Com o rápido desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, e o uso cada vez mais generalizado da internet, os crimes praticados no universo cibernético têm vindo, também, a crescer nas últimas décadas, conquistando maior visibilidade social. O cyberstalking é um dos múltiplos crimes praticados online e, além de ser um fenómeno complexo, envolvendo processos, dinâmicas e impactos diversos, revela-se de difícil estudo, não só porque muitas das vítimas não o denunciam, como também pela falta de consenso na definição e caracterização deste conceito. Em Portugal, é muito reduzida a investigação deste fenómeno.
Com o estudo desenvolvido no quadro desta dissertação, pretendemos contribuir para colmatar lacunas de informação sobre este fenómeno, procurando caracterizar a sua ocorrência em estudantes universitários portugueses. A recolha de dados foi feita através da elaboração e aplicação de um questionário online, incluindo questões sobre a incidência e características destas condutas, características tanto da vítima como do ofensor de cyberstalking, assim como sobre as interações entre ambos, se houve procura de ajuda, por parte das vítimas, de forma a cessar estes atos, entre outras.
Participaram neste estudo 515 indivíduos, 71,1% do género feminino, 28,2% do género masculino e 0,8% não se identificando com um género binário, com uma média de idades de 23,49 anos. Foi possível constatar que a maioria dos participantes nunca ouviu falar de cyberstalking ou apenas ouviu referências ocasionais ao fenómeno, sendo que apenas 19,2% reportou ter ouvido falar com frequência sobre este. No que concerne à vivência de comportamentos de cyberstalking, ou assédio online, 52,6% da amostra referiu que nunca experienciou estes comportamentos, 30,5% respondeu não ter a certeza e 16,9% revelou já ter vivenciado comportamentos desta natureza. A maioria dos indivíduos que experienciaram comportamentos de cyberstalking (53,7%) assumiu-se como vítima, sendo possível observar diferenças significativas associando o género ao autorreconhecimento enquanto vítima e a alguns comportamentos de cyberstalking experienciados. Os comportamentos de vitimação mais reportados foram "Enviaram-me muitas mensagens, mesmo sem obterem resposta" (87,8%) e "Envolveram-se ativamente nas minhas redes sociais" (91,1%). / With the development of information and communication technologies, and the increasingly widespread use of the Internet, the crimes committed in the cyber universe have also been growing in recent decades, gaining greater social visibility.
Cyberstalking is one of the multiple crimes committed online and, in addition to being a complex phenomenon, involving processes, dynamics and various impacts, it is difficult to study, not only because many of the victims do not disclose it, but also because of the lack of consensus in the definition and characterization of this concept. In Portugal, the investigation of this phenomenon is very limited.
With our study we intend to contribute to brims of information about this phenomenon, seeking to characterize its occurrence in Portuguese university students.
Data collection was done through the development and application of an online questionnaire, including questions on the incidence and characteristics of these conducts, characteristic of both the victim and the cyberstalking offender, as well as the interactions between them, if there was a demand for help from the victims in order to cease these acts, among others.
A sample of 515 individuals participated in this study, 71.1% female, 28.2% male and 0.8% not identifying themselves with a binary gender, with an average age of 23.49 years. It was found that most participants had never heard of cyberstalking or had only heard occasional references to the phenomenon, and only 19.2% reported having heard about it frequently. Regarding the experience of cyberstalking behaviours, or online harassment, 52.6% of the sample reported that they had never experienced these behaviours, 30.5% answered not sure and 16.9% revealed having already experienced such behaviours. Most individuals who experienced cyberstalking behaviour (53.7%) assumed themselves as victims. It was possible to observe an association between gender and self-recognition as a victim and with some cyberstalking behaviours experienced. The most reported victimization behaviours were "Sent me a lot of messages, even without getting a response" (87.8%) and "They got actively involved in my social networks" (91.1%).
| Identifer | oai:union.ndltd.org:up.pt/oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/141088 |
| Date | 20 May 2022 |
| Creators | Tânia Filipa dos Santos Moreira |
| Contributors | Faculdade de Medicina |
| Source Sets | Universidade do Porto |
| Language | Portuguese |
| Detected Language | English |
| Type | Dissertação |
| Format | application/pdf |
| Rights | openAccess |
Page generated in 0.0027 seconds