Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Esta tese busca compreender o que os rituais funerários contemporâneos revelam sobre as maneiras com as quais as pessoas têm lidado com a morte e o morrer na atualidade. Desse eixo central se ramificam reflexões sobre a relação dos homens com o tempo, com o envelhecimento e com a finitude. Evidenciando que os modos atuais de lidar com a morte e o morrer envolvem flagrantes processos de mercantilização, patologização, medicalização e espetacularização. O crescente uso de serviços funerários de tanatoestética apontam não somente técnicas de maquiagem dos mortos, mas também estratégias de maquiagem da morte. O investimento financeiro, antes direcionado às preocupações transcendentes com o futuro da alma do morto, se reverte em intervenções físicas no corpo morto, de maneira que ele não emita sinal algum da morte que o tomou e proteja os sobreviventes do contato com a finitude. Essa dissimulação é sinalizada pela redução progressiva do espaço que a sociedade contemporânea tem destinado ao luto e ao sofrimento, categorias com cada vez mais frequência equiparadas a condições patológicas. Utilizando metodologia qualitativa, com pesquisa de campo realizada tanto no Brasil como em Portugal, durante período de doutorado sanduíche no exterior, observou-se um acentuado estreitamento entre as realidades morte e consumo. Indicando uma transposição da lógica comercial de mercado às práticas funerárias tradicionais. Assim, funções simbólicas dos rituais fúnebres vem sendo modificadas e regidas pela lógica do consumo, apresentado na atualidade como alternativa unidimensional para a imperativa vivência initerrupta do prazer e da felicidade. Constatou-se que - apesar da crescente popularização de discussões sobre o tema morte no meio acadêmico, na área da saúde e na mídia - não há aceno de ruptura no seu enquadramento como tabu. Apenas é permitido socialmente que ela ocupe locais determinados: o lugar de espetáculo, de produto, da técnica, da banalização ou mesmo do humor publicitário. As observações e as reflexões realizadas em todo o processo de construção desta tese nos inclinam a considerar que continua vedado o aprofundamento de questões ligadas à expressão de sentimentos de dor e de pesar diante das perdas. Assim como se acentuam os processos de patologização do luto e de distanciamento das demandas existênciais promovidas pela consciência da própria finitude e da passagem do tempo; do tempo de vida de cada um / This thesis aims to understand what the contemporary funeral rituals reveal about the ways used by people to deal with death and dying nowadays. From that central concept, new reflections ramify about the relation-ship between men and time, related to growing old and being finite. Its made evident that the modern ways of dealing with death and dying involve flagrant marketing, pathological, medical and speculative processes. The fast growing presence of tanatoaesthetics in funerary services points out not only some make-up techniques of the dead, but also the existence of make-up strategies of death. The financial investment, directed in the past to transcendental worries such as the future of the deceaseds soul, is reverted into physical interventions in the deceaseds body, so it wont show any signal of the death that took it and, in that way, protect the living from the contact with the finite. That conceal is marked by the progressive reduction of the space that our modern society assign to the mourning and the suffering, categories that each day are more often compared to pathologies. Using a qualitative methodology ̶ sustained by a field study developed both in Brazil and Portugal during a doctorate exchange period ̶, we observed an emphasized narrowing between the realities of death and consumerism. It indicated a transposition of the market commercial logic to the traditional funerary practices. Therefore, the symbolic functions of funerary rituals have been modified and regulated by the consumerism logic, present nowadays as a one-dimensional alternative to the imperative experience of the never-ending placer and happiness. We have confirmed that ̶ although the growing popularization of arguments about death as a topic in the Academic, health and media environment ̶ there isnt a breaking point from its definition as a taboo. Society only allows it to occupy specific places such as: a show, a product, a technic, a triviality and even a humorous topic in publicity. The observations and reflections developed while writing this thesis incline us to consider the existence of a banned deepening in subjects connected to expressing feelings of pain and sadness when facing the loses. Also, the process of considering as pathologic the mourning as well as the distance from the existential demands promoted by the consciousness of the finite and the passing of time; each of us lifetime
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:5113 |
Date | 28 March 2014 |
Creators | Lana Veras |
Contributors | Jorge Coelho Soares, Maria de Fátima Viera Severiano, Rachel Aisengart Menezes, Ariane Patrícia Ewald, Luiz Felipe Baêta Neves Flores |
Publisher | Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, UERJ, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0026 seconds