20181127-155400 |
Date | 12 April 1996 |
Creators | Pessôa, Andre Souto Maior |
Contributors | Araujo, Paulo Fernando Cidade de |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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