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Consumo de bebida alcoólica e privação de sono : efeito isolado e combinado sobre as respostas cardiorrespiratórias, neuromusculares e hormonais em adultos saudáveis

O consumo de bebida alcóolica e a privação de sono são situações frequentemente vivenciadas pela população mundial, inclusive por atletas. Seus efeitos isolados sobre as respostas cardiorrespiratórias, neuromusculares e hormonais apresentam resultados divergentes na literatura, enquanto o efeito combinado destas situações sobre estes parâmetros carece de evidências na literatura. A presente Dissertação de Mestrado procurou investigar o efeito da ingestão de álcool e da privação de sono sobre o desempenho físico em adultos saudáveis. No Capítulo I, por meio de uma ampla revisão de literatura percebemos a existência de divergências sobre os efeitos isolados da ingestão de álcool e da privação de sono sobre o desempenho cardiorrespiratório, neuromuscular e hormonal decorrentes destas situações. No entanto, não existem evidências de estudos sobre os efeitos combinados do consumo de bebida alcoólica e da privação de sono sobre parâmetros de desempenho físico. Assim, os resultados conflitantes sobre as respostas isoladas destas duas situações e as lacunas observadas quanto ao efeito combinado das mesmas incentivaram a elaboração de dois estudos originais para verificar: (1) os efeitos isolados e combinados da ingestão de bebida alcoólica e da privação de sono sobre as respostas anabólicas (testosterona), catabólicas (cortisol), nível de catecolaminas (adrenalina), frequência cardíaca e taxa de percepção ao esforço durante exercício aeróbio submáximo (Capítulo II); e (2) as respostas destas mesmas situações sobre a função neuromuscular (força, resistência e ativação muscular) dos extensores de joelho (Capítulo III). Dez sujeitos do sexo masculino (23,50 ± 3,37 anos; 70,20 ± 9,16 Kg; 174 ± 5,13 cm; 14,96 ± 3.27%; 44,8 ± 2,49 ml.kg-1min-1), após familiarização e situação controle (CON), foram submetidos a quatro situações de forma randomizada: (1) ingestão de placebo com sono normal (PLA + SON); (2) ingestão de álcool com sono normal (ALC + SON); (3) ingestão de placebo com privação de sono (PLA + PSO); (4) ingestão de álcool com privação de sono (ALC + PSO). Os participantes ingeriram álcool (1g/kg) por meio de cerveja comercial, enquanto a ingestão de placebo foi realizada com cerveja sem álcool no mesmo volume da situação com álcool. Após a ingestão da bebida, os sujeitos foram submetidos às situações denominadas sono normal e privação de sono, com duração de oito horas. Na manhã seguinte a cada um dos protocolos acima descritos, foram realizadas avaliações de intoxicação subjetiva, alcoolemia (BrAC), temperatura corporal, estado de hidratação (gravidade específica da urina), sintomas de ressaca, concentrações plasmáticas de glicose (GLI), cortisol (COR), testosterona (TES) e adrenalina (ADR), picos de torque isométrico (PTiso) e concêntrico (PTcon), ativação muscular do quadríceps durante as avaliações isométricas (ΣEMGiso) e concêntricas (ΣEMGcon) e respostas de frequência cardíaca (FC) e taxa de percepção ao esforço (TPE) durante exercício aeróbio submáximo. Em nenhuma situação foi observada presença de álcool no momento da avaliação. Não foi observado efeito significativo das intervenções sobre a temperatura corporal, COR, TES, ADR, PTiso, PTcon (p = 0,078), ΣEMGiso, ΣEMGcon, FC e TPE (p > 0,05). Houve efeito significativo das intervenções sobre: (1) sintomas de ressaca, em que observamos diferença entre as situações PLA + SON e ALC + PSO (p = 0,01) para o sintoma cansaço; (2) concentração plasmática de glicose, em que verificamos redução significativa na situação ALC + PSO comparado às situações CON (p = 0,01) e PLA + SON (p = 0,002); (3) estado de hidratação, em que observamos diferença significativa entre a situação CON e a situação PLA + SON (p = 0,01) e PLA + PSO (p = 0,008), apesar de que somente na situação CON os sujeitos estavam hipohidratados; (4) escala subjetiva de intoxicação (p = 0,01), porém diferenças entre elas não foram indicadas pelo teste post-hoc. Os resultados demonstram que a ingestão de álcool (1g/kg) e a privação de uma noite de sono, isoladas ou combinadas, não são capazes de promover mudanças significativas na função neuromuscular, nas respostas de cortisol, testosterona e adrenalina, bem como nas respostas de FC e TPE durante exercício aeróbio submáximo oito horas após a ingestão de álcool. No entanto, esta combinação apresenta redução na concentração plasmática