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Presenças de Freud na construção do pensamento de Bion na década de 50 / Freuds presence in Bions thought constructs in the 1950s

Imerso na tradição de pensamento de Melanie Klein, o psicanalista Wilfred Bion inicia a construção de um pensamento clínico e teórico original sobre a psicose e sobre o funcionamento mental primitivo na década de 1950, por meio de recorrentes menções à obra de Freud. Citações e referências ao autor são feitas por Bion em diferentes textos com diferentes propósitos. Em acréscimo, a tradição de pensamento de Freud está incorporada nas observações clínicas e nos desenvolvimentos conceituais de Bion, de modo que pode ser reconhecida pelo leitor não apenas por meio das remissões explícitas a Freud. Acompanhamos a construção do pensamento de Bion nos anos 50, período que precede à formulação de sua Teoria do Pensar, apresentada nos anos 60, e no momento em que ele estava em vias de realizar a sua decolagem pessoal na psicanálise, conforme expressão de Bléandonu (1993). A partir desse acompanhamento, procuramos ressaltar o que nomeamos de presenças de Freud, e trazer a um primeiro plano de análise os conceitos, noções e ideias deste autor que estão entranhados em seus textos de maneira mais ou menos evidente. Por meio de citações, mas também de alusões, ecos, remissões, associações e aproximações a Freud, que estão apenas sugeridas ou que se dão de maneira silenciosa, apresentamos o trabalho clínico e teórico de Bion, tendo em vista os seus objetivos, as dificuldades que parece ter encontrado e a forma com que, na época, procurou enfrentá-las. Também contextualizamos histórica e teoricamente as concepções dos autores em relação à psicose e às origens do psiquismo de um modo mais sistemático. O estudo das ligações intertextuais entre os autores evidencia a importância e os limites do pensamento de Freud para Bion; mostra que este autor dialoga pontualmente com diferentes trabalhos de Freud e não com a totalidade de suas concepções; indica que Bion está mais interessado em formular e em descrever suas experiências clínicas do que em promover debates conceituais e terminológicos com a teoria freudiana. Nesse sentido, Freud é uma fonte para o pensamento clínico, mais do que fonte para a discussão conceitual. / Immersed in the tradition of Melanie Kleins thinking, the psychoanalyst Wilfred Bion started to construct original theoretical and clinical thinking on psychosis and primitive mental functioning in the 1950s, through recurrent mention of Freuds works. Bion cited and made reference to Freud in different texts with different purposes. Furthermore, the tradition of Freuds thinking was incorporated in Bions clinical observations and conceptual developments such that readers can recognize this not just through the explicit references to Freud. In the present study, we started by tracing the construction of Bions thinking in the 1950s. This period preceded the formulation of his Theory of Thinking, which was presented in the 1960s, at a time when he on the way to achieving his personal liftoff in psychoanalysis, in the words of Bléandonu (1993). We sought to emphasize what we named Freuds presence, and to bring to the analytical foreground Freuds concepts, notions and ideas that permeate Bions texts with varying degrees of apparentness. Through not only citations but also allusions, echoes, remissions, associations and approaches relating to Freud that are only suggested or that are made silently, we present Bions theoretical and clinical work. We have borne in mind his aims, the difficulties that he seems to have encountered and the ways in which, at that time, he sought to deal with them. We have also put Freuds and Bions concepts relating to psychosis and the origins of the psyche into a more systematic theoretical and historical context. Studying the links between Freuds and Bions texts shows the importance and the limits of Freuds thinking for Bion. It shows that Bion had a point-by-point dialog with different works by Freud and not with the entirety of Freuds concepts. It indicates that Bion was more interested in formulating and describing his clinical experiences than in promoting conceptual and terminological debates on Freuds theory. In this respect, Freud is a source for clinical thinking, rather than a source for conceptual discussion.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-08122009-152220
Date29 May 2009
CreatorsSalvitti, Adriana
ContributorsFigueiredo, Luiz Claudio Mendonca
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
TypeTese de Doutorado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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