O presente trabalho, baseado em pesquisa etnográfica desenvolvida em uma instituição de controle social, a Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação CASA), debruça-se sobre o deslocamento do universo institucional ao longo do tempo, tendo como ponto de partida a criação da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), em pleno contexto de ditadura militar. Trata-se de etnografar o movimento ininterrupto da instituição, isto é, de vê-la a partir de uma perspectiva processual, atentando para as figurações sociais que emergem das relações estabelecidas entre os atores que circulam pelas distintas unidades de medida socioeducativa de internação. Tendo como base a reconstituição de três trajetórias, procura-se desvelar a dinâmica de funcionamento dos distintos espaços institucionais, iluminando as tensões que os caracterizam, bem como os incessantes embates travados entre os atores sociais que se movimentam em tal contexto. Se em um primeiro momento, nos defrontamos com os antigos espaços de internação, caracterizados, entre outros traços, pelas acentuadas disparidades de força entre os adolescentes e os funcionários, com o reordenamento do universo institucional, veremos que em algumas Unidades de Internação, conhecidas como cadeias dominadas, os internos tornam-se os principais responsáveis pela gestão da operação cotidiana de tais unidades. Espaços institucionais em que os adolescentes orientam as suas ações de acordo com os preceitos do Primeiro Comando da Capital (PCC), que, vale notar, também operam no sistema prisional, bem como nas periferias de São Paulo, o que torna evidente que tais territórios, ainda que hajam particularidades, encontram-se conectados, isto é, na mesma sintonia. / The present study is based on an etnographic research developed in a Social Control Institution known as Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação CASA). It focuses on the shift in the institutional universe over time, considering the building of the Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), amid the Military Dictatorship, its starting point. The ethnography aims to register the constant displacement in the institution, in other words, it looks at this movement from a process-like perspective, taking into account the social figurations that emerge from the relationship established among the social actors who roam through the social and educational measures at the Juvenile Detention Units. Based on the reconstitution of three trajectories, it seeks to reveal the dynamic and functioning of these distinct institutional spaces, bringing into the light the tensions which characterize them, as well as the unceasing disputes among the social actors who move in such context. If, at first, we are faced with the same old detention places characterized, among other features, by the wide contrast of power between teenagers and staff, leading to a rearrangement in the institutional universe, we also perceive that in some of those Juvenile Detention Units, known as cadeias dominadas, the inmates have become primarily responsible for managing the Units everyday operation. Institutional places where these teenagers guide their actions according to the rules of PCC (Primeiro Comando da Capital), which also operates in the jail system, as well as in the outskirts of São Paulo. This shows that those areas, although different and with their own specificities, are connected. In other words, they are on the same wavelength.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-15062012-153941 |
Date | 05 March 2012 |
Creators | Moreira, Fábio Mallart |
Contributors | Hikiji, Rose Satiko Gitirana |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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