O crescimento do número de idosos no Brasil nos confronta com o desafio de olhar para o envelhecimento de forma diferente. No que concerne à Psicologia, tal exercício é essencial para (re)pensarmos a prática ampliando-a à população idosa. Tendo como hipótese a ocorrência de mudanças na imagem corporal e considerando o possível conflito mente-corpo no envelhecimento, o estudo teve como objetivo avaliar os efeitos de uma prática de meditação na autoimagem de idosos analisando conteúdo verbal e conteúdo gráfico; foi utilizado um roteiro de entrevista e o Procedimento de Desenho-Estória com Tema (Vaisberg, 1999); foi solicitado aos participantes que realizassem o desenho de uma pessoa idosa, que foi comparado com suas respostas sobre percepção do envelhecimento/velhice. Os dados foram analisados antes e depois da intervenção do curso de meditação. O referencial psicanalítico serviu como base para a análise dos dados, que considera a existência de aspectos inconscientes e a presença de mecanismos de defesa permeando o funcionamento psíquico. Os instrumentos permitiram visualizar diferenças entre os dados, com contradição no teor das respostas gráficas e verbais; os resultados mostraram essencialmente mudanças significativas referentes aos desenhos; o conteúdo verbal permaneceu praticamente o mesmo nos dois momentos; nas características gráficas houve expansão, notando-se ampliação da percepção de si e mudança de posicionamento/perspectiva num modo geral; dois desenhos apresentaram maior espontaneidade retratando o próprio sujeito de maneira mais natural, menos formal; uma resistência na execução da tarefa conforme solicitada também ocorreu, que foi associada a conflito com o envelhecimento; houve referência explícita dos sujeitos sobre a melhora percebida em seu cotidiano atribuindo-a à meditação. Tal prática pode ter contribuído para a expansão da autoimagem e da espontaneidade, porém outros fatores podem ter concorrido para esta mudança, como a frequência ao curso, a aquisição de novos contatos pessoais (pares), um novo conhecimento, ou mesmo o ato de sair de casa direcionando-se à uma atividade. Estes fatores influenciam a autoestima, a motivação e consequentemente, a autoimagem. O conflito mente-corpo não é exclusivo da população idosa, porém se torna mais proeminente nesta fase da vida. A dificuldade em lidar com o descompasso entre o ritmo do corpo que já não acompanha o ritmo mental foi a tônica vista nos sujeitos da pesquisa. O ato de meditar conciliado com a ideia de reservar um tempo para si, direcionado para o autocuidado, visando o equilíbrio, pode ser benéfico para ampliar a percepção de modo geral, em que os detalhes não importam, e sim o olhar para o todo. Para relativizar vivências, memórias, a percepção de outras gerações, para que sejam ponderados também os afetos: pensar o quanto se pode afetar/ser afetado por condições inerentes da vida: olhar para o que foi trilhado como escolha e para aquilo que não se pôde escolher, se aproximando de uma autoimagem serena na última fase da vida. Concluiu-se que a melhor saída na velhice é ter consciência do conflito mente-corpo e não lutar contra, mas aprender a viver com ele / The growth of elderly number in Brazil confronts us with the challenge of stare at the aging process in a different way. Related to Psychology, such exercise is essential in order to (re) think the practice extending it to the elderly. Given the hypothesis of the changes occurrence in self-image and considering the possible mind-body conflict in this phase of life, the study aimed to evaluate the effects of a meditation practice in self-image of elderly analyzing verbal and graphic content. An interview script and the Procedimento de Desenho-Estória com Tema (Vaisberg, 1999) were used; the participants were asked to draw an old person figure, which was compared with their answers about aging process/old age perception. The material was analyzed before and after the meditation course intervention. The psychoanalytical referential served as basis to interpret the data, which considers the existence of unconscious aspects and presence of defense mechanisms permeating the psychic functioning. The instruments allowed one to visualize differences between data, with contradiction in the graphic and verbal answers accent; the results showed significant changes mainly related to the drawings; the verbal content remained practically the same in both moments; in the graphic features there were expansion, being noticed the self-perception enlargement and change of positioning/perspective in general; two drawings presented more spontaneity picturing the own participant in a more natural way, with less formality; one resistance in the execution of task as solicited also occurred, which was associated to aging process conflict; there was explicit reference from the subjects about a perceived improve in their daily lives attributing it to the meditation. Such practice may have contributed to the self-image and the spontaneity expansion, although other factors may have concurred to this change, such as the attendance to the mediation classes, the acquirement of new personal contacts (pairs), to learn something new, or even the act of going out directed to an activity. These factors have influence on selfesteem, motivation and consequently, the self-image. The mind-body conflict isnt exclusive of elderly population, but it becomes more prominent at this phase of life. The difficulty in deal with the mismatch between the body rhythm which no longer follow the mind rhythm was the tonic seen in the research subjects. The act of meditate adjoined with the idea of reserving a time for oneself, towards self-care, aiming the balance, may be good to extend the overall perception, in which the details dont matter, but the look towards the whole picture, in order to relativize experiences, memories, other generations perception, also pondering the affects; to think how much one can affect/being affected by life inherent conditions: to look at what was trodden as choice and to what one could not choose, getting closer to a serene self - image in the last phase of life. It was concluded that the best alternative in old age is to be conscious of the mind-body conflict and not fight against it, but learn to live with it
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-17032015-150644 |
Date | 03 October 2014 |
Creators | Claudia Emi Regis |
Contributors | Eva Maria Migliavacca, Yolanda Maria Garcia, Audrey Setton Lopes de Souza |
Publisher | Universidade de São Paulo, Psicologia Clínica, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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