O objetivo deste trabalho é analisar a aquisição do processo fonológico de vozeamento em português brasileiro. Para isso, foram analisados tanto dados naturalísticos de uma criança acompanhada longitudinalmente de 1;4 anos até 4;0 anos, quanto dados experimentais/latitudinais de 46 crianças de 2;0 anos até 4;1 anos. Foi investigada a aquisição de /s,z/ na posição de onset (estudo naturalístico) e também a aquisição de [s,z] nas posições de coda medial e final em ambos os estudos. Verificamos que o período de aquisição dos segmentos na coda foram tardios, se comparados com os períodos encontrados na literatura (Mezzomo, 2003). Por isso, analisamos, também, a aquisição desses segmentos de acordo com o contexto seguinte: pausa, surdo e sonoro. Observamos que o contexto sonoro foi o mais difícil para as crianças, já que a aquisição ocorreu por volta de 4;0 anos. Além disso, analisamos as estratégias utilizadas pelas crianças durante o processo de aquisição e encontramos um padrão relacionado à produção inicial do segmento [s] mesmo em contextos em que a produção deveria ser sonora. Foi feita uma comparação dos resultados obtidos no contexto sonoro dos dois estudos (naturalístico e experimental) com o trabalho de Newton & Wells (2002) que analisa os processos de assimilação, elisão e liaision e constatamos, a partir da análise das ocorrências de vozeamento correto, pausa e outras realizações que o processo de vozeamento não surge assim que a criança começa a produzir sentenças com duas palavras e não está adquirido até os 4;0 anos (última faixa etária analisada). A partir desses resultados, concluímos que o processo de vozeamento é uma regra fonológica a ser adquirida e não um fenômeno apenas fonético (como mostraram os autores). Dado que o processo de vozeamento é uma regra fonológica, concluímos que a análise lingüística, feita a respeito do processo de vozeamento na fala do adulto, está correta ao assumir que a forma subjacente para a regra de vozeamento é o [s], pois também nos dados infantis percebemos uma tendência das crianças em produzir fricativas surdas e evitar a produção de fricativas sonoras. / This research aimed at analyzing the acquisition of the phonological process of voicing in Brazilian Portuguese. To do so, naturalistic data, longitudinally collected from a child since she was 1;4 until she became 4;0, as well as experimental data, latitudinally collected from 46 children from the age 2;0 to the age 4;1, were analyzed. In addition, the acquisition of /s z/ in onset position and in medial and final coda position were investigated in both studies. We observed that the period of segment acquisition was later in comparison to the ones mentioned in the literature ( Mezzomo, 2003). Therefore we also analyzed the acquisition of /s z/, taking into account the following context, that is to say, what there is after them: a pause, a voiceless or a voiced segment. We noticed that the most difficult context for children was the one that contained a voiced segment, since the acquisition of /z/ in coda position occurred only at the age of 4;0. Besides, we analyzed the strategies used by children during the acquisition period of the voicing process and, as a result, we found a pattern in relation to the initial productions: children start producing [s] even when [z] is expected to be produced. We also compared the results that we obtained through the investigation of voiced contexts in both the naturalistic and the experimental studies to Newton and Wells (2002)\'s work, in which the processes of assimilation, elision and liaision are analyzed. Differently from their results, our research showed that the voicing process does not occur as soon as children start producing sentences with two words, since it is not still acquired until the age of 4;0 (the last period analyzed). Based on these results, we concluded that the voicing process is a phonological rule that must be learnt by children and, consequently, it is not a mere phonetic phenomenon, as pointed by the authors. Also based on our results, we concluded that the linguistic analysis done for the adult speech is right when it assumes that [s] the underlying form to which the voicing rule is applied, since we noticed a tendency for children to produce the voiceless fricative [s] and avoid its voiced counterpart [z].
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-30072008-102703 |
Date | 26 March 2008 |
Creators | Cristiane Conceição Silva |
Contributors | Raquel Santana Santos, Plinio Almeida Barbosa, Elaine Bicudo Grolla |
Publisher | Universidade de São Paulo, Lingüística, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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