A aquisição lexical é uma das primeiras manifestações observáveis no desenvolvimento normal da linguagem, e, portanto, alterações nesse processo constituem um marco inicial das Alterações no Desenvolvimento da Linguagem (AEDL). O objetivo principal deste trabalho foi investigar a aquisição lexical de crianças normais e aquelas com AEDL em três situações de apresentação de novas palavras, que reproduziam contextos freqüentemente usados na intervenção fonoaudiológica. Vinte e uma crianças com AEDL (GP) e 30 em desenvolvimento normal (GC), todas na faixa etária de três anos, foram randomicamente designadas a um dos subgrupos de exposição: G1 - brincadeira simbólica, G2 - jogo, G3 - interação baseada em livro de história. As mesmas cinco não-palavras foram apresentadas em quantidade controlada aos sujeitos de cada subgrupo, em três sessões de interação, na presença dos respectivos referentes, também desconhecidos. O desempenho dos sujeitos foi analisado considerando a situação natural de interação (Etapa I) e tarefas de nomeação, compreensão e reconhecimento das novas palavras em um pós-teste realizado a cada sessão (Etapa II). Para melhor discussão dos dados, a pesquisa foi dividida em três estudos. O Estudo 1 analisou o desempenho do GC no procedimento experimental, e mostrou algumas diferenças do GC3 em relação aos outros subgrupos de exposição nas medidas referentes à Etapa I, refletindo que a presença física dos referentes, a demanda atencional e o nível de maturidade simbólica necessários para a aquisição podem ter influenciado as respostas dos sujeitos desse subgrupo. Os sujeitos do GC, de maneira geral, apresentaram melhores habilidades de compreensão que de nomeação, e evoluíram ao longo das sessões em relação às variáveis que indicaram aquisição (produção espontânea na Etapa I; compreensão e nomeação na Etapa II). O Estudo 2 analisou o desempenho do GP no procedimento experimental, contrastando os resultados com os apresentados pelo GC, e mostrou que os processos envolvidos e a influência das variáveis analisadas foram os mesmos para os dois grupos. As diferenças entre eles foram quantitativas e qualitativas, sugerindo que as crianças com AEDL necessitam de maior quantidade de experiências e demoram mais tempo do que seus pares em desenvolvimento normal para adquirirem uma nova palavra. Tanto no GC quanto no GP, a imitação não-solicitada foi utilizada por alguns sujeitos como estratégia para a aquisição das palavras, mostrando correlação positiva com a ocorrência de produções espontâneas. O Estudo 3 correlacionou as habilidades demonstradas pelos sujeitos dos dois grupos em adquirir palavras e o domínio lexical medido em prova específica de vocabulário expressivo. A correlação positiva entre essas habilidades, nos dois grupos, e ainda com a quantidade de intervenção fonoaudiológica anterior recebida pelos sujeitos do GP sugeriram que a prática em adquirir palavras influenciou positivamente o desempenho na tarefa de aquisição dos novos itens lexicais. Considerados em conjunto, os resultados mostraram grande variabilidade de desempenho em ambos os grupos, indicando que a aquisição lexical é um processo individual e heterogêneo, e que as habilidades de cada criança com AEDL devem ser consideradas individualmente no processo terapêutico para que este seja o mais efetivo possível. / Lexical acquisition is one of the first observable manifestations of normal language development and, therefore, deficits in this process constitute an early indication of Language Impairment (LI). The aim of the present study was to investigate the lexical acquisition of children within normal language development and children with LI in three different word-learning situations, which reproduced contexts frequently used in language therapy. The subjects were 21 three-year-old children with LI (Research Group - RG) and 30 normally developing controls with the same chronological age (Control Group - CG), randomly designated to one of the exposure subgroups: G1 - symbolic play; G2 - game; G3 - interaction based on a storybook. The same five nonwords were presented to subjects of each subgroup (Phase I), along with their respective unknown referents, over three interaction sessions. The number of presentations was controlled. Subjects\' performances under natural interaction (Phase I) and during tasks of naming, comprehension and recognition of the novel words (Phase II) were analyzed. The research was divided into three studies. Study 1 analyzed the CG performance on the experimental procedure, and showed that CG3 had differed from the other subgroups regarding the measures used to access performance on Phase I. These differences suggested that the physical presence of the referents, the attentional demand and the symbolic abilities necessary to word learning may have influenced the performance of this subgroup. Study 2 analyzed the RG performance on the experimental procedure, comparing the results to those presented by CG children. The processes involved and the influences played by the analyzed variables were the same for both groups. Differences between groups, however, were both quantitative and qualitative, suggesting that children with LI require more experiences and take a longer time than their normally developing peers to learn a novel word. The CG presented better comprehension and naming abilities, and improved throughout the sessions, regarding the variables that indicated acquisition (spontaneous production in Phase I; comprehension and naming of the novel words in Phase II). In both CG and RG, unsolicited imitation was used by some subjects as a word-learning strategy, showing positive correlation with the occurrence of spontaneous production. Study 3 analyzed the correlations between subjects\' abilities in acquiring novel words and lexical knowledge, measured by an expressive vocabulary test. The correlation was positive within each group. In addition, there were also positive correlations among novel word acquisition, expressive vocabulary and the amount of prior language intervention received by RG subjects, which suggested that the practice in learning words positively influenced novel lexical items acquisition. Taken together, the results showed great variability among subjects regardless of their group, indicating that lexical acquisition is an individual and heterogeneous process, and that the abilities of children with LI must be considered individually during therapeutic process, making intervention as effective as possible.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-04072008-143225 |
Date | 07 April 2008 |
Creators | Juliana Perina Gandara |
Contributors | Debora Maria Befi Lopes, Claudia Regina Furquim de Andrade, Maria Claudia Cunha, Fernanda Dreux Miranda Fernandes, Suelly Cecilia Olivan Limongi |
Publisher | Universidade de São Paulo, Lingüística, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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