[pt] O presente estudo aborda o pensamento de Winnicott,
buscando nele
uma outra concepção da relação indivíduo/ sociedade
distinta daquela que
predomina hoje em nosso cenário social. A sua idéia de uma
vitalidade espontânea
e das condições necessárias para sua plena expressão
contrasta com os
dispositivos do biopoder descritos por Foucault que se
apropriam da vida de modo
a maximizar sua utilidade econômica. Ao mesmo tempo, a sua
suposição de uma
subjetividade que só pode emergir e diferenciar-se a partir
da consistência do
ambiente contrasta com a experiência de desamparo e
vulnerabilidade descrita
por Castel como característica do homem contemporâneo. Além
disso, a noção
winnicottiana de uma capacidade de preocupação com o outro
que não depende
de coerções e controles, mas de um ambiente cuidadoso
internalizado, muito se
aproxima das últimas análises de Foucault que tratam do
cuidado de si antigo. Em
tais análises, a ética greco-romana é entendida como
expressão de liberdade,
sendo retomada no presente sob a forma da amizade. Tanto
Winnicott quanto
Foucault sustentam a idéia de uma abertura potencial do
indivíduo para o outro,
mas é o primeiro autor quem, reconhecendo claramente as
necessidades e
tendências naturais da vida criativa, sem fechá-la em
padrões normativos, nos
permite criticar, por outro lado, o novo ideal de um
sujeito totalmente aberto às
demandas externas. / [en] The current study deals with Winnicott`s thought, searching
in it another
conception of the individual/society relationship,
different from the one that
prevails today in the social scenario. His idea of a
spontaneous vitality, and the
necessary conditions for its full expression, opposes the
biopower mechanisms
described by Foucault that take life in a way to maximize
its economic use. At the
same time, his assumption of a subjectivity that can only
emerge and differentiate
itself supported by a consistent environment opposes the
helplessness and
vulnerability experience described by Castel as
characteristic of the
contemporaneous man. Besides that, Winnicott´s notion of a
capacity of concern
with the other that does not depend on coercion and
controls, but on an
internalized careful environment, seems very close to
Foucault latest analysis that
deals with the concern of self in antiquity. In such
analysis, the Greek-Roman
ethics is understood as the expression of freedom, being
recovered to the present
in the form of friendship. Both Winninicott and Foucault
support an idea of a
potential openess of the individual to the other, but the
former is the one who,
clearly recognizing the needs and natural trends of
creative life, without closing it
in normative standards, allows us to criticize the new
ideal of a subject completely
open to the external demands.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:11500 |
Date | 01 April 2008 |
Creators | BEATRIZ GANG MIZRAHI |
Contributors | CLAUDIA AMORIM GARCIA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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