Por ser comum a existência de lesão de mancha branca em superfícies proximais adjacentes à lesões de cárie já cavitadas, este estudo teve como objetivo investigar o efeito terapêutico de materiais que liberam flúor sobre lesões com as quais estejam em contato proximal, in vitro (I) e in situ (II). Para o estudo I, 130 blocos de esmalte obtidos de caninos decíduos passaram pelo processo de indução de lesão de cárie por ciclagem de pH, durante 10 dias. As medições do conteúdo mineral foram realizadas por meio da análise de fluorescência induzida pela luz (QLF e VistaProof), no momento inicial (esmalte hígido) e após a formação das lesões de mancha branca. Dez espécimes foram recolhidos e seccionados transversalmente, no centro da lesão, para análise de dureza transversal (Shimadzu Micro Hardness tester, 25g, 15s). Posteriormente, blocos cilíndricos foram preparados com 6 diferentes materiais restauradores (n=20): resina composta (Z350®), cimento de ionômero de vidro (CIV) de alta viscosidade (Ketac Molar® e Riva Self Cure®), CIV modificado por resina (Vitremer®), CIV modificado por resina nanoparticulado (Ketac Nano®) e resinas compostas modificadas por poliácidos (Dyract Extra®). Cada bloco de esmalte foi unido a um bloco de material, de modo que a face da lesão e a do material simulassem o ponto de contato existente em uma restauração ocluso-proximal. Estes conjuntos sofreram então novo desafio cariogênico (ciclagem de pH) durante 7 (n=10) ou 14 dias (n=10). Após o desafio, os 120 espécimes foram recolhidos e novamente analisados com relação à fluorescência induzida. Em seguida, foram seccionados transversalmente no centro da lesão para que fosse feita a análise de dureza transversal. Para o estudo II, os espécimes foram preparados de maneira semelhante ao estudo I, porém, para a etapa do desafio cariogênico (após o contato com os materiais restauradores), os 120 espécimes foram inseridos em dispositivos intra-orais. Dez voluntários utilizaram os dispositivos em duas fases (7 e 14 dias), com intervalo de 1 semana entre elas. Os voluntários gotejaram solução de sacarose 20%, 8 vezes/dia e utilizaram dentifrício fluoretado (1.450 ppm) 3 vezes/dia durante o estudo. Ao final de ambos os estudos, todos os espécimes foram recolhidos e analisados com relação ao conteúdo mineral pelos métodos de fluorescência induzida e pelo teste de microdureza transversal. Para análise de normalidade e homogeneidade dos dados obtidos foram utilizados os testes de Anderson-Darling e Levene, respectivamente. Para o estudo I, ANOVA de dois fatores com teste complementar de Tukey não demonstrou diferença entre os valores obtidos com o QLF para os diferentes grupos e tempos após desafio (=0,05). Para os valores de dureza, no entanto, o mesmo teste confirmou que há menor perda mineral para as lesões em contato com o CIV de alta viscosidade, quando comparado com a resina composta e com o resinas compostas modificadas por poliácidos. Após 14 dias de desafio, o CIV de alta viscosidade mostra-se superior também aos CIVs modificados por resina e compômer. Para o estudo II, análise de multinível demonstrou haver maior perda para aquelas lesões em contato com a resina composta e o resinas compostas modificadas por poliácidos, para os valores obtidos com o QLF, enquanto que para os valores de dureza o mesmo teste demonstra que os CIVs de alta viscosidade desempenham melhor performance comparado a todos os outros grupos de materiais, independente do tempo de desafio. Os valores obtidos com o equipamento Vista Proof não diferiram estatisticamente com relação aos grupos ou períodos experimentais, em ambos os estudos, de acordo com os testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis (=0,05). Embora diferentes materiais liberadores de flúor possam reduzir a progressão de lesões de cárie quando em contato proximal, o CIV de alta viscosidade mostra-se com uma melhor opção para este fim. / This study investigated the possibility of caries lesions arrest when in approximal contact with fluoride-releasing restorative materials, in vitro (I) and in situ (II). White-spot lesions were initially formed in 130 primary enamel specimens via a pH cycling regimen during 10 days. Light-induced fluorescence images (QLF and Vista Proof) were made of each enamel slab at the beginning and after the lesions induction to assess the mineral loss/gain of the artificial caries lesions. Ten specimens were collected and transversally cut for microhardness analysis. The rest of them were put in contact with cylindrical blocks of 6 different materials (n=20): composite resin (Z350®), high viscous glass ionomer (GIC) (Ketac Molar® and Riva Self Cure®), resin-modified GIC (Vitremer®), resin- modified nano-ionomer (Ketac Nano®) and compomer (Dyract Extra®). These settings were designed to simulate the contact point between the restoration and the approximal lesion. For the study I, they were subjected to a new cariogenic challenge (pH cycling) for 7 (n=10) or 14 days (n=10). For the study II, the specimens were prepared in a similar manner and a randomized double-blind in situ design was conducted in two phases (7/14 days) for the subsequent cariogenic challenge. Ten volunteers wore palatal devices containing 6 specimens (caries lesion + restorative). The volunteers used fluoride dentifrice 3x/day and a 20% sucrose solution was dripped onto the slabs 8x /day. At the end of both studies, specimens were collected for mineral analysis by fluorescence methods and traversal microhardnes. Distribution of data and equality of variances were determined using KolmogorovSmirnov and Levene tests. Two-way ANOVA demonstrated no differences for values obtained with QLF for the study I (=0.05). The same test demonstrated lower mineral loss for specimens in contact with high viscous GIC for the CSMH analysis. After 14 days, high viscous GIC were even superior to resin-modified GIC or compomer. For the study II, multilevel analysis demonstrated higher mineral loss for the specimens in contact with composite resin and compomer for values obtained with QLF (=0.05). The CSMH analysis demonstrated that high viscous GIC had the best performance when compared to all other materials, regardless the duration of challenge. For both studies, Mann-Whitney and Kruskal-Wallis demonstrated no differences for values obtained with VistaProof (=0.05). In conclusion, high viscous GIC can arrest enamel lesion when in approximal contact with them, although other fluoride-releasing materials can moderately prevent enamel loss.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-02092013-194556 |
Date | 02 August 2013 |
Creators | Camila de Almeida Brandão Guglielmi |
Contributors | Daniela Prócida Raggio, Maximiliano Sérgio Cenci, Fausto Medeiros Mendes, Silvio Issáo Myaki, Patricia Moreira de Freitas Costa e Silva |
Publisher | Universidade de São Paulo, Ciências Odontológicas, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0026 seconds