A assistência ao doente mental deve ser fundamentalmente humanista e o profissional de saúde deve deixar de considerar apenas a doença, passando a cuidar do doente, da pessoa que está sofrendo. Além da dimensão física, a pessoa deve ser atendida também em seu componente social, psíquico e emocional. O deslocamento do doente mental do lugar onde ele é visto como incapaz, desacreditado e excluído para o lugar de inclusão social não ocorre pela simples mudança de espaço físico. É na articulação dos detalhes do cotidiano, na maneira de agir e lidar com os objetos, espaço e tempo que se imprime a particularidade no mundo compartilhado. É esta apropriação que irá ordenar para o sujeito a realidade compartilhada, possibilitando a inclusão na sociedade. Os objetivos deste estudo foram: conhecer como tem sido realizado o preparo dos pacientes institucionalizados para saírem do hospital para morarem nas residências terapêuticas; e também, conhecer como o paciente institucionalizado percebe o seu preparo para sair do hospital a fim de viver nas residências terapêuticas. Tratou-se de um estudo descritivo-exploratório, com uma proposta de trabalho teórico-metodológica para abordagem qualitativa. A obtenção dos dados foi centralizada em um setor denominado Vila Terapêutica do Hospital Santa Tereza de Ribeirão Preto. Participaram da pesquisa todos os profissionais da equipe multidisciplinar, que prestavam cuidados aos pacientes institucionalizados, no setor Vila Terapêutica, e que quiseram participar da pesquisa, sendo eles onze que aceitaram; e também, todos os moradores que estavam sob os cuidados da equipe multidisciplinar da equipe descrita, e que moravam na Vila Terapêutica e que aceitaram participar da pesquisa, sendo um total de seis. De acordo com a apresentação e discussão dos dados coletados, percebemos que embora o hospital tenha projetos e propostas de mudanças, ainda possui muitas características manicomiais. A estrutura não favorece a reinserção social. Não aparece a proposta de reinserção na fala dos profissionais, e sim, a noção de \"convencer\" através de visitas, os moradores a morarem em residências terapêuticas. Nota-se que quando abordado os profissionais sobre a questão de como tem sido realizado o preparo dos moradores da Vila Terapêutica para saírem do hospital para morarem nas residências, ficou muito ressaltado que realizavam visitas às moradias na cidade, porém, não deram ênfase a outros espaços sociais. É importante oportunizar mais espaços de socialização, de recuperação de potencialidades, de inclusão, (muitas vezes desprezadas), reabrindo a comunicação do morador na família e no seu ambiente social, trazendo a ele possivelmente um sentido mais significativo de existência. / Assistance to the mentally ill should be fundamentally humanist and the health professional must cease to consider only the disease but take care of the sick, of the person who is suffering. Besides the physical dimension, the person must be addressed also in its social component, psychological and emotional. The transfer of the mentally ill where he is seen as incapable, discredited and excluded, to the place of social inclusion does not occur by mere change of physical space. It is the articulation of the details of daily life in the way of acting and dealing with objects, space and time that stamps the particularity in the shared world. It is this ownership that will sort to the subject the shared reality, enabling the inclusion in society. The objectives of this study were: to understand how the preparation of the institution\'s inpatients has been made to leave the hospital and go live in therapeutic homes; and also understand how the institution\'s inpatient perceives his preparation to leave the hospital and go live in therapeutic homes. This was a descriptive-exploratory study with a theoretical-methodological work for qualitative approach. The data obtained was centralized in a sector known as \"Santa Tereza Hospital\'s Therapeutic Village\" of Ribeirão Preto. Participated in the research all professionals of the multidisciplinary team that provided care for the hospital\'s inpatients at the Therapeutic Village, and who also wanted to participate, of which eleven agreed; also, all residents who were under the care of the described multidisciplinary team, and who lived in the Therapeutic Village that agreed to participate in the research, being a total of six. According to the presentation and discussion of the data collected, it was realized that although the hospital has projects and proposals for changes, it still has many characteristics of a mental institution. The structure doesn\'t favor social reintegration. On the professionals\' dialogue the proposal for reintegration doesn\'t appear, but the notion of \"convincing\" through visits, the villagers to go live in therapeutic homes. It is noticed that, when the professionals are approached on the question of how the preparation of the residents of the Therapeutic Village is performed to leave the hospital and go to live in the homes, it stood out that the visits were carried out at homes in the city, but no emphasis was given on other social locations. It is important to give the opportunity to expand socialization locations, recovery potentialities, inclusion, (often neglected), reopening the communication of the resident in the family and in his social environment, possibly bringing to him a more meaningful sense of living.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-14012011-091457 |
Date | 20 December 2010 |
Creators | Fregonezi, Eliane Hetzel |
Contributors | Scatena, Maria Cecilia Morais |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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