A literatura sobre separação e recasamento indica que tais eventos são fontes de estresse para toda a família, especialmente quando os filhos passam por um momento de transição ecológica, tal com a entrada no primeiro ano, quando são exigidas, tanto das crianças quanto dos pais, novas habilidades para lidar com as demandas do novo contexto. A partir do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano, os objetivos do estudo foram: a) comparar as práticas parentais de mães de famílias nucleares, de famílias monoparentais e recasadas em transição recente e de famílias monoparentais e recasadas estáveis; b) comparar as habilidades sociais, os problemas de comportamento e a competência acadêmica das crianças das diferentes famílias; c) comparar os recursos do ambiente das diferentes configurações familiares que podem contribuir para o desempenho escolar das crianças; d) investigar possíveis preditores das habilidades sociais, dos problemas de comportamento e de competência acadêmica. Participaram da pesquisa 160 mães (33 que estavam casadas, 33 que estavam separadas há menos de três anos e 33 separadas há mais de três anos, 31 que estavam recasadas há menos de três anos e 30 recasadas há mais de três anos), cujos filhos passavam pela transição para o primeiro ano do ensino fundamental em cinco escolas públicas municipais. As 22 professoras das crianças participaram como informantes. Os dados foram coletados com as mães individualmente nas suas residências ou locais de trabalho; responderam a um questionário sobre caracterização familiar, a um inventário de práticas parentais, a um inventário de habilidades sociais e de problemas de comportamento, a um inventário de recursos do ambiente familiar e a um questionário sobre o nível socioeconômico. Em seguida, foram coletados os dados com as professoras das crianças cujas mães atenderam aos critérios de inclusão. As professoras responderam a um inventário de habilidades sociais, de problemas de comportamento e de competência acadêmica. Os resultados das análises de variância indicaram que, comparadas às demais famílias, as mães de famílias nucleares apresentaram mais práticas parentais positivas, mais recursos do ambiente familiar e seus filhos apresentaram mais habilidades sociais de autocontrole e cooperação com pares e menos problemas de comportamento. Já as famílias monoparentais em transição recente em relação às outras, apresentaram menos recursos do ambiente familiar e as crianças pertencentes a essas famílias apresentaram menos habilidades sociais e mais problemas de comportamento. As análises de regressão indicaram que as práticas parentais negativas e a qualidade da relação da criança com o pai biológico foram as variáveis que tiveram maior poder preditivo sobre as habilidades sociais, os problemas de comportamento e a competência acadêmica das crianças, nos ambientes familiar e escolar. Para as avaliações das mães, essas variáveis contribuíram para explicar de 48% a 61% da variância dos comportamentos e da competência acadêmica das crianças no modelo final de predição, enquanto que para as avaliações das professoras, os valores ficaram entre 9% e 17%. Destaca-se que, para as mães e para as professoras, as crianças, independentemente de terem passado por transições familiares, apresentaram muitas habilidades sociais e não se diferenciaram quanto à competência acadêmica. Tais resultados sinalizam recursos individuais que podem funcionar como fatores de proteção. / The theory on separation and remarriage indicates that such events are sources of stress for the whole family, especially when children are undergoing ecological transition such as entering the first year, when new skills are required of both children and parents for dealing with the demands of the new context. Taking into account the Bioecological Model of Human Development, the study aimed: a) to compare the parental practices of mothers in nuclear, single-parent, remarried families in recent transition and single-parent and remarried stable families, b) to compare the social skills, behavior problems and academic competence of children from different families, c) to compare the home environment resources of different family configurations which may contribute to the academic performance of the children, d) to investigate possible predictors of social skills and behavior, academic competence problems. The participants were 160 mothers (33 mothers were from nuclear families, 33 from single-parent families separated for less than three years, 33 from single-parent families separated for more than three years, 31 from remarried families for less than three years and 30 from remarried for more than three years) whose children attended the first year of elementary public school. The 22 teachers of the children participated as informants. Data were collected through individual interviews with the mothers in their homes or workplaces. Mothers answered a questionnaire about family characteristics, an inventory of parental practices, an inventory of social skills and behavior problems, an inventory of home environment resources and a questionnaire of socioeconomic status. Then the data were collected with the teachers of children whose mothers met the inclusion criteria. The teachers answered to an inventory of social skills, behavior problems and academic competence. The results of variances analysis indicated that mothers from nuclear families had more positive parental practices, and they had more home environment resources. The analysis also indicated that children from nuclear families had more social skills of self-control and cooperation with peers and had less behavior problems than children and mothers from other families. Mothers from families which recently become single-parent had less home environment resources. The children from these families also had less social skills and had more behavior problems than children and mothers from other families. Regression analysis indicated that negative parental practices and the quality of the relationship between child and biological father were the variables with more predictive power about social skills, behavior problems and academic competence of children in family and in school environment. According to the mothers, these variables contributed to explain 48% to 61% of the variance in behavior and academic competence of children in the final model prediction. To the teachers ratings, the values were between 9% and 17%. Globally, the study highlights the importance of the fact that, for mothers and teachers, children from different families had many social skills and dont differ in terms of academic competence. These results indicate that individual resources should function as protective factors.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-06052011-141926 |
Date | 05 May 2011 |
Creators | Leme, Vanessa Barbosa Romera |
Contributors | Marturano, Edna Maria |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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