Este estudo teve como objetivo compreender o significado de ser pai de criança com estomia. Para tal compreensão, foram utilizados o referencial teórico da antropologia interpretativa de Geertz e o método etnográfico. Participaram deste estudo sete pais de criança com estomia, cujos filhos são cadastrados nos Serviços de Assistência às Pessoas com Estomia no Sul de Minas Gerais. As questões éticas foram respeitadas e os informantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participarem do estudo. A coleta de dados ocorreu no período de abril a agosto de 2013, no domicílio dos pais por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas, de observação participante e de anotações em um diário de campo. Da análise, surgiu um eixo central transversal que é "a informação e desinformação" que é transpassado por outro eixo perpendicular que o divide em dois momentos: "meu filho está adoecendo: o que fazer" e "a experiência de ter um filho com estoma: como conviver". O primeiro momento revela que os pais, em busca do diagnóstico de seu filho, depararam-se com a precariedade dos serviços de saúde, com a desinformação e o despreparo dos profissionais de saúde, com filas imensas para a realização de exames e a com dificuldade para consolidar o diagnóstico, o que representou uma verdadeira peregrinação pelo sistema de saúde. Depois de confirmado o diagnóstico e a cirurgia, os percalços se instalaram pouco a pouco e, junto a eles, o aparecimento de sentimentos como medo, tristeza e ansiedade pela nova condição em sua família. No segundo momento são abordados a alta hospitalar, o retorno ao lar com a criança com estomia, o convívio social, as atividades escolares e as dificuldades e os conflitos enfrentados. A doença apresenta-se para a família como reformuladora de papeis. Assim, por meio deste estudo identificamos que a nova condição que se instala no lar, faz com queo pai comece a repensar sobre o seu papel e se inicia uma divisão de tarefas com a mãe em relação à higiene, à troca de equipamento coletor, à alimentação e à vida escolar da criança. É de suma importância a inserção de disciplinas como a antropologia e a sociologia da saúde na dinâmica curricular dos cursos de graduação na área de saúde, para sensibilizar os futuros profissionais no sentido de melhor compreensão do homem como um ser singular que carrega consigo experiências, crenças e cultura. No entanto, em muitas universidades estas disciplinas são ministradas no início dos cursos de graduação e acabam tornando-se distantes das práticas acadêmicas, nas quais o modelo biomédico é privilegiado. É premente a necessidade de conjugar saberes para tratar o ser humano, pois a dimensão da doença não se restringe à esfera biológica. O processo de comunicação deve ser repensado, pois pude apreender que a informação é dada pelo profissional de saúde, todavia os pais não a compreendem. Entendo que a Enfermagem deve repensar o planejamento da assistência à criança com estomia, incluindo o pai nesse contexto. Reitero a necessidade do envolvimento da enfermagem no acompanhamento da criança e dos pais e a readequação da escola tornando-a mais inclusiva / This study aimed to understand the meaning of being a parent of a child with ostomy. To achieve this understanding, we used the theoretical framework of interpretive anthropology of Geertz and the ethnographic method. Participated in this study seven parents of child with Ostomy, whose children are registered in the services of assistance to People with Ostomy in southern Minas Gerais. Ethical issues were respected and informants signed an informed consent to participate in the study. Data collection occurred in the period from April to August of 2013, at the domicile of the parents by semi-structured interviews, participant observation and recorded notes in a field notebook. From the analysis, emerged a transverse axis that is "the information and misinformation" which is wounded by another perpendicular axis that divides into two moments: "my son is sick: what to do" and "the experience of having a child with Stoma: how to live". The first time reveals that parents in search of the diagnosis of their sons encounter the precariousness of health services, with misinformation and preparation of health professionals, with huge queues for performing tests and with difficulty to consolidate the diagnosis, which represented a real pilgrimage by the health system. After confirmed the diagnosis and surgery, the mishaps settled gradually and, together with them, the emergence of feelings such as fear, sadness and anxiety for the new condition in their family. In the second time are approached the hospital discharge, the return home with the child with Ostomy, social conviviality, school activities and the difficulties and conflicts faced. The disease presents itself to the family as reformer of roles. Thus, by this study we identified that the new condition that is installed in the home, makes the father begins to rethink his and then starts the division of labour with the mother in relation to hygiene, exchange of collector equipment, food and to the school life of the child. It is very important entering disciplines such as anthropology and sociology of health in the curriculum of undergraduate dynamics in healthcare, to sensitize the future professionals in better understanding of man as a being singular that carries experiences, beliefs and culture. However, in many universities these disciplines are taught at the beginning of undergraduate courses and become distant of academic practices, in which the biomedical model is privileged. It is urgent the need to combine knowledge to treat the human being, because the scale of the disease is not restricted to biological sphere. The communication process should be rethought, once I apprehend that the information is given by the health care professional, but it is not understood by the parents. I understand that nursing practice must rethink the care planning or the child with Ostomy, including the father in that context. I reiterate the necessity of nursing involvement in monitoring child and parents and the readjustment of the school by making it more inclusive / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:10.254.254.39:tede/1109 |
Date | 14 March 2014 |
Creators | ROSADO, Sara Rodrigues |
Contributors | DÁZIO, Eliza Maria Rezende, http://lattes.cnpq.br/5780086037603180, SIEPIERSKI, Carlos Tadeu, SONOBE, Helena Megume, FAVA, Silvana Maria Coelho Leite |
Publisher | Universidade Federal de Alfenas, Escola de Enfermagem, Brasil, UNIFAL-MG, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFAL, instname:Universidade Federal de Alfenas, instacron:UNIFAL |
Rights | http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/, info:eu-repo/semantics/openAccess |
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