de glicose e maior sensação de cansaço pela manhã em indivíduos saudáveis. Vale ressaltar que as características da amostra, bem como dose de álcool e tempo de privação de sono utilizado no presente estudo, tornam desaconselhável a transposição destes resultados para outros grupos ou contextos. / Alcohol intake and sleep deprivation are common situations in the world population, mainly in athletes. Isolated effects on cardiorrespiratory, neuromuscular and hormonal responses are confusing, while combined effects on these parameters remain unclear. This dissertation investigated the effects of alcohol intake and sleep deprivation on exercise performance. In the Chapter I, through an extensive review, isolated effects of alcohol intake and sleep deprivation showed a series of disagreement on cardiorespiratory, neuromuscular and hormonal responses. However, there is a lack of evidences about the combined effects of alcohol consumption and sleep deprivation on exercise performance. Thereby, the unclear results about the isolated effects of these two situations on exercise performance and the literature gaps regarding their combined effects encouraged the development of two clinical trials to verify: (1) combined and isolated effects of alcohol intake and sleep deprivation on anabolic (testosterone), catabolic (cortisol), level of catecholamine (epinephrine), heart rate and rate of perceived exertion during submaximal aerobic exercise (Chapter II); and (2) the effects of both situations on neuromuscular function (strength and activation) of knee extensor muscles (Chapter III). A single-blinded, randomized and crossover study was conducted. Ten male subjects (23.5 ± 3.37 years; body mass: 70.2 ± 9.16 Kg; height: 174 ± 5.13 cm; body fat: 14.96 ± 3.27%; VO2máx: 44.8 ± 2.49 ml.kg-1.min-1), after familiarization and a control situation, performed four visits to the lab: (1) alcohol intake + normal sleep (ALC + SLE); (2) placebo intake + normal sleep (PLA + SLE); (3) alcohol intake + sleep deprivation (ALC + SDP); (4) placebo intake + sleep deprivation (PLA + SDP). Subjects drank a standard dose of alcohol (1g/kg) through commercial beer intake, while placebo consumption was performed with the same volume of the alcohol consumption situation by commercial non-alcohol beer intake. After drink consumption, subjects performed the situations sleep normal and sleep deprivation, with a period of eight hours. In the next morning, after both situations, measures of subjective intoxication, breath alcohol concentration (BrAC), body temperature, hydration status (urine specific gravity), hangover symptoms, plasma concentrations of glucose, (GLU), cortisol (COR), testosterone (TES) and epinephrine (EPI), isometric peak torque (PTiso), concentric peak torque (PTcon) and knee extensor muscle activation during isometric evaluation (ΣEMGiso) and concentric evaluation (ΣEMGcon), heart rate (HR) and rate of perceived exertion (RPE) responses were performed during a submaximal aerobic protocol. BrAC was 0 mg/L in all situations. No effects were observed on body temperature; COR; TES; EPI; PTiso; PTcon; ΣEMGiso; ΣEMGcon; HR and RPE (p > 0.05). There was a significant effect on: (1) hangover symptoms, where a significant difference between PLA + SLE and ALC + SDP was observed (p = 0.01) in the fatigue symptom; (2) a significant reduction in the plasma glucose concentration during ALC + SDP compared to CON (p = 0.01) and PLA + SLE (p = 0.002); (3) hydration status, where a significant difference between CON and PLA + SLE (p = 0.015) and PLA + SDP (p = 0.008) was observed, although only in the CON situation the subjects were dehydrated; (4) subjective intoxication (p = 0.010), although the post-hoc test did not show differences. Results showed that alcohol intake (1g/kg) and one night of sleep deprivation, isolated and combined, did not change neuromuscular function, cortisol, testosterone, epinephrine responses, heart rate and rate of perceived exertion during submaximal aerobic exercise. However, alcohol intake + sleep deprivation decreased plasma glucose concentration and showed higher fatigue symptoms in the next morning in healthy subjects. Application of these results in other groups or situations is not advised due to sample and interventions characteristics.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/105093
Date January 2014
CreatorsRodrigues, Rodrigo
ContributorsVaz, Marco Aurelio, Baroni, Bruno Manfredini
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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