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Da lama à ficção: memórias e diálogos da fome nos interstícios narrativos de homens e caranguejos

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Previous issue date: 2014 / Homens e caranguejos (1967), única narrativa ficcional de Josué Apolônio de Castro (1908-1973), a priori publicada em francês (1966), durante o forçoso exílio do autor em Paris, é sumariamente expressiva desde o prólogo que antecede a trama. Nomeando as páginas introdutórias deste romance como Prefácio um tanto gordo para um romance um tanto magro, Josué de Castro distende, ao retomar num tempo que já considerava anacrônico, o hábito pela escrita prefacial, a concepção de paratexto ampliada por Gerard Genette (1930), em Palimpsestes (1982). Apresentando a fome pelas recordações infantis que dela possui, o autor aguça no público-leitor a vontade de tatear, rente a seu olhar aparentemente ingênuo de criança e, de ficcionista de “primeira viagem”, o macrocosmo de memórias da fome que lhe serve como porto de partida para a criação de um microcosmo lúdico e faminto, pelo qual a imaginação e impossibilidade de re-apresentação total do vivido na linguagem, rearranjam a realidade da condição humana, reinventando-a pela articulação dramática dos elementos formais, sobretudo, tempo-espaço, narrador e personagem. A ficção se põe no ritmo fragmentado de aventuras e desventuras assumidas a partir dos intervalos da memória. Serão sumários nos estudos mnemônicos, as apreciações de Henri Bergson em Matéria e memória (1896), Jacques Le Goff em História e memória (1924) e Maurice Halbwachs, na publicação póstuma de A memória coletiva (1950), em face de serem fontes subsidiárias da aproximação entre os estudos da memória e a literatura. Lança-se mão da lembrança a fim de legendar os diálogos futuros entre o protagonista infantil, João Paulo, ávido pela liberdade sonhadora própria da criança, e as memórias de outros experientes personagens, nem tão esperançosos assim. Dá-se na narrativa o tom que oscila entre a transformação e a acomodação do eu e do outro, de espaços simbioticamente incertos e unidos por suas fomes. Fome que é, desde então, a personagem modeladora, que provoca o diálogo da presente pesquisa com o modo de apreensão que é dado por Angela Faria, na dissertação Homens e caranguejos: uma trama interdisciplinar. A literatura topofílica e telúrica (2008). Vislumbra-se no elemento famélico uma função que vai além da tematização social do subdesenvolvimento, como agente que apalpa com mãos-de-ferro o estrato formal e interno da obra. / Homens e caranguejos (1967), only fictional narrative of Josué Apolônio de Castro (1908-1973), a priori published in french (1966), during the forcible exile of the author in Paris, it is summarily significant since the prologue which precedes the plot. Naming the introductory pages of this novel as Preface even more interesting than the novel , Josué de Castro stretches, going back in a time already considered anachronistic, the habit by prefatory writing, the conception of paratext amplified by Gerard Genette (1930), in Palimpsestes (1982). Introducing the hunger for childhood memories that he has, the author excites the readership's will to be closer to his seemingly childish naive, and also to his "inexperienced" thoughts of a fiction writer, the macrocosm of memories of hunger that served to him as port of departure for creating a playful and ravenous microcosm, in which the imagination and inability to complete re-presentation of the living language, rearrange the reality of the human condition, reinventing it for the dramatic articulation of formal elements, especially temporary space, narrator and character. Fiction sets in fragmented pace of adventures and misadventures assumed from the gaps of memory. Summaries will be the mnemonic studies, assessments of Henri Bergson in Matéria e memória (1896), Jacques Le Goff in História e memória (1924) and Maurice Halbwachs, the posthumous publication of A memória coletiva (1950), in the face of being subsidiaries sources the rapprochement between memory studies and literary activity. Launches hand keepsake to subbing future dialogues between child protagonist, João Paulo, avid dreamer's own freedom of the child, and the memories of other characters experienced, not as hopeful as well. Takes place in the narrative tone that oscillates between the processing and accommodation of self and other, space and uncertain symbiotically united by their hunger. Hunger that is, since the molding character, which causes the dialogue of this research with the mode of apprehension which is given by Angela Faria, the dissertation Homens e caranguejos: uma trama interdisciplinar. A literatura topofílica e telúrica (2008). One glimpses peckish element in a function that goes beyond thematization of social underdevelopment, as agent gropes with hand iron-formal and internal stratum of the novel.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpa.br:2011/6722
Date05 December 2014
CreatorsOLIVEIRA, Thiago Azevedo Sá de
ContributorsSIMÕES, Maria do Perpétuo Socorro Galvão
PublisherUniversidade Federal do Pará, Programa de Pós-Graduação em Letras, UFPA, Brasil, Instituto de Letras e Comunicação
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPA, instname:Universidade Federal do Pará, instacron:UFPA
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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