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Previous issue date: 2011-03-30 / O estudo relata e analisa uma pesquisa-intervenção que realizei em uma unidade de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, onde atuo como apoiadora distrital. O empírico da tese começou em dezembro de 2008, com um pedido para que eu, como apoiadora, trabalhasse a “comunicação” na equipe. A intervenção, visando a atender tal demanda, cumpriu duas etapas principais. Na primeira, foram realizadas quatro “oficinas de comunicação”, envolvendo 69 funcionários da unidade. A partir das oficinas, foram mantidos encontros com os trabalhadores, escolhidos pelos grupos como facilitadores da comunicação, para trabalhar sobre o material produzido e viabilizar as propostas de solução por eles apresentadas. O trabalho transcorreu durante os seis meses seguintes, tendo como momentos fortes as reuniões gerais mensais para as quais todos os funcionários eram convidados, com suas agendas liberadas e a unidade trabalhando com um plantão de atendimento para os usuários que lá aparecerem. Foi um período de intensa conversão entre os trabalhadores e busca de reconstrução de relações e modos de se produzir o cuidado. A segunda etapa constituiu-se de “oficina de humanização”, preparada a partir de entrevistas com os trabalhadores e a gestora da unidade de saúde, sobre seu entendimento a respeito da humanização e de sua avaliação sobre o cuidado oferecido pela unidade de saúde. O desafio metodológico foi transitar da função institucional que exerço a partir de marcado lugar de poder, autoridade e de “exterioridade” em relação à equipe de trabalhadores, para uma inserção mais íntima e “interna” às suas relações micropolíticas, tentando produzir, com eles, reflexões e ações voltadas para a humanização das relações que regem seu cotidiano e, ao mesmo tempo, das relações que estabelecem com os usuários na produção do cuidado. Uma pesquisa implicada, portanto, porque tive que lidar, o tempo todo, com a tensa relação entre minha localização na hierarquia das relações de autoridade formal da organização - e a racionalidade, interesses e tempo que lhe são próprios -, com a dinâmica e modo de funcionamentos da equipe. O estudo apresenta e problematiza o nada simples movimento de interiorização/exteriorização em relação ao campo micropolítico quefoi sendo investigado, modificado e produzido, em intenso compartilhamento com os trabalhadores. Na tradição inaugurada pela pesquisa-ação e consolidada no campo da sociologia reflexiva, em particular nos escritos de Alberto Melucci, tive a preocupação de ir produzindo, o tempo todo, um diálogo teórico com autores que, de modo mais ou menos direto, contribuíssem para ir clareando os caminhos abertos pela investigação, em particular o conhecimento que ia sendo apropriado em ato pelos atores organizacionais, modificando suas relações e os modos de se produzir o cuidado. Uma intervenção que produzisse, ao mesmo tempo, o “objeto” e a teoria para pensar o “objeto” que estava sendo produzido. A tese foi a configuração da construção de um mapa. O mapa é composto por meridianos e paralelos que se cruzam o tempo todo e vão reconstruindo o caminho das minhas intervenções, sempre em diálogo com autores que contribuíam para uma melhor compreensão dos problemas práticos que ia enfrentando. Os meridianos produzem a “verticalidade” do mapa, delimitando “campos de observação e/ou reflexão”, recortes-referência, sempre atravessados pelos paralelos que vão produzindo a sua “horizontalidade”. Os meridianos surgem com a intervenção, são produzidos nela, sendo irregulares no seu tamanho e configuração. Três são os meridianos que compõem o mapa: 1- minha construção como sujeito epistêmico: apoiadora pesquisadora; 2- o CS da intervenção: cenário de sofrimento e conflitos; 3- a intervenção. Os três meridianos são atravessados por cinco paralelos: reflexões metodológicas; reflexões teóricas sobre o problema da pesquisa; reflexões sobre o cuidado; reflexões sobre a gestão e reflexões sobre o contexto. Os paralelos, apesar de preservarem sempre o mesmo enunciado nos três meridianos, modificam-se na especificidade de cada um deles. Estive sempre atenta às linhas de fuga produzidas no cruzamento dos paralelos com os meridianos, buscando nelas indicações sobre outros modos de pensar e fazer o que eu não experimentara antes. / This study describes and analyses an intervention-research that I conducted in one of the Health Centers of the Municipal Health Secretariat of Campinas, Brazil, where I work as a district supporter. The empirical phase of the thesis began in December 2008 after I was asked to work on the “communication” in the team. The intervention took two main steps, aiming at reaching that goal. First there were four “communication workshops”, which involved 69 employees of the unit. After the workshops meetings were held with the employees chosen as communication facilitators by the groups to work on the material produced and to manage the proposals for solving the problems that were presented. The work went on for the following six months and the highlights were the monthly general meetings. All the employees were invited for the meetings, their agendas were cleared and the unit had a group on duty just in case a patient might need it. That was a period when the workers proved intensive changes while searching for the reconstruction of relationships and ways of care. The second step consisted of “humanization workshops” based on interviews with the workers and the manager at the Health Center about the humanization and their evaluation about the care offered at the Heath Center. The methodological challenge was to move from my institutional role of power, authority and “externality” regarding the team of workers to a closer and inner insertion of micro political relationships, trying with them to bring up reflections and actions upon the humanization of their daily relationships and, at the same time, of their relationships with the patients as far as care is concerned. Therefore this was a participatory action-research, because during all the time I had to deal with the tense relationship between my position in the hierarchy of the formal authority of the organization and the rationality, interests and timing of the research itself as well as with the team.s dynamics and ways of working. The study presents and discusses the complex movement of internalization/externalization concerning the micro political field, which was investigated, modified and produced intensely together with the workers. Based on the tradition started by the action-research and consolidatedin the reflexive sociology, especially in Alberto Melucci.s writings, I was during all the time concerned with the production of a theoretical dialog with the authors that could in a more or less direct way contribute to clear the paths opened by investigation and especially by the knowledge gotten by the organizational actors who were modifying the relationships and approaches of providing care. I was concerned with an intervention that could provide at the same time the “object” and the theory to think over the “object” that was being produced. The thesis was the setting up of a map. The map consists of meridians and parallels that intersect all the time while rebuilding my interventions always keeping the dialog with the authors that contributed for a clearer understanding of the practical problems I faced. The meridians make the “verticality” of the map and define the “fields of observation and/or reflection”, as reference clippings. They are crossed by the parallels that make the “horizontality”. The meridians come up by means of the intervention in which they are produced and they are irregular regarding size and configuration. There are three meridians in the map: 1- my construction as epistemic subject: from being a supporter to being a researcher; 2- The Health Center of the intervention: a scenery of suffering and conflicts; 3- the intervention. The three meridians are crossed by five parallels: methodological reflections; theoretical reflections upon the problem of the research; reflections upon the care; reflections upon management and reflections upon the context. Though the parallels always preserve the same statement in the three meridians, they are different according to each respective specificity. I have always paid close attention to any vanishing line at each intersection of meridians and parallels in search for clues leading to other ways of thinking and doing which I had never experienced before. / TEDE / BV UNIFESP: Teses e dissertações
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unifesp.br:11600/9208 |
Date | 30 March 2011 |
Creators | Molina, Marcia Castagna [UNIFESP] |
Contributors | Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Cecilio, Luiz Carlos de Oliveira [UNIFESP] |
Publisher | Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | 201 p. |
Source | reponame:Repositório Institucional da UNIFESP, instname:Universidade Federal de São Paulo, instacron:UNIFESP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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