Neste trabalho foram estudados as inclusões fluidas associadas ao minério de ferro da
Formação Serra do Sapo, Supergrupo Espinhaço, Conceição do Mato Dentro, MG. No setor
foram diferenciadas três gerações de hematita, denominadas Hematita I, II e III. A Hematita I
(mais antiga), de textura granoblástica, apresenta evidências de processos de recristalização
parcial ou total, gerados durante um processo metamórfico, e não esta associada ao quartzo.
Sob radiação infravermelha mostrou um bom grau de transparência. A Hematita II, ou tabular,
apresenta morfologia micro lamelar precipitada no interstício associada aos cristais de
quartzo, porém sem formar veios. Não se comporta como transparente sob a luz
infravermelha. Por último, a Hematita III (mais nova, especularita) apresenta hábito especular
e está associada aos veios de quartzo que cortam as gerações anteriores. Isto fortalece a tese
de que essa geração teria crescido condicionada ao fluido do veio, precipitando-se por
diminuição da pressão de confinamento do fluido nas fraturas. Os veios de
quartzo/especularita envolvem ou estão associados a outros minerais (clorita, moscovita,
calcita e granadas) que não aparecem nos corpos de minério.
A microtermometria em inclusões fluidas (IF) indica, que o fluido que originou a
Hematita I (granular) pertencia ao sistema aquo-salino H2O-NaCl-FeCl2, com temperaturas
mínimas de 220-240C e com salinidade média de 17% p/p equiv. NaCl. Já a Hematita III
(especularita) foi formada por soluções pertencentes ao sistema aquo-salino
H2O-NaCl-KCl (provavelmente com MgCl2) a temperaturas entre 240-260C e salinidades de
10-12% p/p equiv. NaCl. Dados de LA-ICP-MS nos fluidos mostram, em termos de
elementos traços, maior concentração de K, Ca, Ba, Mg, Mn, Cu, Pb, Sr e As nas soluções da
Hematita I, quando comparados com os da especularita. Destaca-se que, esta última geração,
apresenta maiores teores de Li e Sb. O cruzamento do geotermômetro clorita (255C) com as
isócoras dos fluidos forneceu pressões de 0,56 Kbar e 0,26 Kbar para a formação das
hematitas granulares e especularíticas respectivamente. Isto sugere que o minério de ferro foi
originado entre 750m de profundidade (especularita) e 1500m (hematita granular).
Interessante destacar que, embora os testes de esmagamento mostrem uma clara liberação de
gases, sugerindo a presença de fases carbônicas nos fluidos dos veios de quartzo, não foi
constatada a presença desses compostos moleculares nas soluções primárias através da
espectroscopia Raman.
A diferença de salinidade e de cátions entre os fluidos da hematita granular e os de
quartzo-especularita indica a participação de diferentes fluidos durante essas fases específicas
da mineralização. Os fluidos participantes do minério de ferro da Serra do Sapo, CMD, são
diferentes de outros fluidos mineralizadores associados a depósitos de ferro do Quadrilátero
Ferrífero estudados até agora. Uma comparação com as soluções que geraram hematitas
granulares e especularitas da Mina Conceição evidenciam tendências de processos evolutivos
inversos (em termos de salinidades e temperaturas de homogeneização), embora haja
coincidências sobre a ausência de fases carbônicas na formação do minério ferrífero nas duas
áreas. / Fuid inclusions associated with the iron ore from Serra do Sapo Formation, Espinhaço
Supergroup, Conceição do Mato Dentro, in Minas Gerais, stak were studied. Three hematite
generations, named hematite I, II and III were found in these ores. The Hematite I (earliest),
with granoblastic texture shows. Partial or total recrystallization texture, was generated during
the metamorphic process forming the Hematite I which is the oldesr and not associated with
quartz. Under infrared radiation these hematite showed a good degree of transparency. The
Hematite II or tabular with micro lamellar morphology was precipitated in the interstitium
associated with quartz, but without forming veins and not being transparent under infrared
light and also not behaving as transparent under infrared light. Finally, the Hematite III (latest,
especularite) has a totally specular habit and is associated with quartz veins which cut the
earlier generations. This supports the argument that this hematite generation would have
grown subject to veins fluid, by the precipitation of fluid in fractures for decrease pressure
confinament. The quartz/specularite veins involve or are associated with other minerals
(chlorite, muscovite, calcite and garnet) that not appear in the ore bodies.
Fluid inclusions (FI) microtermometry indicates that the fluid that has originated the
Hematite I (granular) belonged to the aquo-salt system H2O-NaCl-FeCl2, with minimum
temperatures of 220-240C and average salinity of 17 wt% NaCl eq. However, the
Hematite III (specularite) was formed by solutions belonging to the aquo-salt H2O-NaCl-KCl
(probably with MgCl2) at temperatures between 240-260C and salinities of
10-12 wt% NaCl eq. NaCl. LA-ICP-MS data in fluids, in terms of trace elements, show higher
concentration of K, Ca, Ba, Mg, Mn, Cu, Pb, Sr and As in Hematite I solutions when
compared to the specularite. This last generation has higher contents of Li and Sb. The
geothermometry chlorite (255C) intersection with the fluid isochoric supplied pressure of
0.56 kbar and 0.26 kbar for the granular and specularitic hematite formation, respectively.
This suggests that iron ore was produced from a depth of 750m (specularite) and 1500m
(granular hematite). It is interesting to note that, although the crushing tests show an
incontestable gases release suggesting the presence of carbon phase in the quartz veins fluid,
these molecular compounds was not found in the primary solutions.
The difference in salinity and ions between granular hematite and quartz-specularite
fluids suggests the involvement of different fluids during specific mineralization stages. The
ore-forming fluids of Serra do Sapo iron formation, CMD, are different from other
mineralizing fluids associated with Iron Quadrangle deposits. The comparison with the Mine
Conceição solutions, that generate granular hematite and specularite, evidence contrary
evolutive trends (regarding salinity values and homogenization temperatures), although there
are coincidences on the carbon phases absence in the ore ferriferous formation in both areas.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:bdtd.cdtn.br:79 |
Date | 25 August 2009 |
Creators | Tatiana Aparecida Fernandes de Lima |
Contributors | Francisco Javier Rios, Carlos Alberto Rosiere, Kazuo Fuzikawa, Rosaline Cristina Figueiredo e Silva |
Publisher | CNEN - Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, Belo Horizonte, CTMI - Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, CDTN, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do CDTN, instname:Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, instacron:CDTN |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0025 seconds