As indagações que orientam este trabalho tiveram início quando, observando o universo da Educação Infantil na Rede Municipal de São Paulo, não encontrei documentos suficientes que atestassem a presença das mulheres negras neste nível de ensino. A partir de uma investigação de campo em todas as trinta escolas municipais de Educação Infantil, em uma das treze diretorias de Educação da cidade, localizada em região considerada periférica, tive contato com estas mulheres, que se declararam negras, classificadas racialmente através de questionários enviados às mesmas. Realizei entrevistas com oito delas, colhendo material para o registro de suas histórias de vida e trajetórias profissionais. Apresento as experiências sensíveis das mulheres negras entrevistadas, suas relações com o trabalho pedagógico, bem como suas percepções sobre o racismo, o sexismo e o conhecimento. A partir de suas falas, a compreensão compartilhada ao final desta pesquisa, afirma a importância do magistério para as mulheres negras na atualidade, este sendo mais um lugar possível de atuação para as mesmas, naturalmente vinculadas a trabalhos vistos como inferiores na escala de prestigio social, a saber, empregadas domésticas ou lavadeiras. Esta pesquisa assinala a importância de, apesar de o racismo colaborar para o confinamento de mulheres negras em posições consideradas como subalternas em nossa sociedade, tornar-se professora de crianças pequenas, guarda outros significados, possíveis de serem entendidos somente quando mulheres negras falam sobre suas próprias vidas. Este trabalho ousa reivindicar o poder ainda presente nesta profissão, para a população negra de baixa renda, sendo este um modo possível de dar sentido à vida destas mulheres que, a despeito da falta de oportunidades, seguem sobrevivendo e negociando como podem sua existência. / The questions that oriente this work first started when, observing the universe of Childhood Education in the Municipality of São Paulo, I did not find sufficient documents that attested the presence of black women at that level of education. From a field research in all thirty municipal schools of Childhood Education, in one of the thirteen directories of Education of the city, located in an area considered in the periphery, there was a contact with these women who declared themselves black, racially classified through questionnaires that had been sent to them. I realised interviews with eight of them, collecting material for the record of their life stories and professional trajectories. I introduce the sensible experiences of the black women interviewed and their relations to pedagogical work, as well as their perceptions about racism, sexism, and knowlegde. From their words, the shared understanding at the end of this research states the real importance of professorship, this being an additional possible area of performance for them, \'naturally\' linked to jobs seen as inferior in the scale of social prestige, namely, domestic or cleaning employment. This research notes the importance of, despite the knowledge of how much racism contributed to the confinment of black women in positions considered as subordinate in our society, becoming a teacher for young children keeps other possible meanings to be understood only when black women talk about their own lives. This work dares revindicating the power still present in this profession, for a black population of low income, which is a possible way to give sense to the life of these women who, regardless of the lack of opportunities, follow surviving and negociating life how the can.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-04072012-125319 |
Date | 18 April 2012 |
Creators | Nunes, Míghian Danae Ferreira |
Contributors | Sousa, Cynthia Pereira de |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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