O aprendizado muitas vezes se encontra vinculado à idéia de que é necessário superar o estado de desconhecimento, de não-saber, para alcançar o saber enquanto instância almejada. No presente trabalho, estudamos o conceito de douta ignorância desenvolvido por Nicolau de Cusa por acreditar que ele encerra uma dimensão essencialmente pedagógica que se revela na importância que esse filósofo do século XV dá ao não-saber. Para ele, a busca pelo conhecimento está inteiramente alicerçada na ciência que o homem alcança de sua própria ignorância. É o saber de seu não-saber que permite que o ser humano construa, de forma progressiva, o conhecimento. A concepção de conhecimento à qual subjaz uma imagem dinâmica de ser humano como a que encontramos em Nicolau de Cusa retorna em pensadores contemporâneos. Bachelard, por exemplo, no século XX, reafirma a positividade dos erros, defendendo a sua importância na construção do saber científico e no processo de aprendizagem. Aquilo que, no discurso comum, era apontado apenas como intercorrência a ser evitada, passa a ser revalorizado, resgatando uma tradição que acreditamos ter em Nicolau de Cusa um expoente fundacional. Nosso trabalho busca apresentar uma abordagem positiva desses dois elementos constitutivos do aprender o não-saber e o erro , considerados parte de um processo que entra em movimento quando o professor permite que o aluno exercite o ato de formular perguntas: na formulação de uma pergunta está contido o potencial de ir além de um saber já adquirido, de superar dificuldades ou erros. A pergunta abre a perspectiva do conhecimento e aponta para o que ainda está por ser alcançado. Ela é, assim, um veículo para a continuidade do aprendizado. / Learning finds itself many times tied to the idea that it is necessary to surmount the state of ignorance, of unknowing, in order to achieve knowledge as a yearned instance. In the present work, we studied the concept of learned ignorance developed by Nicholas of Cusa due to our belief that it contains an essential pedagogic dimension which reveals itself in the importance this philosopher from the XV century confers to the unknown. According to him, the search for knowledge is entirely based on the science man acquires of his own ignorance. It is the knowledge of what is unknown that allows the human being to build knowledge progressively. The conception of knowledge to which underlies a dynamic image of the human being reassembles in contemporary thinkers. In the XX century, Bachelard, for instance, reaffirms the mistake positivity, defending its importance to the construction of scientific knowledge in the process of learning. What, in the common discourse, was cited merely as intercurrence starts to be revalued, recovering a tradition we believe has in Nicholas of Cusa a founding exponent. Our work aims to present a positive approach of these two learning constitutive elements the unknown and the mistake considered, in this tradition, part of a process that begins its movement when the teacher allows the student to practice the act of formulating questions: within the formulation of a question is contained the potential to go beyond an acquired knowledge, to surmount difficulties or mistakes. The question widens the perspective of knowledge and indicates what is yet to be achieved. It is, therefore, a means for the resumption of learning.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-08122009-142805 |
Date | 17 March 2009 |
Creators | Guendelman, Constanza Kaliks |
Contributors | Brolezzi, Antonio Carlos |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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