Return to search

Saúde mental dos bancários em Portugal: um estudo sobre burnout e depressão no trabalho

Sendo um bancário responsável pelo atendimento ao público relativamente às questões financeiras, e fazendo o dinheiro e as preocupações consequente parte do nosso dia a dia, estes trabalhadores estão sujeitos a pressões diariamente. Durante a pandemia da COVID-19, os bancos foram considerados serviços essenciais e tiveram de se manter abertos, o que aumentou o medo de adoecer e de contagiar os seus familiares.
Este trabalho pretende conhecer os níveis de burnout e depressão pelo trabalho dos bancários em Portugal, verificar se variam em função de características sociodemográficas e conhecer a interrelação entre esses dois conceitos.
Os dados foram recolhidos online através do método de bola de neve e através de email enviado aos trabalhadores de um banco pelo seu coordenador da Comissão de Trabalhadores. Foram aplicadas versões portuguesas do Burnout Assessment Tool (BAT), Occupational Depression Inventory (ODI), e Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS). Participaram de forma anónima e voluntária 210 bancários a nível nacional, predominando Lisboa com 37% e Porto com 24%.
Os resultados revelaram níveis moderados de Burnout e baixos de Depressão pelo Trabalho, embora 42% da amostra apresentasse Burnout elevado. Encontrou-se sobretudo mais Exaustão e Queixas Psicológicas, e as mulheres revelaram mais Queixas Psicossomáticas e Sintomas Secundários. Todavia, no que concerne o Local da Agência verificou-se diferenças significativas na maioria das dimensões, porém seria importante em futuros estudos as amostras serem mais equiparadas. Em termos da Categoria Profissional encontraram-se diferenças significativas na Exaustão, Queixas Psicossomáticas, Sintomas Secundários e Depressão pelo Trabalho.
Não se encontraram diferenças significativas em função do estado civil e da escolaridade, nem correlações significativas com a idade e os anos de serviço, sugerindo uma transversalidade do Burnout. A análise da regressão evidenciou que as dimensões do Burnout explicam 69,3% da Depressão pelo Trabalho e a Depressão pelo Trabalho explica 62,1% do Burnout, existindo uma correlação positiva forte entre ambos. Relativamente à ansiedade e depressão, os valores foram moderados, mas alguns casos já inspiram preocupação e podem estar em sofrimento psicológico.
É de alertar que os resultados podem estar contaminados pelo "mito do trabalhador saudável", e quem já estiver em Burnout ter menor disponibilidade mental para preencher inquéritos ou até já poder estar de baixa médica. Sugere-se um estudo mais alargado e que inclua mais questões relativas ao estado de saúde psicológica e física de forma a conhecer mais detalhadamente a saúde ocupacional dos bancários.

Identiferoai:union.ndltd.org:up.pt/oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/141617
Date20 July 2022
CreatorsFrédéric Salvador Oliveira Coelho
ContributorsFaculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Source SetsUniversidade do Porto
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeDissertação
Formatapplication/pdf
RightsopenAccess

Page generated in 0.0024 seconds