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A influência de atributos espaciais na interação entre grupos heterogêneos em ambientes residenciais

O processo de urbanização acelerada e a segmentação espacial no ambiente urbano no último século aponta para a heterogeneidade dos grupos sociais que coabitam a cidade e destaca os problemas como violência e segregação que surgem da relação entre os grupos. Não existem estudos conclusivos sobre as variáveis que afetam a interação social entre grupos heterogêneos em contato nos ambientem urbanos. Este estudo investiga os efeitos dos atributos espaciais na interação de grupos socioeconômicos distintos residentes em áreas urbanas comuns caracterizadas por transformações físicas ou sociais. Baseado na área de Ambiente-Comportamento, este estudo foi realizado em três áreas consolidadas da cidade de Porto Alegre, ocupadas por moradores de renda média e alta, nas quais houve inserção recente de moradores de baixa renda através de projetos de reurbanização e regularização fundiária. Foi avaliado o desempenho dessas áreas em relação aos diferentes níveis de interação social, a partir da satisfação dos moradores e da caracterização do perfil comportamental no uso dos lugares do bairro. Buscou-se o entendimento de quais atributos espaciais e composicionais mais afetam a interação social entre os moradores dos grupos distintos, seja no uso simultâneo dos espaços ou no desejo de não se relacionar com o outro grupo. Os procedimentos metodológicos adotados apoiaram-se em múltiplos métodos. A coleta de dados consistiu de duas etapas. Na Etapa 1 foram realizados levantamento físico das três áreas selecionadas (habitação social e entorno), aplicação de entrevistas e mapas mentais entre moradores dos dois grupos socioeconômicos e utilização de recursos de SIG. Na Etapa 2 os dados foram adquiridos a partir de questionários, observações comportamentais e levantamento fotográfico. A análise de dados utilizou estatística nãoparamétrica, recursos de SIG, análise sintática e análise de gráficos de visibilidade, possibilitando a complementaridade dos resultados obtidos, incrementando a compreensão e validade da investigação. Os dados evidenciam que a interação social entre os grupos socioeconomicamente distintos pode ser favorecida: (1) pela adequação da estrutura do ambiente construído, que aumenta as possibilidades de apropriação do espaço aberto e de acessibilidade das atividades, de modo simultâneo pelos grupos distintos; (2) pela maior semelhança entre as edificações da habitação social e do entorno, que podem favorecer o uso indistinto dos lugares do bairro e a maior identificação com a vizinhança; e (3) pela existência de equipamentos de comércio e serviços básicos, instituições de ensino, praças e espaços adequados para caminhar no bairro, que favorecem o uso comum dos lugares do bairro pelos dois grupos sociais e aumentam a intensidade de apropriação dos espaços abertos. A percepção de heterogeneidade entre os moradores favorece o sentimento de que existem grupos distintos no bairro e segregação no uso dos lugares; quanto maior a heterogeneidade, mais intenso tende a ser o controle territorial por parte dos moradores e menor o desejo de uso dos espaços abertos. A pesquisa realizada sustenta a importância dos atributos físico-espaciais para a compreensão do comportamento dos diferentes grupos que coabitam na cidade. Destaca-se que características dos espaços urbanos, especialmente resultantes das decisões projetuais aplicadas à habitação social, podem minimizar os efeitos da heterogeneidade entre os grupos distintos definidos em função das intervenções nas políticas públicas. Os resultados aqui obtidos ampliam o entendimento da interação social entre grupos socioeconomicamente distintos residentes em áreas urbanas comuns, podendo, assim contribuir para novas pesquisas sobre o tema e para intervenções urbanas mais adequadas às necessidades humanas. / Due to the accelerated urbanization process and spatial segmentation of the cities during the last century, there is great concern about violence and segregation that might result from an increasing heterogeneity of populations living in the same urban environment. Evidence about which variables might affect social interaction between different socioeconomic groups has not been presented so far. This research empirically addresses the effects of spatial attributes on social interaction of different socioeconomic groups in local neighborhoods, in a comparative study of three central urban areas in Porto Alegre. In these areas, characterized by high and medium income population, low-income groups were introduced through re-urbanization projects. In order to investigate the physical and composicional attributes related to the interactional process, the different levels of social interaction were evaluated by residents’ attitudes and spatial behavior in the local environment, regarding the simultaneous activities or the desire of separation between groups. The methodological procedures consisted of multiple methods used in the research area of Environment Behavior. The data collection was done in two steps. The first assessed the description of the physical aspects of the three selected areas, resident interviews and application of mental maps. The second step is organized into collection procedures (questionnaires, observations to produce behavioral maps, and photography) and analyses of the data (non-parametric statistic, use of GIS resources, syntactic analyses and graphic of visibility analyses). The multiple techniques enhanced the comprehension and the validity of the investigation. Results showed that social interaction between different socioeconomic populations are affected by: (1) adequacy of the physical structure of built environment, which increases appropriation of open spaces and to accessibility to the desired activities; (2) physic similarities of the buildings between social housing and the neighborhood context, allowing better use of local streets and the identification of the collective image (the group); and (3) the existence of facilities such as groceries and basic services, educational institutions, public places for leisure and well pavement conditions to walk, allowing common activities in the neighborhood and increasing appropriation of urban spaces. The perception heterogeneity between neighbors affects the feeling that there are different populations in the place and segregation in the use of the neighborhood: heterogeneity can stimulate territorial control and reduce the desire of using open spaces. This research shows evidence that physical attributes are relevant to understand the behavior of different populations living (in contact) in the cities. It demonstrates that project decisions related to regularization for social housing can be improved when concerned of certain physical aspects that help to reduce the effects of heterogeneity for social interaction. The findings improve the comprehension of social interaction between different socioeconomic groups living in the same neighborhood. It is expected that it can arouse interest to develop further studies on the subject, as well as motivate urban policies more congruent to human needs.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/12457
Date January 2007
CreatorsGambim, Paula Silva
ContributorsLay, Maria Cristina Dias
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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