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Crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade: um olhar sobre o cuidador primário / Children with attention deficit hyperactivity disorder: a look over primary caregivers

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), atualmente, é uma das desordens neuropsicobiológicas mais frequentemente diagnosticadas na infância. A presença de uma criança com tal transtorno afeta a dinâmica familiar, com aumento de perturbações na família, em especial no cuidador primário. O presente estudo tem por objetivo avaliar o estresse, a depressão, a qualidade de vida, a auto-percepção de estresse e de fatores estressantes em cuidadores primários de crianças com diagnóstico de TDAH, bem como investigar suas vivências emocionais no convívio com a criança. Para tanto, participaram do estudo 40 cuidadores primários de crianças com idades entre 6 e 12 anos, divididos em dois grupos que foram comparados: G1 - Grupo clínico - 20 cuidadores primários de crianças diagnosticadas com TDAH, em tratamento no serviço público de saúde, sem uso de medicação; G2 - Grupo de comparação - 20 cuidadores primários de crianças, sem histórico de doença ou atendimento psicológico, psiquiátrico ou neurológico. Os instrumentos utilizados foram: Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ), Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), Escala de Qualidade de Vida- versão abreviada (WHOQOL-Bref), Inventário de Depressão de Beck, Questionário de Auto-Percepção em relação ao estresse e Roteiro complementar. Os instrumentos foram codificados de acordo com suas proposições técnicas, e, procedeu-se tratamento estatístico não paramétrico, adotando-se valores de p<= 0,05. As questões abertas do Roteiro complementar foram analisadas segundo os preceitos da análise de conteúdo. Os resultados apontaram que, quanto ao estresse, o percentual de cuidadores com indicadores de estresse no Grupo clínico é significativamente maior do que o encontrado no Grupo de comparação (p=0,001). Os dados relativos aos domínios da qualidade de vida indicaram médias significativamente maiores em participantes do G2 quanto a satisfação com os domínios físico (p<0,001), psicológico (p=0,005) e social (p=0,027), quando comparados aos do G1. Quanto aos indicadores de depressão, o G1 apresentou médias significativamente superiores de sintomatologia depressiva quando comparado ao G2 (p=0,001). E, no G1, houve maior percepção de estresse no convívio com a criança (p<0,001), no cuidado com a criança (p<0,001) e, ainda, os cuidadores desse grupo perceberam manifestações frequentes de estresse (p=0,003) quando comparados ao G2. Os dados qualitativos foram agrupados em cinco temas principais: convívio com a criança, gravidez, enfrentamento, tratamentos e necessidades. A avaliação, através das técnicas, revelou altos níveis de perturbações nos cuidadores de crianças com TDAH, o que foi corroborado pela análise qualitativa do material. Os dados apontam que o cuidador apresenta dificuldades para acolher a criança, criando um ciclo que se retroalimenta com impactos negativos na qualidade de vida da família. Enfatiza-se a necessidade de políticas públicas que favoreçam a ampliação do cuidado à criança com TDAH e aos seus cuidadores, com elaboração e desenvolvimento de programas de intervenção que proporcione uma maior articulação entre os níveis primários e secundários da atenção em saúde, o que auxiliará os cuidadores no cuidado à criança, no manejo de situações estressantes vividas no cotidiano e na recuperação de sua qualidade de vida. (CAPES). / Attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) is among today\'s most common diagnosed childhood neuropsychological disorders. When a child has ADHD, the family dynamics is affected, and more troubles occur, especially concerning the primary caregiver. The purpose of this study was to evaluate stress, depression, quality of life, and the self-perception of stress and stressing factors in primary caregivers of children diagnosed with ADHD, and to investigate their emotional experiences of living with that child. Participants were 40 primary caregivers of children of ages 6 to 12 years. Two groups were formed and compared, as follows: G1 - Clinical group - 20 primary caregivers of children diagnosed with ADHD, who were following treatment at a public health care center, without the use of medication; G2 - Comparison group - 20 primary caregivers of children without any history of psychological, psychiatric or neurological disorder or treatment. The instruments used were: The Strength and Difficulties Questionnaire (SDQ), Lipp\'s Inventory of Stress Symptoms in Adults (ISSL), Quality of Life Scale - abbreviated version (WHOQOL-Bref), Beck\'s Depression Inventory, Questionnaire on Self-Perception in relation to Stress and a Complementary Script. The instruments were coded according their technical propositions, and submitted to nonparametrical statistical analysis, considering values of p<= 0.05. The open questions of the Complementary Script were submitted to content analysis. Results showed that, regarding stress, the percentage of caregivers with stress indicators in the Clinical Group was significantly greater than that found for the Comparison Group (p=0.001). The data regarding the quality of life domains indicated significantly greater means in participants from G2 in terms of satisfaction with physical (p<0.001), psychological (p=0.005), and social (p=0.027) domains, compared to those of G1. As to depression indicators, G1 means were significantly greater for depressive symptoms compared to G2 (p=0.001). Also, in G1, there was a greater perception of stress living with the child (p<0.001), in providing care to the child (p<0.001), and, in addition, the caregivers of this group perceived themselves having more stress (p=0.003) compared to G2. The qualitative data were grouped according to five themes: living with the child, pregnancy, coping, treatments and needs. The evaluation, using the techniques, revealed high disturbance levels among caregivers of children with ADHD, which was confirmed by the qualitative analysis of the material. The data showed that caregivers face difficulties to embrace the child, creating a cycle that retro-feeds with negative impacts on the family\'s quality of life. There is a need to create public policies that help improve the care provided to children with ADHD and their caregivers, including the development of intervention programs that would provide a better cooperation between primary and secondary health care levels, which would eventually help the children\'s caregivers in their task, as well as to manage stressful everyday life situations and recover their quality of life. (CAPES).

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-23102013-134606
Date19 August 2011
CreatorsFaria, Ana Maria Del Bianco
ContributorsCardoso, Carmen Lucia
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeDissertação de Mestrado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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